sábado, dezembro 29, 2007

cigarra

Que silêncio!
Na profundeza da pedra
ressoa o canto da cigarra.





P.S. Obrigada!

segunda-feira, dezembro 24, 2007

sexta-feira, dezembro 21, 2007

yule

passa-se da noite de 21 para 22 de Dezembro.

é o solstício de inverno que acontece às 6h08m de dia 22.

é o dia mais curto, a noite mais longa. chega o inverno. o sol renasce.

celebremos, então, a luz.





















http://en.wikipedia.org/wiki/Yule

http://www.geocities.com/Athens/9301/Yule.html

http://www.circulosagrado.com.br/cs/celebracoes/yule.php



P.S. Em Sintra deve passar-se melhor. ;-)

segunda-feira, dezembro 17, 2007

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Buda e a parábola da casa a arder


Gautama, o Buda, ensinava
A doutrina da roda da cobiça a que estamos amarrados, e recomendava
Que nos libertássemos de todos os apetites e assim
Sem desejos entrássemos no Nada a que ele chamava Nirvana.
Então os seus discípulos perguntaram-lhe um dia:
Como é esse Nada, Mestre? Todos nós gostaríamos
De nos libertar da cobiça, como tu recomendas; mas diz-nos
Se esse Nada em que então entraremos
Acaso é como a unidade com tudo o que é criado,
Como quando se está na água, o corpo leve, ao meio-dia,
Quase sem pensamentos, assim ocioso na água, ou quando caímos no sono,
Mal tendo consciência ainda, caindo rápido, de que ajeitamos
A manta, se esse Nada pois
É assim alegre, um bom Nada, ou se esse
Nada é simplesmente um Nada, vazio, frio, sem sentido.
Muito tempo ficou calado o Buda, depois disse negligente:
Não há resposta à vossa pergunta.
Mas à noitinha, quando eles se tinham ido,
Estava o Buda inda sentado sob a árvore-do-pão, contou aos outros,
Àqueles que não tinham perguntado, a seguinte parábola:
Outro dia vi uma casa. Estava a arder. O telhado
Era já lambido pelas chamas. Aproximei-me e notei
Que ainda havia gente lá dentro. Entrei na porta e gritei-lhes
Que havia fogo no telhado, incitando-os assim
A que saíssem depressa. Mas aquela gente
Não parecia ter pressa. Um perguntou-me,
Já o calor lhe chamuscava as sobrancelhas,
Como é que estava lá fora, se não estava a chover,
Se não correria vento, se havia outra casa,
E ainda mais coisas destas. Sem responder,
Saí outra vez. Estes, pensei eu,
Morrerão queimados, antes de acabarem de fazer perguntas. Na verdade, amigos,
Àquele a quem o chão não está quente o bastante
Pra trocar por qualquer outro em vez de continuar nele,
A esse nada tenho a dizer. Assim Gautama, o Buda.

Mas também nós, já não ocupados com a arte de sofrer,
Antes ocupados com a arte de não sofrer e apresentando
Muitas propostas de natureza terrena e ensinando aos homens
A libertar-se dos seus verdugos humanos, supomos
Que àqueles que, à vista das esquadrilhas de aviões de bombardeamento da capital, ainda perguntem
O que é que nós pensamos, que ideia é que fazemos,
E o que vai ser dos seus mealheiros e das calças domingueiras depois de uma revolução,
Não temos muito a dizer.



B. Brecht

sábado, dezembro 08, 2007

quinta-feira, dezembro 06, 2007

o que ele pensou mas não disse

"O Cantor:

Tantas palavras são ditas
tantas palavras ficam por dizer.
O soldado voltou. Donde voltou não diz.
O que ele pensou mas não disse
É o que vão ouvir:
A batalha começou de madrugada e ao meio dia
tornou-se feroz, sangrenta.
O primeiro tombou à minha frente,
O segundo atrás de mim e o terceiro
foi trespassado pelo capitão.
Dos meus irmãos um morreu pelo ferro,
o outro pelo fumo.
Espancavam-me as costas até soltarem chispas

As mãos gelavam-se-me nas luvas,
os pés nas meias.
Comi botões de álamo, bebi sopa de roble,
Dormi na água sobre as pedras."


B. Brecht, "O Círculo de giz caucasiano"

quarta-feira, dezembro 05, 2007

se regressares, eu estarei aqui

Grucha:

"Simão Chachava, esperarei por ti
Podes partir, soldado, tranquilo,
Para a batalha sangrenta,
A batalha cruel de onde nem todos voltam.
Se regressares, eu estarei aqui.
Esperarei por ti sob o ulmeiro verde,
Esperarei por ti sob o ulmeiro já despido,
Esperarei por ti até que volte o último,
E ainda depois do último voltar.
Se regressares, soldado, da batalha,
Não hás-de ver à porta um par de botas,
E a almofada ao meu lado continuará vazia,
E a minha boca ninguém terá beijado.
Se voltares, se para mim voltares,
Poderás dizer: tudo está como outrora!"



in "O círculo de giz caucasiano", B. Brecht

terça-feira, novembro 27, 2007

música maestro!

uma boa razão para apreciar música clássica:










Christoph Konig
novo maestro da orquestra nacional do porto, casa da música

;-)

quarta-feira, novembro 21, 2007

chegar

"Havemos de chegar a um qualquer lado. "

L.


P.S. nem que seja a marrocos!

domingo, novembro 18, 2007

vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quanto mais no céu eu vou sonhando,
E quanto mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...


Florbela Espanca

domingo, novembro 04, 2007

suspenso

Comecei dezenas de histórias
e não terminei nenhuma,
não sei para onde vão as minhas personagens
porque é que começam a falar
e logo se calam.
Sobre o papel acontece-me o mesmo que fora dele:
a minha vida é um punhado de inícios
suspensos.


Miriam Reyes, "bela adormecida"

terça-feira, outubro 23, 2007


"terrível é a tentação da bondade."





in "O círculo de giz caucasiano", B. Brecht

stereo sound

quarta-feira, outubro 17, 2007

segunda-feira, outubro 08, 2007

and now, for something completly different (4)

apetecia-me um grande amor
aquela menina levou o último
então uma bica e um pastel de nata, faxavor.

(abrir o pacote de açucar)
toda a gente sabe que os grandes amores causam indigestão,
(tlim, tlim, a colher na chávena)
da última vez engasguei-me e quase asfixiei
(com a boca cheia de pastel de nata)
com a porcaria do acúcar glacê que põem em cima
(o café a escaldar)
e depois aquele creme todo a escorrer
e o chocolate
e eu com chocolate, creme e açucar glacê na cara toda
e os outros"que grande amor!"
e eu a limpar-me com o guardanapo
com o grande amor a espalhar-se pelo corpo todo,
eu mergulhada no grande amor
no creme, no chocolate e no açucar glacê...

(um euro e vinte na caixa registadora)
amanhã venho mais cedo.

(a sair)
ainda deve haver um grande amor para mim.

pergunta

Como aplicar medidas disciplinares de forma não violenta, num grupo de crianças que comunica (verbal e corporalmente) com violência?
as que eu gosto!

quarta-feira, outubro 03, 2007

guerra



"Sun Tzu disse:
(...)

A guerra é baseada na astúcia. O exército tem de avançar quando se torna vantajoso e alterar a situação através da dispersão e da concentração de forças. Quando em campanha, ser rápido como o vento. Quando em marcha lenta, majestoso como a floresta. Quando na ofensiva, violento como o fogo. Quando imóvel, firme como a montanha. Quando oculto, indescernível como a sombra. Quando em movimento, certeiro como um raio."


Sun Tzu, A Arte da Guerra

terça-feira, setembro 25, 2007

domingo, setembro 23, 2007

sonhos

sonhei que fazia uma viagem de barco, uma espécie de cruzeiro, num rio largo e verde, com lindas paisagens; a dado momento o capitão informa-nos, a título de curiosidade, que vamos passar por uma zona perigosa, uma espécie de abismo, ou tempestade, e que "o barco pode virar", mas que não há problema nenhum, "está tudo controlado". lembro-me de ter tido medo, e como era um sonho, imaginei outro meio de transporte. disse eu a alguém, quase repreendendo, "então, porque é que não vamos de carro?"; mas ir de carro era bem pior. o carro corria desenfreado por uma estrada, ou melhor, por um caminho de terra e pedras; entramos num túnel escavado na montanha, mas estava fechado com pedras. perante este cenário, voltámos ao barco. o capitão continuava lá, com o seu sorriso "está tudo controlado", e os outros passageiros conversavam despreocupadamente, bebendo os seus whiskys e martinis, enquanto o barco se aproximava do abismo.

pois.
é muito fácil interpretar como me sinto ultimamente: numa viagem arriscada, sem terra firme debaixo dos pés, sem destino certo. talvez deva beber um whisky, enquanto a tormenta não chega...

quarta-feira, setembro 19, 2007

passional

apetecia-me escrever sobre isto, mas não sei como.

hoje dei aulas de expressão dramática a uma turma de 16 meninos e meninas de 7 anos;
45 minutos de jogos interrompidos para castigos, pedidos de desculpa, regras, regras, regras e muito pouca brincadeira, muito pouca escuta do outro;
45 minutos de pontapés, rasteiras, insultos, obscenidades.

a violência começa assim a instalar-se. não ouvimos, não vemos, não falamos. e a violência torna-se o veículo de comunicação que conhecemos, a violência torna-se o código. se não me ouvem, grito e esbracejo; se não olham para mim, empurro e insulto. se não me sei amado, agrido e atinjo todos à minha volta.

se deixamos de sentir e de estar com os outros, se não temos empatia por eles, é mais fácil eliminá-los; os "outros"são vistos como um "obstáculo" aos nossos desejos, um "objecto" que queremos possuir e transformar pela força.

e depois, um dia, crescemos; confundimos amor com posse. não percebemos nem aceitamos o abandono. ou não conseguimos deixar quem nos faz mal, porque estamos absolutamente sós.
e depois agredimos. deixamo-nos levar pelo desespero. tornamo-nos fanáticos. terroristas. enlouquecemos. matamos.

somos todos responsáveis.


http://www.asbeiras.pt/?area=destaque&numero=49193&ed=19092007

barcelona




queria hoje ser um pássaro e voar nos ceus de barcelona, voltar a hospedar-me em case de alba e neus, tomar café e falar de poesia, teatro, vídeo, violência com a myriam, falar português com o osvaldo, jogar e representar com yasmin, marc, mireia, susana, pera, veronica, ouvir de novo o angel falar dos seus projectos, encontrar na rua uma pessoa conhecida, ver as casas, as ruas, os monumentos, as pessoas da e na cidade, andar no metro, subir à sagrada familia, sonhar, e voar como um pássaro nos ceus de barcelona.

quinta-feira, setembro 13, 2007

esquadros

EU ANDO PELO MUNDO PRESTANDO ATENÇÃO
EM CORES QUE EU NÃO SEI O NOME
CORES DE ALMODÓVAR
CORES DE FRIDA KAHLO, CORES
PASSEIO PELO ESCURO
EU PRESTO ATENÇÃO NO QUE MEU IRMÃO OUVE
E COMO UMA SEGUNDA PELE, UM CALO, UMA CASCA,
UMA CÁPSULA PROTETORA
EU QUERO CHEGAR ANTES
PRA SINALIZAR O ESTAR DE CADA COISA
FILTRAR SEUS GRAUS
EU ANDO PELO MUNDO DIVERTINDO GENTE
CHORANDO AO TELEFONE
E VENDO DOER A FOME NOS MENINOS QUE TÊM FOME

PELA JANELA DO QUARTO
PELA JANELA DO CARRO
PELA TELA, PELA JANELA
(QUEM É ELA, QUEM É ELA?)
EU VEJO TUDO ENQUADRADO
REMOTO CONTROLE

EU ANDO PELO MUNDO
E OS AUTOMÓVEIS CORREM PARA QUÊ?
AS CRIANÇAS CORREM PARA ONDE?
TRANSITO ENTRE DOIS LADOS DE UM LADO
EU GOSTO DE OPOSTOS
EXPONHO O MEU MODO, ME MOSTRO
EU CANTO PRA QUEM?

PELA JANELA DO QUARTO
PELA JANELA DO CARRO
PELA TELA, PELA JANELA
(QUEM É ELA, QUEM É ELA?)
EU VEJO TUDO ENQUADRADO
REMOTO CONTROLE

EU ANDO PELO MUNDO E MEUS AMIGOS, CADÊ?
MINHA ALEGRIA, MEU CANSAÇO?
MEU AMOR CADÊ VOCÊ?
EU ACORDEI
NÃO TEM NINGUÉM AO LADO

PELA JANELA DO QUARTO
PELA JANELA DO CARRO
PELA TELA, PELA JANELA
(QUEM É ELA, QUEM É ELA?)
EU VEJO TUDO ENQUADRADO
REMOTO CONTROLE



Adriana Calcanhoto

segunda-feira, setembro 03, 2007

livros

1.Pegar no livro mais próximo
2. Abrir na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Colocar a frase no blog
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
6. Passar o desafio a cinco pessoas


"Atingimos a ilha, onde tinham ficado todas juntas as outras
bem construídas naus; à volta delas os companheiros
estavam sentados a chorar, continuamente à espera
que voltássemos."


Homero, "Odisseia", tradução de Frederico Lourenço, Livros Cotovia

quinta-feira, agosto 30, 2007

mudanças (ou uma vida presa em caixotes)

caixotes e caixotes, contas da luz, água, gás, telefone, toneladas de livros e papeis escritos, rabiscados, apontamentos, "recuerdos", bilhetes de cinema, revistas, programas de espectáculos, prendinhas,jornais velhos, embrulhos, roupa que não uso mais, caixotes e caixotes, fotografias, discos, posters, tapetes, velas, incenso, espanta espíritos, sofá, bancos, mesa, electrodomésticos, cartas, postais, computador, impressora, televisão, estante, armário, mesa de cabeceira, máquina de moer café, loiça e talher, copos, taparueres, garrafas de vinho, caixotes e caixotes, cobertores, lençois, colchão, cama, sapatos, molas da roupa, detergente, ferro de passar, roupa que ainda uso, champô, pasta de dentes, lentes de contacto, pente, amaciador de cabelo, secador, toalhas, almofadas, dossieres, papeis do irs, recibos verdes, clips, esferográficas, tesoura, fita cola, caixotes e caixotes, carregador do telemóvel, leitor de mp3, máquina fotográfica, pilhas, bijuteria, aspirador, plantas, árvore de natal, cortina, saco cama, malas, mochilas, pedras e conchas, aneis, boletim de vacinas, cartão de eleitor, passaporte, caixotes e caixotes

caixotes e caixotes
cheios de passado e presente
em mudança para o futuro



(alguém me falou recentemente, duma vida dentro de caixotes: do caixote-casa, para o caixote-elevador, para o caixote-carro, depois o caixote-escola/local de trabalho e tudo outra vez para o caixote-casa, onde se vê o caixote-televisão ou o caixote-computador/play station.
é preciso desencaixotar a vida. quebrar as rotinas. desligar a tv e o computador e sair para o encontro com o amplo espaço dentro de nós. um espaço onde nos arriscamos a encontrar os outros e a nós nos outros. onde podemos partilhar um chá, um copo de vinho ou um cigarro. ou ler um poema em voz alta, dançar, trautear uma velha canção. ou apenas ficar em silêncio, olhar o céu e por vezes encontrar a lua inteira a vigiar-nos, e respirar esse instante de silêncio em que somos.)

quinta-feira, agosto 23, 2007

quinta-feira, agosto 16, 2007

fever





estou com febre
(resultado deste "verão" de temperaturas instáveis)

elvis "the pelvis" morreu há 30 anos

domingo, agosto 12, 2007

impressões de marrocos

uma praia colorida, cheia de mulheres vestidas, de crianças que correm e jogam à bola, muitos adolescentes, gente diferente e aparentemente tolerante, e de estrangeiros como nós no meio deles.

uma briga de homens à noite na medina de essaouira, o cheiro a cominhos, a luz nas casas brancas, a rebentação das ondas no forte, os lenços, roupas e tapetes à porta das lojas, as pequenas mercearias muito arrumadas, a delicadeza e atenção da equipa do hotel.

o pintor "pregado" à parede da rua onde vende os seus trabalhos, o homem de feições judias (ou espanholas, ou portuguesas, ou...), o pão comprado na rua, o cheiro de sardinhas assadas, os gatos vadios sempre prontos para receber uma festa, os mendigos profissionais e outros que têm fome, os meninos que cheiram cola.

uma noite minguante de música na praia, dançar descalça na areia, (mas livres só quando conseguimos escapar aos comentários e assédio dos homens que nos olham), dançar com duas meninas de 4 anos que falam a lingua universal da brincadeira, tolerância, dádiva.

o pão, mel, outras iguarias e o chá de menta que Ali, o pescador de Iftan, partilhou connosco em sua casa, com um pátio onde as estrelas, todas, são o ornamento da simplicidade. o sorriso de Ali, 27 anos, pai de três filhos, o sorriso de Fatima, irmã de Ali, 18 anos, filha mais nova de uma prole de 14 irmãos e irmãs. o silêncio da mulher de Ali. o silêncio das mulheres.

um camaleão chamado michael jackson na medina de marrakech, o sorriso límpido do pequeno aprendiz de vendedor de especiarias (10 anos e meio, quer dizer, onze!)

flutuar nos sons, luzes, cheiros, num movimento ondulante, à noite na praça Djema el Fna, onde tudo acontece, contadores de histórias, encantadores de serpentes, macacos amestrados, músicos, mulheres que leêm tarot, que leêm a sina, que pintam hena nas mãos e pés, pedintes, ladrões, vendedores, pessoas que comem nas barracas de rua, que passam, que estão ali porque é ali que a vida se concentra.

o sentido de humor e delicadeza da maior parte das pessoas, o tráfego louco onde vale a lei do mais forte, a modernidade das avenidas novas de marrakech, a discoteca de arquitectura cuidada, os contrastes intensos entre vários mundos e vários povos num só local.

quinta-feira, agosto 02, 2007

qualquer coisa

(pra lá de marraquexe, é para onde eu vou amanhã!)




Ps: esqueçam o roberto carlos no início do vídeo e maravilhem-se com o caetano veloso, tão novo!

terça-feira, julho 31, 2007

road to nowhere



(bem alembrado!, o que interessa é que estamos a caminho!)


PS: tinha esquecido que gostava muito dos talking heads

sexta-feira, julho 27, 2007

volver

free music



(Estrella Morente)



Yo adivino el parpadeo
de las luces que a lo lejos
van marcando mi retorno.

Son las mismas que alumbraron
con sus plidos reflejos
hondas horas de dolor.

Y aunque no quise el regreso
siempre se vuelve
al primer amor.

La vieja calle
donde me cobijo
tuya es su vida
tuyo es su querer.

Bajo el burln
mirar de las estrellas
que con indiferencia
hoy me ven volver.

Volver
con la frente marchita
las nieves del tiempo
platearon mi sien.

Sentir
que es un soplo la vida
que veinte aos no es nada
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.

Vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez.

Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.

Tengo miedo de las noches
que pobladas de recuerdos
encadenen mi soar.

Pero el viajero que huye
tarde o temprano
detiene su andar.

Y aunque el olvido
que todo destruye
haya matado mi vieja ilusin,

guardo escondida
una esperanza humilde
que es toda la fortuna
de mi corazn.

Volver
con la frente marchita
las nieves del tiempo
platearon mi sien.

Sentir
que es un soplo la vida
que veinte aos no es nada
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.

Vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez.


free music




(Carlos Gardel)

domingo, julho 22, 2007

encontro

"o teatro é a arte do encontro"
peter brook

em campo benfeito o encontro e o teatro aconteceram.
obrigada!




aldeia de campo benfeito, teatro regional da serra de montemuro + núcleo de intervenção comunitária de castro d'aire

sexta-feira, julho 13, 2007

"Devemos compreender uma coisa. Só nos temos a nós mesmos - este Mundo, com as suas leis, não nos dá mais nada. Não deixaremos nada para trás quando morrermos: nada para além da nossa memória".


"Sizwe Banzi Morreu", de Athol Fugard

(Encenação de Peter Brook, no Festival de Almada 2007)

segunda-feira, julho 09, 2007

lingerie

o homem da retrosaria, dedos finos, já enrrugados, abre com calma a caixa, afasta o papel vegetal que envolve a delicada peça de lingerie, que agora segura entre os dedos, para melhor a mostrar à cliente. a cliente olha os dedos do homem, na transparência da lingerie. o homem olha os seus próprios dedos, na transparência da lingerie. os dedos do homem. a lingerie. a pele. o corpo dela. por segundos, tudo uma só coisa. na imaginação. lá fora, os ruídos da tarde que corre, automóveis, risos de crianças, zangas de velhas. lá dentro o cheiro de um tempo que já não existe. a cliente acaricia com as mãos a madeira polida do balcão. o homem: então? e ela: vou levar. e antes de sair para a luz da tarde, ela volta-se, olha o homem da retrosaria. ele acaricia a madeira polida do balcão. ela sorri.

terça-feira, julho 03, 2007

quarta-feira, junho 27, 2007

silêncio

num mundo de barulho constante,
agradeceram-me o silêncio.


(shhhhh!
é preciso calar para ouvir)

obrigada.

segunda-feira, junho 25, 2007

Tu estás aqui

Estás aqui comigo à sombra do sol
escrevo e oiço certos ruídos domésticos
e a luz chega-me humildemente pela janela
e dói-me um braço e sei que sou o pior aspecto do que sou
Estás aqui comigo e sou sumamente quotidiano
e tudo o que faço ou sinto como que me veste de um pijama
que uso para ser também isto este bicho
de hábitos manias segredos defeitos quase todos desfeitos
quando depois lá fora na vida profissional ou social só sou um nome e sabem
o que sei o
que faço ou então sou eu que julgo que o sabem
e sou amável selecciono cuidadosamente os gestos e escolho as palavras
e sei que afinal posso ser isso talvez porque aqui sentado dentro de casa sou
outra coisa
esta coisa que escreve e tem uma nódoa na camisa e só tem de exterior
a manifestação desta dor neste braço que afecta tudo o que faço
bem entendido o que faço com este braço
Estás aqui comigo e à volta são as paredes
e posso passar de sala para sala a pensar noutra coisa
e dizer aqui é a sala de estar aqui é o quarto aqui é a casa de banho
e no fundo escolher cada uma das divisões segundo o que tenho a fazer
Estás aqui comigo e sei que só sou este corpo castigado
passado nas pernas de sala em sala. Sou só estas salas estas paredes
esta profunda vergonha de o ser e não ser apenas a outra coisa
essa coisa que sou na estrada onde não estou à sombra do sol
Estás aqui e sinto-me absolutamente indefeso
diante dos dias. Que ninguém conheça este meu nome
este meu verdadeiro nome depois talvez encoberto noutro
nome embora no mesmo nome este nome
de terra de dor de paredes este nome doméstico
Afinal fui isto nada mais do que isto
as outras coisas que fiz fi-Ias para não ser isto ou dissimular isto
a que somente não chamo merda porque ao nascer me deram outro nome
que não merda
e em princípio o nome de cada coisa serve para distinguir uma coisa das
outras coisas
Estás aqui comigo e tenho pena acredita de ser só isto
pena até mesmo de dizer que sou só isto como se fosse também outra coisa
uma coisa para além disto que não isto
Estás aqui comigo deixa-te estar aqui comigo
é das tuas mãos que saem alguns destes ruídos domésticos
mas até nos teus gestos domésticos tu és mais que os teus gestos domésticos
tu és em cada gesto todos os teus gestos
e neste momento eu sei eu sinto ao certo o que significam certas palavras como
a palavra paz
Deixa-te estar aqui perdoa que o tempo te fique na face na forma de rugas
perdoa pagares tão alto preço por estar aqui
perdoa eu revelar que há muito pagas tão alto preço por estar aqui
prossegue nos gestos não pares procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás de maneira a poder dizer
sou isto é certo mas sei que tu estás aqui



Ruy Belo
Toda a Terra
Todos os Poemas
Assírio & Alvim
2000

http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/ruy_belo/poetas_ruybelo01.htm

sábado, junho 23, 2007

dizer

queria dizer que.

mas não há que dizer. já tudo foi dito. pensado.
mas não feito.
recolho-me. reservo-me.

preciso de silêncio.

quinta-feira, junho 21, 2007

banda sonora original

http://www.myspace.com/seanrileymusic



sean riley and the slowriders


para ouvir, ouvir, ouvir

domingo, junho 17, 2007

sexta-feira, junho 08, 2007

elevador






pois pois por onde anda o pensamento o corpo que se desfaz e agarra ao corrimão ou devaneio mais fugaz e à rima fácil ao trambolhão à cambalhota ao riso ao choro ao respirar a visão de alguém a conversa que se recria a informação que chega a vida que parte e de lá do outro lado o sonho que chama e a vida que teme pois pois as noites são longas a insónia é terreno fértil para os pensamentos e agora como é sempre a imagem da cidade como um grito que me chama mas não vou nem sei quando voltarei embora as imagens me chamem a descida do elevador a porta de ferro a padaria a curva da rua a praça e o metro depois as avenidas largas o sol e o céu vistos dos jardins altos o mar que vi tão pouco os risos as mãos o corpo a criar a madeira do chão tudo tão familiar e tão meu as conversas sobre arte a poesia o futuro todo a parecer tão fácil e presente pois pois como recuperar o irrecuperável e deitar fora a saudade fazer de novo o dia cada dia ir em frente inventar a vida de novo de novo de novo para além do pensamento para além da insónia para além do medo para além das escolhas que não soube que não sei para além da ausência para além de mim

domingo, junho 03, 2007

que reste-t-il de nos amours






Que reste-t-il de nos amours?
Que reste-t-il de ces beaux jours?
Une photo, vieille photo de ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux
Des mois d'avril, des rendez-vous?
Un souvenir qui me poursuit sans cesse

Bonheurs fanés, cheveux au vent
Baiser volés, rêves émouvants
Que reste-t-il de tout cela?
Dites-le moi

Un petit village un vieux clocher
Un paysage si bien caché
Et dans un nuage le cher visage
De mon passé

(Charles TRENET / Léo CHAULIAC)

terça-feira, maio 29, 2007

em construção



templo da sagrada família, barcelona, setembro de 2006



(hoje irritei-me. muito. concluo, mais uma vez, embora ninguém me acredite, que para manter a sanidade tenho de me afastar das pessoas. destas pessoas. mas, por enquanto, a única coisa que posso fazer é reconstruir o meu templo. a começar pelo interior.)

quarta-feira, maio 23, 2007

sexta-feira, maio 18, 2007

ir por aí

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

(...)
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?

(...)

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...

(...)

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!

(...)
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
,
- Sei que não vou por aí!




Excertos do "Cântico Negro" de José Régio

domingo, maio 13, 2007

Make them laugh





do filme "singing in the rain"


para a inês e o yvan

quinta-feira, maio 10, 2007

segunda-feira, maio 07, 2007

espelho

o pior julgamento é o que fazemos de nós próprios e não o que pensamos (imaginamos) que os outros fazem de nós.

uma palavra, um pensamento e logo se levantam velhos fantasmas, velhas memórias.

e quando essa palavra é dita por outros, mesmo sem julgar, de repente ficamos nus, frente a um espelho onde já nada podemos ocultar.

no espelho estão todas as fragilidades, todas as forças, tudo o que construímos, tudo o que mostramos e o que ocultamos, deliberadamente ou não, conscientemente ou não.

por isso, frente ao espelho, invento outras palavras, as do futuro.

se possível, sem me julgar.

quarta-feira, maio 02, 2007

de que nada se sabe

La luna ignora que es tranquila y clara
y ni siquiera sabe que es la luna;
la arena, que es la arena. No habrá una
cosa que sepa que su forma es rara.

Las piezas de marfil son tan ajenas
al abstracto ajedrez como la mano
que las rige. Quizá el destino humano
de breves dichas y de largas penas

es instrumento de otro. Lo ignoramos;
darle nombre de Dios no nos ayuda.
Vanos también son el temor, la duda

y la trunca plegaria que iniciamos.
¿Qué arco habrá arrojado esta saeta
que soy? ¿Qué cumbre puede ser la meta?


Jorge Luis Borges

terça-feira, maio 01, 2007

bailemos




Bailemos nós ja todas tres, ai amigas,
so aquestas avelaneiras frolidas
e quen for velida, como nós, velidas,
se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.

Bailemos nós ja todas tres, ai irmanas,
so aqueste ramo destas avelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar,
so aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,
so aqueste ramo frolido bailemos
e quen ben parecer, como nós parecemos,
se amig'amar,
so aqueste ramo so'l que nós bailemos
verrá bailar.


Airas Nunez

Retirado de http://pt.wikisource.org/wiki/Bailemos_n%C3%B3s_ja_todas_tres%2C_ai_amigas

sábado, abril 28, 2007

infidelidade

"Talvez cada dia devesse conter pelo menos uma infidelidade essencial ou uma traição necessária."


Hanif Kureishi, Intimidade

sexta-feira, abril 27, 2007

não-agir

Pratica o não-agir,
executa o não-fazer,
saboreia o sem sabor,
considera o pequeno como o grande
e o pouco como o muito.
Ataca uma dificuldade nos seus elementos fáceis;
Realiza uma grande obra por pequenos actos.
A coisa mais difícil do mundo
reduz-se, afinal, a elementos fáceis.
A obra mais grandiosa realiza-se
necessariamente por pequenos actos.

O santo não empreende nada de grande
e pode assim realizar a sua própria grandeza.

Quem promete irreflectidamente raramente cumpre.
Quem julga que tudo é fácil encontra forçosamente muitas dificuldades.

O santo considera tudo difícil
e não encontra afinal nenhuma dificuldade.

Lao Tse, Tao te King

quarta-feira, abril 25, 2007

sábado, abril 21, 2007

sexta-feira, abril 20, 2007

na próxima reencarnação quero ser um milhafre


Os amantes

I

És tu? Diz-me que sim!
Transforma-te, se não fores,
torna-te no que ninguém esquece,
abre-me o circulo a mim.

Irradia de ti
plena certeza. Levanto
Os braços enfunados pelo teu vento.
És tu? Diz-me que sim!

Mostra-te, leve, assim
como música que reconhecemos
pelo ar que a traz e longe ouvimos…
És tu? Diz-me que sim!

Chama e gelo vi
a envolverem-te num fogo ardente.
Repara, espero-te, distante:
És tu? Diz-me que sim!



Rainer Maria Rilke

domingo, abril 15, 2007

procura-se

"Rapaz alto que se sentou ao meu lado no teatro na noite de sábado. Trocámos palavras nas viagens da plateia móvel. No fim, despedimo-nos com um “adeus, até à próxima”.
É favor contactar a rapariga de cabelo aos caracóis."



(há uns meses uma amiga fez uma coisa parecida com isto. não deu grande resultado com ela, mas acabou por se divertir com a brincadeira! roubei-lhe a ideia porque me apeteceu marcar um momento irrepetível. só um destino muito generoso nos colocaria de novo lado a lado!)

sábado, abril 14, 2007

and now, for something completly different (3)

Intuição feminina

Mulher- diz-me uma coisa, mas a sério. (pausa)
Andaste com ela?
(Sorriso maroto dele)
Homem - porque é que fazes essa pergunta?
M - é pá…
(riso dela)
responde lá: andaste ou não?
(Sorriso maroto dela)
H - que interessa se andei ou não? (pausa. Um pouco mais sério) Muda alguma coisa?
(ela sorri)
M- não muda nada, mas tenho curiosidade! (Pausa)
Diz lá!
H –só se disseres para que é que queres saber.
M - por nada, já disse. (pausa) Intuição feminina.
H – mas… ela… disse-te alguma coisa?
M- a mim? Nada!
H - então, como…
M- pá, sei lá, intuição!
(Pausa)
Dizes ou não, caralho?
(Pausa)
H- ok, andei. Mas foi só uma vez!
M- eu sabia!
(ele irónico)
H- explica lá isso da intuição feminina: o que é que viste?
(Risos dela)
M -nada!
H- alguma coisa viste, ou ouviste. Alguém…
M – não, ninguém me disse nada.
(pausa)
H – então? Explica lá, como é que funciona isso! Agora é a tua vez de falar.
(Pausa)
M- pá… sei lá. É assim uma cena que se percebe, sabes? Pá, é tipo, uma química, uma faísca, e basta a gente sentir isso com uma “rival” que se percebe logo.
H- uma “rival”? (acentua “rival”)
(risos dele)
M - sim, ou… ex-rival, ou candidata, pá, sei lá! São cenas de gaja! Vocês não alcançam.
H - mas quê… sentiste ciúmes, foi isso? Ela… olhou para mim, ou coisa do género?
M -merda, pá! Não te sei explicar! Não é ciúmes. (enfática) Não tenho ciúmes!!!
(Reforça “ciúmes”)
É mais como… tipo, como se pudesse ler os pensamentos dela, entendes? Como se a minha pele comunicasse com a dela… e como se a dela me estivesse a dizer: “eu também já aí andei”…
(Pausa)
(ela hesita e procura as palavras. Ele olha para ela fixamente, incrédulo)
H - quê? Vocês, gajas, comunicam com a pele?
(Risos de estupefacção e de gozo.)
M – ai a merda... Porque é que não fico calada… já sabia que não ias entender nada. (Reforça “nada”).
(Ela faz intenção de se levantar, mas fica sentada, como se procurasse alguma coisa. Pega nos cigarros dele e começa a fumar um.)
Uma gaja percebe, entendes, quando outra já andou com o teu homem, uma gaja percebe. Estava curiosa para confirmar, só isso, nada de especial. Não penses que tenho ciúmes dela. Não tenho. (pausa)
Que merda, pá. Já fodi a noite.
(Fuma nervosa, evita olhar de frente para ele.) ( Pausa.)
(Ele procura a mão dela, ela tenta afastar. Ele volta a procurar a mão dela.)
H - não fiques assim.
(Beija-lhe a mão. Ela desvia os olhos, húmidos.)
(Ele procura os olhos dela.)
Foi só uma noite, “no big deal”, ok? Uma noite, há anos atrás, nunca mais quis nada com ela. Juro. (Pausa)
Olha pra mim. Olha para mim.
(Ela olha.)
Não estragaste nada a noite, ok? Não há problema nenhum, ok? (Pausa) Desculpa ter-me rido.
(Ela cede, com os olhos baixos na mesa, as mãos entrelaçam-se. Ele beija de novo a mão dela.)
Desculpa…
(Ela interrompe)
M - desculpa eu… não devia ter perguntado nada… afinal é uma cena tua, íntima, não tinhas nada que me contar… desculpa…. Não tenho ciúmes. A sério, não tenho!
(Ele beija-a.)
H- não tenhas mesmo (reforça “mesmo”). És muito melhor que ela.
(Ela afasta-se. Ríspida.)
M -e em que lugar é que estou no ranking?
H - é pá, foda-se! (acentua e prolonga “foda-se”)
(Ele pega num cigarro.)
O que queres que te diga, gaita? Amo-te, carago! AMO-TE! Quero que a gaja se foda, percebes, nem sequer me lembro da cara dela. (pausa) Não há ranking nenhum. (pausa) Só tu. (Pausa)
Merda. (quase a chorar)
(Os dois afastados. Fumam sem se olharem durante algum tempo. Vão começando a olhar um para o outro. Lentamente começam a rir. Ela a rir e a chorar ao mesmo tempo. As mãos entrelaçam-se em cima da mesa. Riem e choram)
M - somos tão estúpidos! Eu sou tão estúpida! Desculpa, desculpa, desculpa. (beija a mão dele)
H -meu amor! (em tom baixo, terno)
(Abraçam-se, beijam-se. )
M - e sabes? Acho que afinal tenho ciúmes, não te quero perto daquela cabra, ouviste?
(ele sorri terno, beija-a)
H- ok.
(Mais beijos e carícias.)
Vamos?
M- hum, hum.

terça-feira, abril 10, 2007




Cavalgar, cavalgar, cavalgar, pela noite, pelo dia, pela noite.

Cavalgar, cavalgar, cavalgar.

E a coragem tornou-se tão lassa e a saudade tão grande.

in "Canção de Amor e Morte do Jovem Porta-Estandarte Cristóvão Rilke", de Rainer Maria Rilke

Projecto "Teatros de Guerra", da companhia "Teatro do Tejo", no Museu dos Transportes, entre 11 e 21 de Abril:

- Espectáculo “O Monumento”, de Colleen Wagner, de 11 a 14 de Abril, às 21h30.

- Conversa: "O Papel do Teatro e da Arte como forma de intervenção pela Paz", dia 17 de Abril, às 18h00. Entrada Livre

- Espectáculo “Canção de Amor e Morte do Jovem Porta-Estandarte Cristóvão Rilke”, de 18 a 21 de Abril às 21h30 e dia 22 às 19h00.


www.teatrao.com

terça-feira, abril 03, 2007

london




a fotografia mais interessante que tirei em londres resultou de um acidente: um dos famosos autocarros vermelhos passou à minha frente enquanto tentava fotografar um memorial às mulheres da II guerra mundial.

mas nenhuma outra foto exprime tão bem o movimento constante desta intensa cidade.

quarta-feira, março 28, 2007

little britain

é para lá que vou nos próximos 4 dias.

see you!


segunda-feira, março 26, 2007

entretanto

não há nada para dizer
do muito que há para fazer

tanto mar

sábado, março 24, 2007

segunda-feira, março 19, 2007

quinta-feira, março 15, 2007

esperança

"...quero saltar esta barreira e olhar o caminho em frente. Pode parecer-me duro, complicado, pouco convencional, mas queria ir por aí. Há um mundo de pessoas singulares e especiais merecedoras da nossa atenção e interesse."

M.A.





segunda-feira, março 12, 2007

paixão e quimera

"Não sei nada, não sei nada, e saio deste mundo com a convicção de que não é a razão nem a verdade que nos guiam: só a paixão e a quimera nos levam a resoluções definitivas."

Raúl Brandão, "Memórias", Vol.I



quinta-feira, março 08, 2007

Sísifo

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.


Miguel Torga

quinta-feira, março 01, 2007

Quelqu'un m'a dit





On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud que de nos chagrins il s'en fait des manteaux pourtant quelqu'un m'a dit...

Refrain
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?

On me dit que le destin se moque bien de nous
Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout
Parais qu'le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou
Pourtant quelqu'un m'a dit ...

Refrain

Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit,
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits
"Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit"
Tu vois quelqu'un m'a dit...

Que tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit...
Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors ?

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux,
Pourtant quelqu'un m'a dit que...

Refrain


Carla Bruni

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

vida escassa

"Com um amargo sentimento mas no fundo muito aliviada, Rosa Schwarzer sente que voltou a sumir-se no cinzento desta vida, e sente-se bem, como se tivesse compreendido que afinal não sabemos - di-lo-ei com as palavras do poeta - se na realidade as coisas não são melhor assim: propositadamente escassas. Talvez sejam melhores assim: reais, vulgares, medíocres, profundamente estúpidas. Afinal, pensa Rosa Schwarzer, aquilo não era a minha vida."


Enrique Vila-Matas
in Suicídios Exemplares

domingo, fevereiro 25, 2007

que cantam os poetas







Qué cantan los poetas andaluces de ahora?
Qué miran los poetas andaluces de ahora?
Qué sienten los poetas andaluces de ahora?

Cantan con voz de hombre
pero, dónde los hombres?
Con ojos de hombre miran
pero, dónde los hombres?
Con pecho de hombre sienten
pero, dónde los hombres?

Cantan, y cuando cantan parece que están solos
Miran, y cuando miran parece que están solos
Sienten, y cuando sienten parece que están solos
Qué cantan los poetas, poetas andaluces de ahora?
Qué miran los poetas, poetas andaluces de ahora?
Qué sienten los poetas, poetas andaluces de ahora?

Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos

Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos
Pero, dónde los hombres?

Es que ya Andalucía se ha quedado sin nadie?
Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?
Que en los campos y mares andaluces no hay nadie?

No habrá ya quien responda a la voz del poeta,
Quien mire al corazón sin muro del poeta?
Tantas cosas han muerto, que no hay más que el poeta

Cantad alto, oireis que oyen otros oidos
Mirad alto, vereis que miran otros ojos
Latid alto, sabreis que palpita otra sangre

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo encerrado
Su canto asciende a más profundo, cuando abierto en el aire
ya es de todos los hombres

Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres (bis)


Rafael Alberti



encontrado aqui:

http://www.pimentanegra.blogspot.com

sábado, fevereiro 24, 2007



há dias em que mais valia ter saído de casa...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Lusitânia

Os que avançam de frente para o mar

E nele enterram como uma aguda faca

A proa negra dos seus braços

Vivem de pouco pão e de luar.




sophia de mello breyner andresen

http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/poesia/sophia.htm

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

match point

fantásticas palavras, retiradas daqui: http://sempenisneminveja.weblog.com.pt/


(...)"Paixões inconvenientes. E quais o não são? Alimentadas por frémitos proibidos ou redentores - assumir a condição divina que miracule o outro, curando-lhe vícios e imperfeições. Arroubos de adrenalina desconjuntando corpo e mente. Não fora a curta duração, e aos apaixonados estariam limitadas as opções: enfrascarem-se em álcool e anestésicos, ou devolverem à terra o corpo e ao etéreo os espíritos sofredores. Chegado ao termo o estado de paixão, há mistura de alívio e nostalgia pelo que não chegou a ser – amor. Pelo meio, factos que nos distorcem, julgamos. Como gestação que nenhum dos responsáveis deseja. Egoísmo, clandestinidade, loucura. Por amor a outrem – desculpa mentirosa disfarçando a ferocidade do individualismo.

Not everybody gets corrupted. You have to have a little faith in people.” - Mariel Hemingway, como Tracy, em Manhattan. Tudo dependendo do lado para onde cai o anel. Match Point. "

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

50 ways to leave your lover







"The problem is all inside your head", she said to me
The answer is easy if you take it logically
I'd like to help you in your struggle to be free
There must be fifty ways to leave your lover

She said it's really not my habit to intrude
Furthermore, I hope my meaning won't be lost or misconstrued
But I'll repeat myself at the risk of being crude
There must be fifty ways to leave your lover
Fifty ways to leave your lover

You just slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just get yourself free
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free

Ooo slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just listen to me
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free

She said it grieves me so to see you in such pain
I wish there was something I could do to make you smile again
I said I appreciate that and would you please explain
About the fifty ways

She said why don't we both just sleep on it tonight
And I believe in the morning you'll begin to see the light
And then she kissed me and I realized she probably was right
There must be fifty ways to leave your lover
Fifty ways to leave your lover

You just slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just get yourself free
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free

Slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just listen to me
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free


Paul Simon

domingo, fevereiro 04, 2007

poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Mário Cesariny


(para a Tânia que hoje nos ofereceu a sua sensibilidade)

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

terça-feira, janeiro 30, 2007

by this river






Here we are stuck by this river
You and i underneath a sky
That's ever falling down down down
Ever falling down


Through the day as if on an ocean
Waiting here always failing to remember
Why we came came came
I wonder why we came


You talk to me as if from a distance
And i reply with impressions chosen
From another time time time
From another time.

domingo, janeiro 28, 2007

my body is a landscape

aula de anatomia





























fotos: edward weston, michael schultes
imagens de um crânio e radiografia do pélvis

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Mahnahmuhnah!




que saudades dos marretas!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

dancing

"Dancing, if it gives you something it is this: the privilege of touch and of keeping it".


in

www.vaniagala@blogspot.com

domingo, janeiro 21, 2007

hallelujah





para o yvan, o mais novo fan do leonard cohen!
aqui está o hallelujah na versão do john cale
tal como aparece no filme shreck

sábado, janeiro 20, 2007

pratos



"A vida é uma pilha de pratos a caírem no chão."




António Lobo Antunes, "Minuete do senhor de meia-idade"

quinta-feira, janeiro 18, 2007

llorando






do filme "mulholland drive" de david linch

quarta-feira, janeiro 17, 2007

canção

Tinha um cravo no meu balcão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?

Sentada, bordava um lenço de mão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?

Dei um cravo e dei um lenço,
só não dei o coração;
mas se o rapaz mo pedir
- mãe, dou-lho ou não?


Eugénio de Andrade

domingo, janeiro 14, 2007

sexta-feira, janeiro 12, 2007

mãe e filho, pai e filho















dois filmes para rever
de alexander sokurov

(http://www.sokurov.spb.ru/island_en/mnp.html)

domingo, janeiro 07, 2007

Joana d'Arc


















fotos de ingrid bergman,
no filme "joan of arc", de 1948


http://www.imdb.com/title/tt0040491/


http://pt.wikipedia.org/wiki/Joana_d'Arc




sexta-feira, janeiro 05, 2007

raindrops keep falling on my head







do filme "Butch Cassidy and the Sundance Kid" (George R.Hill, 1969), com os magníficos Paul Newman e Robert Redford


http://www.imdb.com/title/tt0064115/

silence is sexy

quarta-feira, janeiro 03, 2007

farol



















"Não obstante os sonhos desfeitos, as promessas por cumprir, a constante vontade de partir, ficar parece ser a única opção.

Ficar, aguentar o balanço e esperar que o melhor aconteça.

Ficar não pode significar rendição ou submissão ou sequer recear ir. Ir ao fundo de nós, iluminados pelo farol dos outros pode ser a melhor viagem."

M.A.




escreve mais, minha amiga, as tuas palavras sábias e iluminadas também me servem de farol!

segunda-feira, janeiro 01, 2007

bom ano
















foto: cindy sherman


para um começo límpido
pronta para partir à boleia do amor
da luz, da vida.

muita paz, sabedoria e criatividade para todos.