segunda-feira, janeiro 31, 2011

what's in a name?





Escrever o teu nome num papel. Escrever o teu nome mil vezes e mil vezes diferente. Como quem experimenta mil vezes encontrar-te. Escrever o teu nome e dizê-lo baixinho, como um mantra, ou um feitiço para te fazer presente: ou para me fazer presente junto de ti. Escrever o teu nome em todos os papéis que encontrar e depois rasgá-los, queimá-los, deitá-los ao lixo. É só um nome, afinal. Não és tu.






"What's in a name? That which we call a rose
By any other word would smell as sweet;"

Romeo and Juliet, W. Shakespeare

quinta-feira, janeiro 27, 2011

terça-feira, janeiro 25, 2011

dois sonhos

a noite passada tive dois sonhos
(podia ser "acordei com o teu beijo" mas isso é só nas cantigas)

se calhar foram mais do que dois, porque as cenas nos sonhos misturam-se e já não sabemos se estamos na mesma história ou se já entrámos noutro filme, perdão, sonho.

o primeiro sonho de que me lembro era nas ruas de uma cidade. acho que era lisboa (fez-me lembrar aquele fim de tarde em dezembro em que eu, S. e M. subimos e descemos ruas e ruas em lisboa à procura de um bar).

podia ser lisboa mas o que me lembro é de ir numa rua qualquer, de uma cidade qualquer e ser como que puxada para uma espécie de beco, rua empedrada, escadinhas, bem a descer. lá em baixo um casarão. agora já não estou sozinha, alguns familiares estão lá. há um bebé num carrinho, começa a chorar e alguém o vai acalmar. há outras pessoas no tal casarão, que tem umas escadas de acesso à porta principal, como se fosse uma igreja. e o que se passava lá era a boda de um casamento de pessoas que não conhecíamos.

os meus familiares (sei quem são, mas não interessa) querem entrar no casarão, mas eu não quero porque não conhecemos ninguém, não fomos convidados. discutimos, eles ganham, dizem que ninguém vai dar conta e acabamos por entrar, para comer. na sala onde entrámos já não estava ninguém, mas ouviam-se vozes através de uma porta de acesso. na mesa havia já muito pouca comida, e lembro-me de ter tirado uma daquelas metades de sandes triangulares e estar a olhar para o tecto luxuoso enquanto comia. de repente, abre-se a porta onde estava o resto das pessoas e alguém diz "vamos abrir o bolo de chocolate" e nós ficámos sem saber se devíamos entrar ou não.




o outro sonho foi bem mais interessante. eu estava num país qualquer, acho que era do médio oriente, podia ser a Turquia ou Israel, mas também podia ser um país europeu de leste, ou a Grécia. estava acompanhada de um homem e para onde fossemos um bando alegre e barulhento de crianças ia atrás. a dado momento ele diz-me "já percebeste que não vamos conseguir estar sozinhos", e rimos os dois, enquanto víamos as crianças a seguir-nos. depois disto, eu e ele entrámos numa festa, cheia de gente, muita música, pessoas a dançar. um homem mais velho puxa-me para dançar uma dança tradicional, eu lá me safo, e no fim o dançarino diz qualquer coisa como "ela sabe, é das nossas". toda a gente ri e bate palmas. recomeça a música e as mulheres e homens arrastam-me com o homem que me acompanha para uma roda de gente que dança. e nós rimos, e estávamos felizes, todos.




foram divertidos estes sonhos. bem mais do que a vida às vezes é.
acho que estar em abstinência de café há três dias me está a devolver o sono profundo e os sonhos.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

quarta-feira, janeiro 19, 2011

escrever

preciso escrever, não que isso interesse a alguém (nem à senhora gorda interessa), mas interessa-me a mim, que não consigo escrever o que quero como quero.

quero escrever sobre
compaixão
perdão
mas tudo o que aparece soa a livro de esoterismo barato.

quero escrever sobre
o vazio
ser sem estórias
mas tudo o que aparece soa a livro de auto-ajuda barato.

há temas sobre os quais é difícil ser simples, quando não se pretende (nem se tem talento e conhecimentos para) escrever um tratado filosófico.

é que tenho pensado sobre a compaixão. não a piedade, não a caridade cristã, antes a compaixão budista.
e no perdão. não no arrependimento, antes no sofrimento que é viver sem conseguir perdoar, esquecer.

e tenho pensado sobre a necessidade do vazio, de estar e ser sem história e sem estórias, furar o passado, atravessá-lo, deixar que se desprenda como a pele de uma serpente, para que este momento seja só isto.

que fazer? soa mesmo a esoterismo light, a auto-ajuda barata.
mas está dito.
e eu precisava dizer.

terça-feira, janeiro 11, 2011



Drew Barrymore
por David Lachapelle

domingo, janeiro 09, 2011

entro no amor como em casa

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.


Manuel António Pina
in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"

(encontrado no facebook)