quarta-feira, julho 08, 2009

sonhos (2)

já houve um tempo em que me lembrava dos sonhos quase todos os dias, eram sempre estranhos, fantásticos, cheios de detalhes impressionantes. de tal forma a minha avó materna se divertia tanto ao ouvi-los que me dizia "escreve-os, para não te esqueceres"!

a noite passada tive um desses sonhos estranhos e cheios de detalhes.
passava-se numa sala ampla e vazia, uma espécie de ginásio, onde se encontravam outras pessoas a dormir no chão. eu também estava a dormir e durante o sono comecei a falar, devia ser um pesadelo, e acordei com o som da minha voz. lembro-me de ter olhado em volta e ver um grupo grande de pessoas adormecidas e também de me ter perguntado sobre que palavras teria dito enquanto dormia, se seria algo importante.


entretanto, voltei a enroscar-me no chão e tentei adormecer. nesse momento, um rapaz que estava deitado perto do meu lugar na sala, levantou-se, sonâmbulo, e pegou em mim ao colo. lembro-me de o ver de olhos fechados, comigo nos braços, eu agarrada ao seu pescoço para não cair, sem saber o que ele ia fazer, cheia de cuidado para que ele não acordasse, pois sabe-se que não se deve acordar os sonâmbulos. o rapaz, que era leve e ágil como um bailarino ou como um anjo, com um sorriso sereno e um andar seguro, levou-me para o outro lado da sala.

tenho presente a sensação física de ter sido transportada ao colo, de o ver de olhos fechados a passar pelos espaços entre os corpos das pessoas que dormiam no meio da sala, e da sensação de serenidade e leveza do rapaz.

ele pousou-me com todo o cuidado no chão e regressou ao seu lugar onde se deitou e continuou a dormir.
eu fiquei sentada no chão ao lado de um homem com um sono pesado mas agitado, que apesar de estar a dormir parecia muito cansado, ou melhor, ocupado, como quem está embrenhado em resolver um daqueles problemas matemáticos muito complexos, ou a tentar perceber como se consegue concertar um mecanismo que se estragou.


fiquei a olhar para ele, como se conseguisse ver a confusão dos seus pensamentos, pareceu-me perturbado, pensei no que aconteceria quando ele acordasse e me visse ali, como reagiria, e cheguei a ter algum receio pois foi isso que me trouxe à realidade quando acordei com a luz da manhã.





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