quarta-feira, outubro 07, 2009

"vender emoções"

A fadista Kátia Guerreiro num anúncio publicitário a um banco "disfarçado" de entrevista, diz, a propósito de ser médica e cantora o seguinte:

"Se vivesse só da música sentiria que estaria a vender as minhas emoções. Quero sempre sentir que sou uma mulher livre e que vou para cima do palco para partilhar."

Acho esta afirmação uma absoluta falta de respeito para com os artistas que vivem do seu trabalho e um profundo desconhecimento do que é ser artista.


Nada contra o facto de acumular as duas profissões, pode até ser uma mais valia para o trabalho criativo, embora acredite que os grandes artistas, os geniais, dificilmente podem, porque não conseguem, fazer outra coisa além do seu trabalho em arte. Aliás, será assim que se conseguem as obras de génio, com essa total dedicação, quantas vezes com sacrifícios inimagináveis. (Há sempre excepções, claro.)

Agora, parece-me que nesta afirmação a fadista considera "desprestigiante" viver apenas da música (ou de qualquer outra arte) porque quem o faz "vende as suas emoções".

Pois vende. Porque as emoções são a matéria prima do artista, são o seu trabalho. E como todo o trabalho deve ser pago.

Além disso, não me parece que a Kátia Guerreiro "partilhe" as suas emoções de graça...

2 comentários:

turito disse...

:-) adoro este teu lado.
Continuo por email... vou contar-te uma estória.
até já

natalie disse...

:)
gostei da estória.