terça-feira, janeiro 27, 2009

falar e calar

encontrei M. à porta do cinema no centro comercial, ele a sair, eu só a espreitar os cartazes.
a conversa instalou-se e entre troca de informações sobre amigos comuns e o que andamos a fazer desde a última vez que nos vimos, eu acabei por libertar frases gastas, queixei-me do cansaço, do stress, do trabalho, o costume.

foi então que M. revelou ter deixado de falar dos seus problemas aos amigos e conhecidos "porque os teus problemas só tu podes resolve-los" e "falar muito dos problemas só os aumenta".

fiquei a pensar sobre isso.

talvez M. tenha alguma razão, falar demais pode levar-nos a perpetuar a situação, a acreditar que nada podemos fazer para a mudar, a acumular frustrações e a ter a eterna sensação de incompetência para resolver os nossos problemas.

por outro lado, e sei-o por experiência própria, continuo a acreditar que a verbalização nos ajuda a ver o problema com outros contornos, a distanciar-nos dele, a encontrar insight na conversa (se bem orientada) e ajuda-nos a perceber como podemos agir para a mudança.

talvez se deva escolher apenas um ou dois interlocutores, amigos que só te ouvem e não tentam oferecer-te respostas, nem te julgam, nem dão conselhos, nem têm inveja, nem ficam secretamente contentes por estares na merda.

durante demasiado tempo na minha vida não falei de nada a ninguém. talvez agora fale demais sobre tudo e a muita gente. talvez seja preciso aprender a calar.

6 comentários:

Anónimo disse...

"amigos que só te ouvem e não tentam oferecer-te respostas, nem te julgam, nem dão conselhos, nem têm inveja, nem ficam secretamente contentes por estares na merda."

os amigos, queres tu dizer...
ainda assim, acredita no filtro solar...:-)

natalie disse...

sim esses são os amigos.
não percebi o "filtro solar", explica-te, pf!:)
bjs

Anónimo disse...

"If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it

The long-term benefits of sunscreen have been proved by scientists, whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience.

I will dispense this advice now(...)"

:-)))----bjs

natalie disse...

ok! pensei logo no "sunscreen" mas queria confirmar! adoro essa música/texto/vídeo!!! :-)))

Anónimo disse...

Temos que encontrar o equilíbrio... já pensei muito no que "postaste" (que palavra horrível!!!!) e acho que é importante termos alguém (um/muitos, conhecidos/desconhecidos, etc.) com quem libertemos a nossa tensão, assim como também gostamos de alguém para extravasar as nossas alegrias, como dizes: "(...) a verbalização nos ajuda a ver o problema com outros contornos, a distanciar-nos dele, a encontrar insight na conversa (se bem orientada) e ajuda-nos a perceber como podemos agir para a mudança.".

No entanto necessitamos de conseguir encontrar o equilíbrio de forma a que esses nossos problemas não nos consumam... caso contrário tornam-nos amargos e desiludidos com a vida, sem horizontes.

Um escritor policial de que eu gosto bastante diz: "(...) todos nós precisamos de alguém junto de quem nos descontraiamos sem falar, de alguém que nos compreenda... de alguém que tenha pelo menos uma vaga ideia do que nos apoquenta".

No fundo outra forma de dizer o que dizes: "talvez se deva escolher apenas um ou dois interlocutores, amigos que só te ouvem e não tentam oferecer-te respostas, nem te julgam, nem dão conselhos, nem têm inveja, nem ficam secretamente contentes por estares na merda."

É quase como a culinária... necessitamos de desabafar, q.b.

... outro excelente tema para reflexão...

Thanks a lot, Nathalie

Al ex

natalie disse...

obrigada pelo comentário e pelas reflexões!

bjs