sexta-feira, outubro 28, 2011

deixar ir



Esta noite tive um sonho estranho. Como todos os sonhos são, se calhar.
Eu era pequena, apesar do corpo não ser o de uma criança. E havia uma espécie de jogo de escondidas, ou de caça ao tesouro. Uma pessoa que parecia ser a minha mãe, dizia-nos (havia outras crianças, mas não me lembro bem) que tínhamos de encontrar um bebé. Eu estive um pouco perdida e parada no jogo, até que vi uma porta e quando a abri encontrei umas escadas de madeira. Sentei-me nas escadas e fechei a porta. Comecei a subir e encontrei o que parecia ser um bebé. Era uma mistura de bebé com boneco de criança e era tão pequeno que cabia na minha mão. Olhei para aquela criatura estranha e frágil na minha mão aberta. Tentei, com a outra mão, tocar-lhe, ver se estava vivo, se mexia, se estava quente. A criatura mexeu-se e eu, com cuidado, protegia-o, não sei bem de quê.
Como não sabia o que fazer, fui ter com aquela que se parecia com a minha mãe. Mostrei-lhe o bebé/boneco, disse-lhe "encontrei o bebé". Ela olhou com estranheza, mexeu-lhe levemente e disse "este não é o bebé que eu pedi". Olhou e mexeu-lhe um pouco mais e continuou "ele está mal, tem de ir para o hospital."
Nesse momento, o bebé/ boneco já se parecia mais com um bebé verdadeiro e eu já não era uma criança (e nem tenho a certeza se "eu" era mesmo eu). "Eu" agarrava no bebé e dizia "mas se ele for para o hospital nunca mais o vejo". E aquela que se parecia com a minha mãe, e que agora se parecia mais com uma médica, dizia "mas o bebé não é teu, tens de o deixar ir." E "eu" pensava "mas eu quero cuidar dele", enquanto via o bebé ser levado. Ao mesmo tempo eu conseguia ver-me a mim e ver o outro "eu" que via o bebé ser levado. E eu, no sonho ou já meia acordada pensei "coitada, deve ser difícil deixar ir o bebé."
Foi então que acordei.




(queria colocar aqui a fotografia de um barquinho de papel que vemos afastar-se, frágil, a fazer o seu caminho, mas que temos de deixar ir. mas não encontrei nenhuma fotografia interessante. imaginem.)

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