quinta-feira, agosto 30, 2007

mudanças (ou uma vida presa em caixotes)

caixotes e caixotes, contas da luz, água, gás, telefone, toneladas de livros e papeis escritos, rabiscados, apontamentos, "recuerdos", bilhetes de cinema, revistas, programas de espectáculos, prendinhas,jornais velhos, embrulhos, roupa que não uso mais, caixotes e caixotes, fotografias, discos, posters, tapetes, velas, incenso, espanta espíritos, sofá, bancos, mesa, electrodomésticos, cartas, postais, computador, impressora, televisão, estante, armário, mesa de cabeceira, máquina de moer café, loiça e talher, copos, taparueres, garrafas de vinho, caixotes e caixotes, cobertores, lençois, colchão, cama, sapatos, molas da roupa, detergente, ferro de passar, roupa que ainda uso, champô, pasta de dentes, lentes de contacto, pente, amaciador de cabelo, secador, toalhas, almofadas, dossieres, papeis do irs, recibos verdes, clips, esferográficas, tesoura, fita cola, caixotes e caixotes, carregador do telemóvel, leitor de mp3, máquina fotográfica, pilhas, bijuteria, aspirador, plantas, árvore de natal, cortina, saco cama, malas, mochilas, pedras e conchas, aneis, boletim de vacinas, cartão de eleitor, passaporte, caixotes e caixotes

caixotes e caixotes
cheios de passado e presente
em mudança para o futuro



(alguém me falou recentemente, duma vida dentro de caixotes: do caixote-casa, para o caixote-elevador, para o caixote-carro, depois o caixote-escola/local de trabalho e tudo outra vez para o caixote-casa, onde se vê o caixote-televisão ou o caixote-computador/play station.
é preciso desencaixotar a vida. quebrar as rotinas. desligar a tv e o computador e sair para o encontro com o amplo espaço dentro de nós. um espaço onde nos arriscamos a encontrar os outros e a nós nos outros. onde podemos partilhar um chá, um copo de vinho ou um cigarro. ou ler um poema em voz alta, dançar, trautear uma velha canção. ou apenas ficar em silêncio, olhar o céu e por vezes encontrar a lua inteira a vigiar-nos, e respirar esse instante de silêncio em que somos.)

quinta-feira, agosto 23, 2007

quinta-feira, agosto 16, 2007

fever





estou com febre
(resultado deste "verão" de temperaturas instáveis)

elvis "the pelvis" morreu há 30 anos

domingo, agosto 12, 2007

impressões de marrocos

uma praia colorida, cheia de mulheres vestidas, de crianças que correm e jogam à bola, muitos adolescentes, gente diferente e aparentemente tolerante, e de estrangeiros como nós no meio deles.

uma briga de homens à noite na medina de essaouira, o cheiro a cominhos, a luz nas casas brancas, a rebentação das ondas no forte, os lenços, roupas e tapetes à porta das lojas, as pequenas mercearias muito arrumadas, a delicadeza e atenção da equipa do hotel.

o pintor "pregado" à parede da rua onde vende os seus trabalhos, o homem de feições judias (ou espanholas, ou portuguesas, ou...), o pão comprado na rua, o cheiro de sardinhas assadas, os gatos vadios sempre prontos para receber uma festa, os mendigos profissionais e outros que têm fome, os meninos que cheiram cola.

uma noite minguante de música na praia, dançar descalça na areia, (mas livres só quando conseguimos escapar aos comentários e assédio dos homens que nos olham), dançar com duas meninas de 4 anos que falam a lingua universal da brincadeira, tolerância, dádiva.

o pão, mel, outras iguarias e o chá de menta que Ali, o pescador de Iftan, partilhou connosco em sua casa, com um pátio onde as estrelas, todas, são o ornamento da simplicidade. o sorriso de Ali, 27 anos, pai de três filhos, o sorriso de Fatima, irmã de Ali, 18 anos, filha mais nova de uma prole de 14 irmãos e irmãs. o silêncio da mulher de Ali. o silêncio das mulheres.

um camaleão chamado michael jackson na medina de marrakech, o sorriso límpido do pequeno aprendiz de vendedor de especiarias (10 anos e meio, quer dizer, onze!)

flutuar nos sons, luzes, cheiros, num movimento ondulante, à noite na praça Djema el Fna, onde tudo acontece, contadores de histórias, encantadores de serpentes, macacos amestrados, músicos, mulheres que leêm tarot, que leêm a sina, que pintam hena nas mãos e pés, pedintes, ladrões, vendedores, pessoas que comem nas barracas de rua, que passam, que estão ali porque é ali que a vida se concentra.

o sentido de humor e delicadeza da maior parte das pessoas, o tráfego louco onde vale a lei do mais forte, a modernidade das avenidas novas de marrakech, a discoteca de arquitectura cuidada, os contrastes intensos entre vários mundos e vários povos num só local.

quinta-feira, agosto 02, 2007

qualquer coisa

(pra lá de marraquexe, é para onde eu vou amanhã!)




Ps: esqueçam o roberto carlos no início do vídeo e maravilhem-se com o caetano veloso, tão novo!