sexta-feira, janeiro 30, 2009


Salvador Dali

terça-feira, janeiro 27, 2009

falar e calar

encontrei M. à porta do cinema no centro comercial, ele a sair, eu só a espreitar os cartazes.
a conversa instalou-se e entre troca de informações sobre amigos comuns e o que andamos a fazer desde a última vez que nos vimos, eu acabei por libertar frases gastas, queixei-me do cansaço, do stress, do trabalho, o costume.

foi então que M. revelou ter deixado de falar dos seus problemas aos amigos e conhecidos "porque os teus problemas só tu podes resolve-los" e "falar muito dos problemas só os aumenta".

fiquei a pensar sobre isso.

talvez M. tenha alguma razão, falar demais pode levar-nos a perpetuar a situação, a acreditar que nada podemos fazer para a mudar, a acumular frustrações e a ter a eterna sensação de incompetência para resolver os nossos problemas.

por outro lado, e sei-o por experiência própria, continuo a acreditar que a verbalização nos ajuda a ver o problema com outros contornos, a distanciar-nos dele, a encontrar insight na conversa (se bem orientada) e ajuda-nos a perceber como podemos agir para a mudança.

talvez se deva escolher apenas um ou dois interlocutores, amigos que só te ouvem e não tentam oferecer-te respostas, nem te julgam, nem dão conselhos, nem têm inveja, nem ficam secretamente contentes por estares na merda.

durante demasiado tempo na minha vida não falei de nada a ninguém. talvez agora fale demais sobre tudo e a muita gente. talvez seja preciso aprender a calar.

sábado, janeiro 24, 2009

o amor...

vejam a estória completa aqui
(as ilustrações da Ana Oliveira são muito bonitas e cheias de humor! há por lá mais algumas love stories deliciosas!)

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Let Them Good Times Roll




(a letra está aqui. obrigada, rita)

quarta-feira, janeiro 21, 2009

o gato e o pássaro

"Uma cidade escuta desolada
O canto de um pássaro ferido
É o único pássaro da cidade
E foi o único gato da cidade
Que o devorou pela metade
E o pássaro deixa de cantar
O gato deixa de ronronar
E de lamber o focinho
E a cidade prepara para o pássaro
Funerais maravilhosos
E o gato que foi convidado
Segue o caixãozinho de palha
Em que deitado está o pássaro morto
Levado por uma menina
Que não pára de chorar
Se soubesse que você ia sofrer tanto
Lhe diz o gato
Teria comido ele todinho
E depois teria te dito
Que tinha visto ele voar
Voar até ao fim do mundo
Lá onde o longe é tão longe
Que de lá não se volta mais
Você teria sofrido menos
Só tristeza e saudade

É preciso nunca fazer as coisas pela metade."


Jacques Prévert


(a tradução é brasileira, façam o obséquio de ler com sotaque para parecer menos estranho!)

segunda-feira, janeiro 19, 2009

um rapaz a arder


Rapaz A Arder - A Naifa



morreu o joão aguardela...

laranjas

"Cortei a laranja em duas, e as duas partes não podiam ficar iguais.
Para qual fui injusto - eu, que as vou comer a ambas?"


F. Pessoa/ A. Caeiro

quinta-feira, janeiro 15, 2009

esquece a alma

"Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não."


Manuel Bandeira



(a propósito de uma conversa que tive ontem com um amigo sobre mulheres que se maquilham e as que não, andava à procura de uma citação da "Arte de amar" de Ovídio, que li emprestado há muito tempo, onde o autor dá conselhos úteis ás mulheres sobre estas coisas. na net só encontrei em inglês, tenho de procurar o livro que é um manual tão importante como o kama sutra! por outro lado encontrei este poema do Manuel Bandeira.)

quarta-feira, janeiro 14, 2009

sábado, janeiro 10, 2009

porque hoje é sábado ( )

o que interessa é continuar a jogar...

deu-me para isto, fazer mais vezes o que me apetece...

de há uns tempos para cá apetece-me acabar com o blog...

(como é que isto se usa?)

porque tudo é impermanente ...

para voltar a encher um vaso é preciso esvaziá-lo primeiro...

à tona, a ensaiar o mergulho...

à procura de sentido...

(ainda não é hoje que desligo o blog…)

look what they've done to my song/ ils ont changé ma chanson



Melanie Safka




Dalida

sexta-feira, janeiro 09, 2009

working class girl (2)

estou muito cansada...

segunda-feira, janeiro 05, 2009

cyrano




CYRANO

Isso é breve e não tem graça alguma.
Poder-se-ia dizer... mas tanta coisa, em suma!
Variando o tom de voz... assim: dai-me atenção:
AGRESSIVO: "Senhor, tamanho narigão
Fosse meu, que, sem dó, lhe apararia o topo!"
CORTEZ: "Esse nariz mergulha-vos no copo:
Usai dum canjirão para beber melhor."
DESCRITIVO: "É rochedo! É cabo! Inda é maior:
É promontório! É mais: é o novo Continente!"
CURIOSO: " De que serve essa vasilha ingente?
Servirão de tinteiro os âmbitos nasais?"
GRACIOSO: "Tanto afeto às aves dedicais,
que destarte busqueis, benévolo e fagueiro,
aos dedicados pés ceder-lhes um poleiro?"
TRUCULENTO: "Senhor, se vós vos distraís
A fumar, e lançais vapores no nariz,
O vizinho não crê que a chaminé vos arde?"
PREVIDENTE: "Cuidado! O crânio que se guarde:
Esse peso é capaz de dar-lhe um trambolhão!"
TERNO: "Plantai-lhe em cima um toldo, um pavilhão:
do contrário, talvez a luz do sol empane-o"
PEDANTE: "Só o monstro, o monstro Aristofânio,
- Hipocampelefantocamelo - afinal,
Teve tão volumoso o apêndice nasal."
CAVALHEIRO: "Isso é gancho ao derradeiro gosto?
Pendurai-lhe um chapéu, que ficará bem posto!"
EMPOLADO:"Que vento, exceto algum pampeiro,
Poderá, ó nariz, te constipar inteiro?"
TRÁGICO: "É o Mar Vermelho o teu sanguíneo jato!"
PASMADO: "É um chamariz pra vendedor de extrato".
LÍRICO: "É a vossa concha, ó filho de Anfitrite?"
INGÉNUO: "É um monumnento! A entrada se permite?"
RESPEITOSO: "Deixai saudar-vos a eminência:
Vale um bem de raiz tamanha saliência."
LAPUZ: "Virgem Maria! Isso é nariz de sobra:
Estou que há-de ser couve, ou que há-de ser abóbora."
BELICOSO: "Apontar! Passa a cavalaria!"
PRÁTICO: " Se o meteis em rifa ou lotaria,
Vai ser a sorte grande, a bruta, certamente."
Enfim, parodiando a Píramo plangente:
"Eis o nariz fatal, que aos traços do senhor
A harmonia desfez! E cora de pudor!"
Meu caro, eis o que vós dirieis, a contento,
se pudésseis dispor de letras e talento.
Mas, de talento, vós tristíssimo enxovedo,
Nunca tivéstes a sombra, ou simples arremedo.
E de letras somente as da palavra TOLO!
Mas tivésseis, embora, um pouco de miolo.
Para poderdes vir, perante este auditório,
um gracejo dizer, tornando-me irrisório, -
Que não teríeis dito um quarto de metade
Do começo dum só; - pois, a falar verdade,
A mim mesmo eu permito uma pilhéria boa:
Mas não permitirei dizer-me outra pessoa."


Edmond Rostand, "Cyrano de Bergerac"

sexta-feira, janeiro 02, 2009

2009


(bom ano novo)