sexta-feira, junho 08, 2007

elevador






pois pois por onde anda o pensamento o corpo que se desfaz e agarra ao corrimão ou devaneio mais fugaz e à rima fácil ao trambolhão à cambalhota ao riso ao choro ao respirar a visão de alguém a conversa que se recria a informação que chega a vida que parte e de lá do outro lado o sonho que chama e a vida que teme pois pois as noites são longas a insónia é terreno fértil para os pensamentos e agora como é sempre a imagem da cidade como um grito que me chama mas não vou nem sei quando voltarei embora as imagens me chamem a descida do elevador a porta de ferro a padaria a curva da rua a praça e o metro depois as avenidas largas o sol e o céu vistos dos jardins altos o mar que vi tão pouco os risos as mãos o corpo a criar a madeira do chão tudo tão familiar e tão meu as conversas sobre arte a poesia o futuro todo a parecer tão fácil e presente pois pois como recuperar o irrecuperável e deitar fora a saudade fazer de novo o dia cada dia ir em frente inventar a vida de novo de novo de novo para além do pensamento para além da insónia para além do medo para além das escolhas que não soube que não sei para além da ausência para além de mim

1 comentário:

Anónimo disse...

Parece-me sempre pouco deixar aqui um comentário para tão sentidas palavras...