segunda-feira, dezembro 29, 2008

Na outra colina



"Na outra colina, do lado de lá do ver,
é que os sonhos pastam.
Na outra colina, do lado de cá do ver
é que os anos passam."



(obrigada, querido amigo.)

segunda-feira, dezembro 22, 2008

sol


Eduard Munch


que o sol regresse aos nossos corações
e ilumine o nosso caminho

quarta-feira, dezembro 17, 2008

homesick





para desanuviar!


p.s.: já andamos há três anos por aqui...

terça-feira, dezembro 16, 2008

a cobra e o pirilampo


"Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo. Ele fugia com medo da feroz predadora, mas a cobra não desistia. Um dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:

- Posso fazer três perguntas?

- Podes. Não costumo abrir esse precedente, mas já que te vou comer, podes perguntar.

- Pertenço à tua cadeia alimentar?

- Não.

- Fiz-te alguma coisa?

- Não.

- Então porque é que me queres comer?

- Porque não suporto ver-te brilhar!"


(autor desconhecido)

segunda-feira, dezembro 15, 2008

working class girl


"quando as coisas não estão bem, podem sempre ficar pior..."

ou

"quem se lixa é o mexilhão"

ou

"a vida é uma pilha de pratos a cairem ao chão"
(A. Lobo Antunes)


ou

não haverá por aí um homem rico que me queira sustentar por uns meses?

ou

os momentos de crise (e de "filhadaputice" descarada...) também são de oportunidade, dizem...
a ver onde está a minha (quem sabe nossa, camaradas!) oportunidade... ou se a crio/ criamos...
pois que, da crise já andamos todos fartos...


PS: valha-nos o Senhor Ganesha, o removedor de obstáculos, que nem de propósito apareceu aqui ao lado! se quiserem saber o simbolismo e a história deste deus hindu com cabeça de elefante é só clicar na imagem.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

feriado

as ruas estão vazias, os centros comerciais cheios
o sol apareceu por algumas horas
e a roupa pendurada no estendal há uma semana,
o cheiro da humidade já entranhado,
parece finalmente estar seca

acordei tarde e estranhamente com calor
depois de tantos dias gelados
que pediam sempre mais tempo na cama para aquecer
e esquecer o escuro que as nuvens baixas e a chuva constante
deixam na rua e em mim

foi boa a noite de ontem
vinho, conversa, boa comida e amigos
era tudo o que precisava para me manter presente
e esquecer a “coisa mais estúpida que podia ter feito”
com a qual me auto-flagelei durante horas

passo pelas duas árvores que marcam o início da minha rua
no chão as folhas que os funcionários da câmara se esqueceram de levar
formam uma papa castanha e amarela, quase terra
ali ao lado, atrás do pavilhão, charcos de água reflectem o céu
tivesse eu 5 anos e galochas, e ia para lá chapinhar sonhos

a minha casa ainda cheira aos fritos do almoço,
experiências com mau resultado,
post-its e listas de tarefas chamam-me da preguiça
a impressora voltou a funcionar,
talvez fosse mesmo mau contacto dos cabos

devia ter vindo escrever isto logo que cheguei a casa,
mas resolvi lanchar o resto do bolo rei com chá de canela,
agora já me esqueci da frase inteligente com que ia acabar

não era nada disto, mas esta também serve:
todas as segundas feiras deviam ser feriado.

sábado, dezembro 06, 2008

viver sempre também cansa


"Viver sempre também cansa.
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.

O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.

Tudo é igual, mecânico e exacto.

Ainda por cima os homens são homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.

E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
discursos de Mussolini
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...

E obrigam-me a viver até à Morte!

Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?

Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre a almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velarias, meu amor do Norte.

Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com o teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."

E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo..."


José Gomes Ferreira

sexta-feira, dezembro 05, 2008

não escondas



não escondas
as mãos o riso o pão
a vida pulsa

não escondas
a lua o pensamento a vaga a tua mão

fica aqui
neste silêncio na paz
de nada saber
de nada ser além disto
aqui no silêncio
das mãos
da vida
do pão

não te escondas
do silêncio,
(no silêncio)
não partas

é preciso ser
aqui e agora
é preciso
ficar
para lembrar
para ser mais humano
para amar
é preciso deixar que o pensamento
fique aqui
aqui em mim
e em ti

sem partidas
sem regressos

aqui
aqui
aqui
fica
por favor
em silêncio
não digas nada

mas não te escondas
deixa que
o amor
sim o amor
te encontre
aqui
para além
das montanhas
das montanhas
do céu
das mãos
as tuas mãos
as minhas mãos
aqui
aqui aqui aqui aqui
em silêncio
silêncio
não te escondas

terça-feira, dezembro 02, 2008

confesso
que às vezes vejo telenovelas...


Cauã Reymond
mas é por uma boa razão!