sábado, dezembro 29, 2007
segunda-feira, dezembro 24, 2007
sexta-feira, dezembro 21, 2007
yule
é o solstício de inverno que acontece às 6h08m de dia 22.
é o dia mais curto, a noite mais longa. chega o inverno. o sol renasce.
celebremos, então, a luz.
http://en.wikipedia.org/wiki/Yule
http://www.geocities.com/Athens/9301/Yule.html
http://www.circulosagrado.com.br/cs/celebracoes/yule.php
P.S. Em Sintra deve passar-se melhor. ;-)
segunda-feira, dezembro 17, 2007
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Buda e a parábola da casa a arder
Gautama, o Buda, ensinava
A doutrina da roda da cobiça a que estamos amarrados, e recomendava
Que nos libertássemos de todos os apetites e assim
Sem desejos entrássemos no Nada a que ele chamava Nirvana.
Então os seus discípulos perguntaram-lhe um dia:
Como é esse Nada, Mestre? Todos nós gostaríamos
De nos libertar da cobiça, como tu recomendas; mas diz-nos
Se esse Nada em que então entraremos
Acaso é como a unidade com tudo o que é criado,
Como quando se está na água, o corpo leve, ao meio-dia,
Quase sem pensamentos, assim ocioso na água, ou quando caímos no sono,
Mal tendo consciência ainda, caindo rápido, de que ajeitamos
A manta, se esse Nada pois
É assim alegre, um bom Nada, ou se esse
Nada é simplesmente um Nada, vazio, frio, sem sentido.
Muito tempo ficou calado o Buda, depois disse negligente:
Não há resposta à vossa pergunta.
Mas à noitinha, quando eles se tinham ido,
Estava o Buda inda sentado sob a árvore-do-pão, contou aos outros,
Àqueles que não tinham perguntado, a seguinte parábola:
Outro dia vi uma casa. Estava a arder. O telhado
Era já lambido pelas chamas. Aproximei-me e notei
Que ainda havia gente lá dentro. Entrei na porta e gritei-lhes
Que havia fogo no telhado, incitando-os assim
A que saíssem depressa. Mas aquela gente
Não parecia ter pressa. Um perguntou-me,
Já o calor lhe chamuscava as sobrancelhas,
Como é que estava lá fora, se não estava a chover,
Se não correria vento, se havia outra casa,
E ainda mais coisas destas. Sem responder,
Saí outra vez. Estes, pensei eu,
Morrerão queimados, antes de acabarem de fazer perguntas. Na verdade, amigos,
Àquele a quem o chão não está quente o bastante
Pra trocar por qualquer outro em vez de continuar nele,
A esse nada tenho a dizer. Assim Gautama, o Buda.
Mas também nós, já não ocupados com a arte de sofrer,
Antes ocupados com a arte de não sofrer e apresentando
Muitas propostas de natureza terrena e ensinando aos homens
A libertar-se dos seus verdugos humanos, supomos
Que àqueles que, à vista das esquadrilhas de aviões de bombardeamento da capital, ainda perguntem
O que é que nós pensamos, que ideia é que fazemos,
E o que vai ser dos seus mealheiros e das calças domingueiras depois de uma revolução,
Não temos muito a dizer.
B. Brecht
sábado, dezembro 08, 2007
quinta-feira, dezembro 06, 2007
o que ele pensou mas não disse
Tantas palavras são ditas
tantas palavras ficam por dizer.
O soldado voltou. Donde voltou não diz.
O que ele pensou mas não disse
É o que vão ouvir:
A batalha começou de madrugada e ao meio dia
tornou-se feroz, sangrenta.
O primeiro tombou à minha frente,
O segundo atrás de mim e o terceiro
foi trespassado pelo capitão.
Dos meus irmãos um morreu pelo ferro,
o outro pelo fumo.
Espancavam-me as costas até soltarem chispas
As mãos gelavam-se-me nas luvas,
os pés nas meias.
Comi botões de álamo, bebi sopa de roble,
Dormi na água sobre as pedras."
B. Brecht, "O Círculo de giz caucasiano"
quarta-feira, dezembro 05, 2007
se regressares, eu estarei aqui
"Simão Chachava, esperarei por ti
Podes partir, soldado, tranquilo,
Para a batalha sangrenta,
A batalha cruel de onde nem todos voltam.
Se regressares, eu estarei aqui.
Esperarei por ti sob o ulmeiro verde,
Esperarei por ti sob o ulmeiro já despido,
Esperarei por ti até que volte o último,
E ainda depois do último voltar.
Se regressares, soldado, da batalha,
Não hás-de ver à porta um par de botas,
E a almofada ao meu lado continuará vazia,
E a minha boca ninguém terá beijado.
Se voltares, se para mim voltares,
Poderás dizer: tudo está como outrora!"
in "O círculo de giz caucasiano", B. Brecht
quinta-feira, novembro 29, 2007
terça-feira, novembro 27, 2007
música maestro!
quarta-feira, novembro 21, 2007
domingo, novembro 18, 2007
vaidade
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quanto mais no céu eu vou sonhando,
E quanto mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
Florbela Espanca
domingo, novembro 04, 2007
suspenso
e não terminei nenhuma,
não sei para onde vão as minhas personagens
porque é que começam a falar
e logo se calam.
Sobre o papel acontece-me o mesmo que fora dele:
a minha vida é um punhado de inícios
suspensos.
Miriam Reyes, "bela adormecida"
terça-feira, outubro 23, 2007
quarta-feira, outubro 17, 2007
quarta-feira, outubro 10, 2007
segunda-feira, outubro 08, 2007
and now, for something completly different (4)
aquela menina levou o último
então uma bica e um pastel de nata, faxavor.
(abrir o pacote de açucar)
toda a gente sabe que os grandes amores causam indigestão,
(tlim, tlim, a colher na chávena)
da última vez engasguei-me e quase asfixiei
(com a boca cheia de pastel de nata)
com a porcaria do acúcar glacê que põem em cima
(o café a escaldar)
e depois aquele creme todo a escorrer
e o chocolate
e eu com chocolate, creme e açucar glacê na cara toda
e os outros"que grande amor!"
e eu a limpar-me com o guardanapo
com o grande amor a espalhar-se pelo corpo todo,
eu mergulhada no grande amor
no creme, no chocolate e no açucar glacê...
(um euro e vinte na caixa registadora)
amanhã venho mais cedo.
(a sair)
ainda deve haver um grande amor para mim.
pergunta
quarta-feira, outubro 03, 2007
guerra
"Sun Tzu disse:
(...)
A guerra é baseada na astúcia. O exército tem de avançar quando se torna vantajoso e alterar a situação através da dispersão e da concentração de forças. Quando em campanha, ser rápido como o vento. Quando em marcha lenta, majestoso como a floresta. Quando na ofensiva, violento como o fogo. Quando imóvel, firme como a montanha. Quando oculto, indescernível como a sombra. Quando em movimento, certeiro como um raio."
Sun Tzu, A Arte da Guerra
terça-feira, setembro 25, 2007
domingo, setembro 23, 2007
sonhos
pois.
é muito fácil interpretar como me sinto ultimamente: numa viagem arriscada, sem terra firme debaixo dos pés, sem destino certo. talvez deva beber um whisky, enquanto a tormenta não chega...
quarta-feira, setembro 19, 2007
passional
hoje dei aulas de expressão dramática a uma turma de 16 meninos e meninas de 7 anos;
45 minutos de jogos interrompidos para castigos, pedidos de desculpa, regras, regras, regras e muito pouca brincadeira, muito pouca escuta do outro;
45 minutos de pontapés, rasteiras, insultos, obscenidades.
a violência começa assim a instalar-se. não ouvimos, não vemos, não falamos. e a violência torna-se o veículo de comunicação que conhecemos, a violência torna-se o código. se não me ouvem, grito e esbracejo; se não olham para mim, empurro e insulto. se não me sei amado, agrido e atinjo todos à minha volta.
se deixamos de sentir e de estar com os outros, se não temos empatia por eles, é mais fácil eliminá-los; os "outros"são vistos como um "obstáculo" aos nossos desejos, um "objecto" que queremos possuir e transformar pela força.
e depois, um dia, crescemos; confundimos amor com posse. não percebemos nem aceitamos o abandono. ou não conseguimos deixar quem nos faz mal, porque estamos absolutamente sós.
e depois agredimos. deixamo-nos levar pelo desespero. tornamo-nos fanáticos. terroristas. enlouquecemos. matamos.
somos todos responsáveis.
http://www.asbeiras.pt/?area=destaque&numero=49193&ed=19092007
barcelona
queria hoje ser um pássaro e voar nos ceus de barcelona, voltar a hospedar-me em case de alba e neus, tomar café e falar de poesia, teatro, vídeo, violência com a myriam, falar português com o osvaldo, jogar e representar com yasmin, marc, mireia, susana, pera, veronica, ouvir de novo o angel falar dos seus projectos, encontrar na rua uma pessoa conhecida, ver as casas, as ruas, os monumentos, as pessoas da e na cidade, andar no metro, subir à sagrada familia, sonhar, e voar como um pássaro nos ceus de barcelona.
quinta-feira, setembro 13, 2007
esquadros
EM CORES QUE EU NÃO SEI O NOME
CORES DE ALMODÓVAR
CORES DE FRIDA KAHLO, CORES
PASSEIO PELO ESCURO
EU PRESTO ATENÇÃO NO QUE MEU IRMÃO OUVE
E COMO UMA SEGUNDA PELE, UM CALO, UMA CASCA,
UMA CÁPSULA PROTETORA
EU QUERO CHEGAR ANTES
PRA SINALIZAR O ESTAR DE CADA COISA
FILTRAR SEUS GRAUS
EU ANDO PELO MUNDO DIVERTINDO GENTE
CHORANDO AO TELEFONE
E VENDO DOER A FOME NOS MENINOS QUE TÊM FOME
PELA JANELA DO QUARTO
PELA JANELA DO CARRO
PELA TELA, PELA JANELA
(QUEM É ELA, QUEM É ELA?)
EU VEJO TUDO ENQUADRADO
REMOTO CONTROLE
EU ANDO PELO MUNDO
E OS AUTOMÓVEIS CORREM PARA QUÊ?
AS CRIANÇAS CORREM PARA ONDE?
TRANSITO ENTRE DOIS LADOS DE UM LADO
EU GOSTO DE OPOSTOS
EXPONHO O MEU MODO, ME MOSTRO
EU CANTO PRA QUEM?
PELA JANELA DO QUARTO
PELA JANELA DO CARRO
PELA TELA, PELA JANELA
(QUEM É ELA, QUEM É ELA?)
EU VEJO TUDO ENQUADRADO
REMOTO CONTROLE
EU ANDO PELO MUNDO E MEUS AMIGOS, CADÊ?
MINHA ALEGRIA, MEU CANSAÇO?
MEU AMOR CADÊ VOCÊ?
EU ACORDEI
NÃO TEM NINGUÉM AO LADO
PELA JANELA DO QUARTO
PELA JANELA DO CARRO
PELA TELA, PELA JANELA
(QUEM É ELA, QUEM É ELA?)
EU VEJO TUDO ENQUADRADO
REMOTO CONTROLE
Adriana Calcanhoto
segunda-feira, setembro 03, 2007
livros
2. Abrir na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Colocar a frase no blog
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
6. Passar o desafio a cinco pessoas
"Atingimos a ilha, onde tinham ficado todas juntas as outras
bem construídas naus; à volta delas os companheiros
estavam sentados a chorar, continuamente à espera
que voltássemos."
Homero, "Odisseia", tradução de Frederico Lourenço, Livros Cotovia
quinta-feira, agosto 30, 2007
mudanças (ou uma vida presa em caixotes)
caixotes e caixotes
cheios de passado e presente
em mudança para o futuro
(alguém me falou recentemente, duma vida dentro de caixotes: do caixote-casa, para o caixote-elevador, para o caixote-carro, depois o caixote-escola/local de trabalho e tudo outra vez para o caixote-casa, onde se vê o caixote-televisão ou o caixote-computador/play station.
é preciso desencaixotar a vida. quebrar as rotinas. desligar a tv e o computador e sair para o encontro com o amplo espaço dentro de nós. um espaço onde nos arriscamos a encontrar os outros e a nós nos outros. onde podemos partilhar um chá, um copo de vinho ou um cigarro. ou ler um poema em voz alta, dançar, trautear uma velha canção. ou apenas ficar em silêncio, olhar o céu e por vezes encontrar a lua inteira a vigiar-nos, e respirar esse instante de silêncio em que somos.)
quinta-feira, agosto 23, 2007
quinta-feira, agosto 16, 2007
fever
estou com febre
(resultado deste "verão" de temperaturas instáveis)
elvis "the pelvis" morreu há 30 anos
domingo, agosto 12, 2007
impressões de marrocos
uma briga de homens à noite na medina de essaouira, o cheiro a cominhos, a luz nas casas brancas, a rebentação das ondas no forte, os lenços, roupas e tapetes à porta das lojas, as pequenas mercearias muito arrumadas, a delicadeza e atenção da equipa do hotel.
o pintor "pregado" à parede da rua onde vende os seus trabalhos, o homem de feições judias (ou espanholas, ou portuguesas, ou...), o pão comprado na rua, o cheiro de sardinhas assadas, os gatos vadios sempre prontos para receber uma festa, os mendigos profissionais e outros que têm fome, os meninos que cheiram cola.
uma noite minguante de música na praia, dançar descalça na areia, (mas livres só quando conseguimos escapar aos comentários e assédio dos homens que nos olham), dançar com duas meninas de 4 anos que falam a lingua universal da brincadeira, tolerância, dádiva.
o pão, mel, outras iguarias e o chá de menta que Ali, o pescador de Iftan, partilhou connosco em sua casa, com um pátio onde as estrelas, todas, são o ornamento da simplicidade. o sorriso de Ali, 27 anos, pai de três filhos, o sorriso de Fatima, irmã de Ali, 18 anos, filha mais nova de uma prole de 14 irmãos e irmãs. o silêncio da mulher de Ali. o silêncio das mulheres.
um camaleão chamado michael jackson na medina de marrakech, o sorriso límpido do pequeno aprendiz de vendedor de especiarias (10 anos e meio, quer dizer, onze!)
flutuar nos sons, luzes, cheiros, num movimento ondulante, à noite na praça Djema el Fna, onde tudo acontece, contadores de histórias, encantadores de serpentes, macacos amestrados, músicos, mulheres que leêm tarot, que leêm a sina, que pintam hena nas mãos e pés, pedintes, ladrões, vendedores, pessoas que comem nas barracas de rua, que passam, que estão ali porque é ali que a vida se concentra.
o sentido de humor e delicadeza da maior parte das pessoas, o tráfego louco onde vale a lei do mais forte, a modernidade das avenidas novas de marrakech, a discoteca de arquitectura cuidada, os contrastes intensos entre vários mundos e vários povos num só local.
quinta-feira, agosto 02, 2007
qualquer coisa
Ps: esqueçam o roberto carlos no início do vídeo e maravilhem-se com o caetano veloso, tão novo!
terça-feira, julho 31, 2007
road to nowhere
(bem alembrado!, o que interessa é que estamos a caminho!)
PS: tinha esquecido que gostava muito dos talking heads
sexta-feira, julho 27, 2007
volver
(Estrella Morente)
Yo adivino el parpadeo
de las luces que a lo lejos
van marcando mi retorno.
Son las mismas que alumbraron
con sus plidos reflejos
hondas horas de dolor.
Y aunque no quise el regreso
siempre se vuelve
al primer amor.
La vieja calle
donde me cobijo
tuya es su vida
tuyo es su querer.
Bajo el burln
mirar de las estrellas
que con indiferencia
hoy me ven volver.
Volver
con la frente marchita
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir
que es un soplo la vida
que veinte aos no es nada
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez.
Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.
Tengo miedo de las noches
que pobladas de recuerdos
encadenen mi soar.
Pero el viajero que huye
tarde o temprano
detiene su andar.
Y aunque el olvido
que todo destruye
haya matado mi vieja ilusin,
guardo escondida
una esperanza humilde
que es toda la fortuna
de mi corazn.
Volver
con la frente marchita
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir
que es un soplo la vida
que veinte aos no es nada
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez.
(Carlos Gardel)
domingo, julho 22, 2007
encontro
sexta-feira, julho 13, 2007
segunda-feira, julho 09, 2007
lingerie
terça-feira, julho 03, 2007
quarta-feira, junho 27, 2007
silêncio
agradeceram-me o silêncio.
(shhhhh!
é preciso calar para ouvir)
obrigada.
segunda-feira, junho 25, 2007
Tu estás aqui
escrevo e oiço certos ruídos domésticos
e a luz chega-me humildemente pela janela
e dói-me um braço e sei que sou o pior aspecto do que sou
Estás aqui comigo e sou sumamente quotidiano
e tudo o que faço ou sinto como que me veste de um pijama
que uso para ser também isto este bicho
de hábitos manias segredos defeitos quase todos desfeitos
quando depois lá fora na vida profissional ou social só sou um nome e sabem
o que sei o
que faço ou então sou eu que julgo que o sabem
e sou amável selecciono cuidadosamente os gestos e escolho as palavras
e sei que afinal posso ser isso talvez porque aqui sentado dentro de casa sou
outra coisa
esta coisa que escreve e tem uma nódoa na camisa e só tem de exterior
a manifestação desta dor neste braço que afecta tudo o que faço
bem entendido o que faço com este braço
Estás aqui comigo e à volta são as paredes
e posso passar de sala para sala a pensar noutra coisa
e dizer aqui é a sala de estar aqui é o quarto aqui é a casa de banho
e no fundo escolher cada uma das divisões segundo o que tenho a fazer
Estás aqui comigo e sei que só sou este corpo castigado
passado nas pernas de sala em sala. Sou só estas salas estas paredes
esta profunda vergonha de o ser e não ser apenas a outra coisa
essa coisa que sou na estrada onde não estou à sombra do sol
Estás aqui e sinto-me absolutamente indefeso
diante dos dias. Que ninguém conheça este meu nome
este meu verdadeiro nome depois talvez encoberto noutro
nome embora no mesmo nome este nome
de terra de dor de paredes este nome doméstico
Afinal fui isto nada mais do que isto
as outras coisas que fiz fi-Ias para não ser isto ou dissimular isto
a que somente não chamo merda porque ao nascer me deram outro nome
que não merda
e em princípio o nome de cada coisa serve para distinguir uma coisa das
outras coisas
Estás aqui comigo e tenho pena acredita de ser só isto
pena até mesmo de dizer que sou só isto como se fosse também outra coisa
uma coisa para além disto que não isto
Estás aqui comigo deixa-te estar aqui comigo
é das tuas mãos que saem alguns destes ruídos domésticos
mas até nos teus gestos domésticos tu és mais que os teus gestos domésticos
tu és em cada gesto todos os teus gestos
e neste momento eu sei eu sinto ao certo o que significam certas palavras como
a palavra paz
Deixa-te estar aqui perdoa que o tempo te fique na face na forma de rugas
perdoa pagares tão alto preço por estar aqui
perdoa eu revelar que há muito pagas tão alto preço por estar aqui
prossegue nos gestos não pares procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás de maneira a poder dizer
sou isto é certo mas sei que tu estás aqui
Ruy Belo
Toda a Terra
Todos os Poemas
Assírio & Alvim
2000
http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/ruy_belo/poetas_ruybelo01.htm
sábado, junho 23, 2007
dizer
mas não há que dizer. já tudo foi dito. pensado.
mas não feito.
recolho-me. reservo-me.
preciso de silêncio.
quinta-feira, junho 21, 2007
domingo, junho 17, 2007
sexta-feira, junho 08, 2007
elevador
domingo, junho 03, 2007
que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de nos amours?
Que reste-t-il de ces beaux jours?
Une photo, vieille photo de ma jeunesse
Que reste-t-il des billets doux
Des mois d'avril, des rendez-vous?
Un souvenir qui me poursuit sans cesse
Bonheurs fanés, cheveux au vent
Baiser volés, rêves émouvants
Que reste-t-il de tout cela?
Dites-le moi
Un petit village un vieux clocher
Un paysage si bien caché
Et dans un nuage le cher visage
De mon passé
(Charles TRENET / Léo CHAULIAC)
terça-feira, maio 29, 2007
em construção
templo da sagrada família, barcelona, setembro de 2006
(hoje irritei-me. muito. concluo, mais uma vez, embora ninguém me acredite, que para manter a sanidade tenho de me afastar das pessoas. destas pessoas. mas, por enquanto, a única coisa que posso fazer é reconstruir o meu templo. a começar pelo interior.)
quarta-feira, maio 23, 2007
sexta-feira, maio 18, 2007
ir por aí
Me levam meus próprios passos...
(...)
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
(...)
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
(...)
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
(...)
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!
Excertos do "Cântico Negro" de José Régio
domingo, maio 13, 2007
quinta-feira, maio 10, 2007
segunda-feira, maio 07, 2007
espelho
uma palavra, um pensamento e logo se levantam velhos fantasmas, velhas memórias.
e quando essa palavra é dita por outros, mesmo sem julgar, de repente ficamos nus, frente a um espelho onde já nada podemos ocultar.
no espelho estão todas as fragilidades, todas as forças, tudo o que construímos, tudo o que mostramos e o que ocultamos, deliberadamente ou não, conscientemente ou não.
por isso, frente ao espelho, invento outras palavras, as do futuro.
se possível, sem me julgar.
sexta-feira, maio 04, 2007
quarta-feira, maio 02, 2007
de que nada se sabe
y ni siquiera sabe que es la luna;
la arena, que es la arena. No habrá una
cosa que sepa que su forma es rara.
Las piezas de marfil son tan ajenas
al abstracto ajedrez como la mano
que las rige. Quizá el destino humano
de breves dichas y de largas penas
es instrumento de otro. Lo ignoramos;
darle nombre de Dios no nos ayuda.
Vanos también son el temor, la duda
y la trunca plegaria que iniciamos.
¿Qué arco habrá arrojado esta saeta
que soy? ¿Qué cumbre puede ser la meta?
Jorge Luis Borges
terça-feira, maio 01, 2007
bailemos
Bailemos nós ja todas tres, ai amigas,
so aquestas avelaneiras frolidas
e quen for velida, como nós, velidas,
se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.
Bailemos nós ja todas tres, ai irmanas,
so aqueste ramo destas avelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar,
so aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.
Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,
so aqueste ramo frolido bailemos
e quen ben parecer, como nós parecemos,
se amig'amar,
so aqueste ramo so'l que nós bailemos
verrá bailar.
Airas Nunez
Retirado de http://pt.wikisource.org/wiki/Bailemos_n%C3%B3s_ja_todas_tres%2C_ai_amigas
sábado, abril 28, 2007
infidelidade
Hanif Kureishi, Intimidade
sexta-feira, abril 27, 2007
não-agir
executa o não-fazer,
saboreia o sem sabor,
considera o pequeno como o grande
e o pouco como o muito.
Ataca uma dificuldade nos seus elementos fáceis;
Realiza uma grande obra por pequenos actos.
A coisa mais difícil do mundo
reduz-se, afinal, a elementos fáceis.
A obra mais grandiosa realiza-se
necessariamente por pequenos actos.
O santo não empreende nada de grande
e pode assim realizar a sua própria grandeza.
Quem promete irreflectidamente raramente cumpre.
Quem julga que tudo é fácil encontra forçosamente muitas dificuldades.
O santo considera tudo difícil
e não encontra afinal nenhuma dificuldade.
Lao Tse, Tao te King
quarta-feira, abril 25, 2007
domingo, abril 22, 2007
sábado, abril 21, 2007
sexta-feira, abril 20, 2007
Os amantes
És tu? Diz-me que sim!
Transforma-te, se não fores,
torna-te no que ninguém esquece,
abre-me o circulo a mim.
Irradia de ti
plena certeza. Levanto
Os braços enfunados pelo teu vento.
És tu? Diz-me que sim!
Mostra-te, leve, assim
como música que reconhecemos
pelo ar que a traz e longe ouvimos…
És tu? Diz-me que sim!
Chama e gelo vi
a envolverem-te num fogo ardente.
Repara, espero-te, distante:
És tu? Diz-me que sim!
Rainer Maria Rilke
domingo, abril 15, 2007
procura-se
É favor contactar a rapariga de cabelo aos caracóis."
(há uns meses uma amiga fez uma coisa parecida com isto. não deu grande resultado com ela, mas acabou por se divertir com a brincadeira! roubei-lhe a ideia porque me apeteceu marcar um momento irrepetível. só um destino muito generoso nos colocaria de novo lado a lado!)
sábado, abril 14, 2007
and now, for something completly different (3)
Mulher- diz-me uma coisa, mas a sério. (pausa)
Andaste com ela?
(Sorriso maroto dele)
Homem - porque é que fazes essa pergunta?
M - é pá…
(riso dela)
responde lá: andaste ou não?
(Sorriso maroto dela)
H - que interessa se andei ou não? (pausa. Um pouco mais sério) Muda alguma coisa?
(ela sorri)
M- não muda nada, mas tenho curiosidade! (Pausa)
Diz lá!
H –só se disseres para que é que queres saber.
M - por nada, já disse. (pausa) Intuição feminina.
H – mas… ela… disse-te alguma coisa?
M- a mim? Nada!
H - então, como…
M- pá, sei lá, intuição!
(Pausa)
Dizes ou não, caralho?
(Pausa)
H- ok, andei. Mas foi só uma vez!
M- eu sabia!
(ele irónico)
H- explica lá isso da intuição feminina: o que é que viste?
(Risos dela)
M -nada!
H- alguma coisa viste, ou ouviste. Alguém…
M – não, ninguém me disse nada.
(pausa)
H – então? Explica lá, como é que funciona isso! Agora é a tua vez de falar.
(Pausa)
M- pá… sei lá. É assim uma cena que se percebe, sabes? Pá, é tipo, uma química, uma faísca, e basta a gente sentir isso com uma “rival” que se percebe logo.
H- uma “rival”? (acentua “rival”)
(risos dele)
M - sim, ou… ex-rival, ou candidata, pá, sei lá! São cenas de gaja! Vocês não alcançam.
H - mas quê… sentiste ciúmes, foi isso? Ela… olhou para mim, ou coisa do género?
M -merda, pá! Não te sei explicar! Não é ciúmes. (enfática) Não tenho ciúmes!!!
(Reforça “ciúmes”)
É mais como… tipo, como se pudesse ler os pensamentos dela, entendes? Como se a minha pele comunicasse com a dela… e como se a dela me estivesse a dizer: “eu também já aí andei”…
(Pausa)
(ela hesita e procura as palavras. Ele olha para ela fixamente, incrédulo)
H - quê? Vocês, gajas, comunicam com a pele?
(Risos de estupefacção e de gozo.)
M – ai a merda... Porque é que não fico calada… já sabia que não ias entender nada. (Reforça “nada”).
(Ela faz intenção de se levantar, mas fica sentada, como se procurasse alguma coisa. Pega nos cigarros dele e começa a fumar um.)
Uma gaja percebe, entendes, quando outra já andou com o teu homem, uma gaja percebe. Estava curiosa para confirmar, só isso, nada de especial. Não penses que tenho ciúmes dela. Não tenho. (pausa)
Que merda, pá. Já fodi a noite.
(Fuma nervosa, evita olhar de frente para ele.) ( Pausa.)
(Ele procura a mão dela, ela tenta afastar. Ele volta a procurar a mão dela.)
H - não fiques assim.
(Beija-lhe a mão. Ela desvia os olhos, húmidos.)
(Ele procura os olhos dela.)
Foi só uma noite, “no big deal”, ok? Uma noite, há anos atrás, nunca mais quis nada com ela. Juro. (Pausa)
Olha pra mim. Olha para mim.
(Ela olha.)
Não estragaste nada a noite, ok? Não há problema nenhum, ok? (Pausa) Desculpa ter-me rido.
(Ela cede, com os olhos baixos na mesa, as mãos entrelaçam-se. Ele beija de novo a mão dela.)
Desculpa…
(Ela interrompe)
M - desculpa eu… não devia ter perguntado nada… afinal é uma cena tua, íntima, não tinhas nada que me contar… desculpa…. Não tenho ciúmes. A sério, não tenho!
(Ele beija-a.)
H- não tenhas mesmo (reforça “mesmo”). És muito melhor que ela.
(Ela afasta-se. Ríspida.)
M -e em que lugar é que estou no ranking?
H - é pá, foda-se! (acentua e prolonga “foda-se”)
(Ele pega num cigarro.)
O que queres que te diga, gaita? Amo-te, carago! AMO-TE! Quero que a gaja se foda, percebes, nem sequer me lembro da cara dela. (pausa) Não há ranking nenhum. (pausa) Só tu. (Pausa)
Merda. (quase a chorar)
(Os dois afastados. Fumam sem se olharem durante algum tempo. Vão começando a olhar um para o outro. Lentamente começam a rir. Ela a rir e a chorar ao mesmo tempo. As mãos entrelaçam-se em cima da mesa. Riem e choram)
M - somos tão estúpidos! Eu sou tão estúpida! Desculpa, desculpa, desculpa. (beija a mão dele)
H -meu amor! (em tom baixo, terno)
(Abraçam-se, beijam-se. )
M - e sabes? Acho que afinal tenho ciúmes, não te quero perto daquela cabra, ouviste?
(ele sorri terno, beija-a)
H- ok.
(Mais beijos e carícias.)
Vamos?
M- hum, hum.
terça-feira, abril 10, 2007
Cavalgar, cavalgar, cavalgar, pela noite, pelo dia, pela noite.
Cavalgar, cavalgar, cavalgar.
E a coragem tornou-se tão lassa e a saudade tão grande.
in "Canção de Amor e Morte do Jovem Porta-Estandarte Cristóvão Rilke", de Rainer Maria Rilke
- Espectáculo “O Monumento”, de Colleen Wagner, de 11 a 14 de Abril, às 21h30.
- Conversa: "O Papel do Teatro e da Arte como forma de intervenção pela Paz", dia 17 de Abril, às 18h00. Entrada Livre
- Espectáculo “Canção de Amor e Morte do Jovem Porta-Estandarte Cristóvão Rilke”, de 18 a 21 de Abril às 21h30 e dia 22 às 19h00.
www.teatrao.com
quinta-feira, abril 05, 2007
terça-feira, abril 03, 2007
london
quarta-feira, março 28, 2007
segunda-feira, março 26, 2007
sábado, março 24, 2007
segunda-feira, março 19, 2007
quinta-feira, março 15, 2007
esperança
M.A.
quarta-feira, março 14, 2007
segunda-feira, março 12, 2007
paixão e quimera
Raúl Brandão, "Memórias", Vol.I
quinta-feira, março 08, 2007
Sísifo
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga
segunda-feira, março 05, 2007
quinta-feira, março 01, 2007
Quelqu'un m'a dit
On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud que de nos chagrins il s'en fait des manteaux pourtant quelqu'un m'a dit...
Refrain
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?
On me dit que le destin se moque bien de nous
Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout
Parais qu'le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou
Pourtant quelqu'un m'a dit ...
Refrain
Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit,
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits
"Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit"
Tu vois quelqu'un m'a dit...
Que tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit...
Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors ?
On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux,
Pourtant quelqu'un m'a dit que...
Refrain
Carla Bruni
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
vida escassa
Enrique Vila-Matas
in Suicídios Exemplares
domingo, fevereiro 25, 2007
que cantam os poetas
Qué cantan los poetas andaluces de ahora?
Qué miran los poetas andaluces de ahora?
Qué sienten los poetas andaluces de ahora?
Cantan con voz de hombre
pero, dónde los hombres?
Con ojos de hombre miran
pero, dónde los hombres?
Con pecho de hombre sienten
pero, dónde los hombres?
Cantan, y cuando cantan parece que están solos
Miran, y cuando miran parece que están solos
Sienten, y cuando sienten parece que están solos
Qué cantan los poetas, poetas andaluces de ahora?
Qué miran los poetas, poetas andaluces de ahora?
Qué sienten los poetas, poetas andaluces de ahora?
Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos
Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos
Pero, dónde los hombres?
Es que ya Andalucía se ha quedado sin nadie?
Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?
Que en los campos y mares andaluces no hay nadie?
No habrá ya quien responda a la voz del poeta,
Quien mire al corazón sin muro del poeta?
Tantas cosas han muerto, que no hay más que el poeta
Cantad alto, oireis que oyen otros oidos
Mirad alto, vereis que miran otros ojos
Latid alto, sabreis que palpita otra sangre
No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo encerrado
Su canto asciende a más profundo, cuando abierto en el aire
ya es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres (bis)
Rafael Alberti
encontrado aqui:
http://www.pimentanegra.blogspot.com
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Lusitânia
E nele enterram como uma aguda faca
A proa negra dos seus braços
Vivem de pouco pão e de luar.
sophia de mello breyner andresen
http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/poesia/sophia.htm
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
match point
(...)"Paixões inconvenientes. E quais o não são? Alimentadas por frémitos proibidos ou redentores - assumir a condição divina que miracule o outro, curando-lhe vícios e imperfeições. Arroubos de adrenalina desconjuntando corpo e mente. Não fora a curta duração, e aos apaixonados estariam limitadas as opções: enfrascarem-se em álcool e anestésicos, ou devolverem à terra o corpo e ao etéreo os espíritos sofredores. Chegado ao termo o estado de paixão, há mistura de alívio e nostalgia pelo que não chegou a ser – amor. Pelo meio, factos que nos distorcem, julgamos. Como gestação que nenhum dos responsáveis deseja. Egoísmo, clandestinidade, loucura. Por amor a outrem – desculpa mentirosa disfarçando a ferocidade do individualismo.
“Not everybody gets corrupted. You have to have a little faith in people.” - Mariel Hemingway, como Tracy, em Manhattan. Tudo dependendo do lado para onde cai o anel. Match Point. "
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
50 ways to leave your lover
"The problem is all inside your head", she said to me
The answer is easy if you take it logically
I'd like to help you in your struggle to be free
There must be fifty ways to leave your lover
She said it's really not my habit to intrude
Furthermore, I hope my meaning won't be lost or misconstrued
But I'll repeat myself at the risk of being crude
There must be fifty ways to leave your lover
Fifty ways to leave your lover
You just slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just get yourself free
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free
Ooo slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just listen to me
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free
She said it grieves me so to see you in such pain
I wish there was something I could do to make you smile again
I said I appreciate that and would you please explain
About the fifty ways
She said why don't we both just sleep on it tonight
And I believe in the morning you'll begin to see the light
And then she kissed me and I realized she probably was right
There must be fifty ways to leave your lover
Fifty ways to leave your lover
You just slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just get yourself free
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free
Slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don't need to be coy, Roy
Just listen to me
Hop on the bus, Gus
You don't need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free
Paul Simon
domingo, fevereiro 04, 2007
poema
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny
(para a Tânia que hoje nos ofereceu a sua sensibilidade)
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
terça-feira, janeiro 30, 2007
by this river
Here we are stuck by this river
You and i underneath a sky
That's ever falling down down down
Ever falling down
Through the day as if on an ocean
Waiting here always failing to remember
Why we came came came
I wonder why we came
You talk to me as if from a distance
And i reply with impressions chosen
From another time time time
From another time.
domingo, janeiro 28, 2007
quinta-feira, janeiro 25, 2007
quarta-feira, janeiro 24, 2007
dancing
in
www.vaniagala@blogspot.com
domingo, janeiro 21, 2007
hallelujah
para o yvan, o mais novo fan do leonard cohen!
aqui está o hallelujah na versão do john cale
tal como aparece no filme shreck
sábado, janeiro 20, 2007
pratos
"A vida é uma pilha de pratos a caírem no chão."
António Lobo Antunes, "Minuete do senhor de meia-idade"
quinta-feira, janeiro 18, 2007
quarta-feira, janeiro 17, 2007
canção
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?
Sentada, bordava um lenço de mão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?
Dei um cravo e dei um lenço,
só não dei o coração;
mas se o rapaz mo pedir
- mãe, dou-lho ou não?
Eugénio de Andrade
domingo, janeiro 14, 2007
sexta-feira, janeiro 12, 2007
domingo, janeiro 07, 2007
Joana d'Arc
sexta-feira, janeiro 05, 2007
raindrops keep falling on my head
do filme "Butch Cassidy and the Sundance Kid" (George R.Hill, 1969), com os magníficos Paul Newman e Robert Redford
http://www.imdb.com/title/tt0064115/
quarta-feira, janeiro 03, 2007
farol
"Não obstante os sonhos desfeitos, as promessas por cumprir, a constante vontade de partir, ficar parece ser a única opção.
Ficar, aguentar o balanço e esperar que o melhor aconteça.
Ficar não pode significar rendição ou submissão ou sequer recear ir. Ir ao fundo de nós, iluminados pelo farol dos outros pode ser a melhor viagem."
M.A.
escreve mais, minha amiga, as tuas palavras sábias e iluminadas também me servem de farol!