quinta-feira, outubro 30, 2008
terça-feira, outubro 28, 2008
sexta-feira, outubro 24, 2008
não sei se respondo ou se pergunto
Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa
(é muito, muito bonito. obrigada!)
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa
(é muito, muito bonito. obrigada!)
quinta-feira, outubro 23, 2008
retrato de mónica
"De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.
A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias."
excerto de "Retrato de Mónica", Sophia de Mello Breyner Andersen
segunda-feira, outubro 20, 2008
paisagem
queria pôr aqui uma paisagem
um mar imenso e sem ondas
um deserto infinito
ou só o vazio das minhas mãos
(lembrei-me de satie, não sei porquê, está aí ao lado para quem quiser ouvir)
sexta-feira, outubro 17, 2008
o espelho
Assim como falham as palavras quando queremos exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando queremos pensar qualquer realidade.
(...)
"O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo."
Alberto Caeiro
(partiu-se um espelho. a culpa foi minha, que o coloquei na parede mesmo sabendo quão frágil era o suporte. partiu-se. entrei em casa e milhares de pedacinhos brilhantes no chão, todos reflectindo a minha estupidez. fiquei a pensar nos sete anos de azar... eu não sou supersticiosa, pero que las hay, las hay... mas merda... há que refazer caminho, outra e outra e outra vez. até acertar. comprar outro espelho, mais resistente, e desta vez pedir ajuda para o pendurar...)
quarta-feira, outubro 15, 2008
à tardinha
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços.
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas de um beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca, 1930, Charneca em Flor
segunda-feira, outubro 13, 2008
my favorite things
Raindrops on roses and whiskers on kittens
Bright copper kettles and warm woolen mittens
Brown paper packages tied up with strings
These are a few of my favorite things
Cream colored ponies and crisp apple streudels
Doorbells and sleigh bells and schnitzel with noodles
Wild geese that fly with the moon on their wings
These are a few of my favorite things
Girls in white dresses with blue satin sashes
Snowflakes that stay on my nose and eyelashes
Silver white winters that melt into springs
These are a few of my favorite things
When the dog bites
When the bee stings
When I'm feeling sad
I simply remember my favorite things
And then I don't feel so bad
"The Sound of Music"
Bright copper kettles and warm woolen mittens
Brown paper packages tied up with strings
These are a few of my favorite things
Cream colored ponies and crisp apple streudels
Doorbells and sleigh bells and schnitzel with noodles
Wild geese that fly with the moon on their wings
These are a few of my favorite things
Girls in white dresses with blue satin sashes
Snowflakes that stay on my nose and eyelashes
Silver white winters that melt into springs
These are a few of my favorite things
When the dog bites
When the bee stings
When I'm feeling sad
I simply remember my favorite things
And then I don't feel so bad
"The Sound of Music"
quarta-feira, outubro 08, 2008
domingo, outubro 05, 2008
lição de fotografia
para não me esquecer:
"Sabes que esta merda da vida é como a profundidade de campo na fotografia. Aberturas grandes, pouca profundidade de campo; aberturas pequenas, maior pdc. Maior profundidade de campo, equivale a uma maior zona de nitidez na imagem. Ou seja: focas algo, e o que está para além também fica nítido. Mas... mas... a nítidez é aparente.
Pois na realidade, numa imagem só há um ponto focado... o resto é nítidez aparente. Maior ou menor.
Enquanto não te entregares, enquanto tiveres medo de abraçar, com força, o teu círculo de confusão, a sua dimensão, fará com que tudo pareça desfocado, longe, inseguro. Um dia vais ter uma abertura pequenina, e vais ver que a luz, a que consegue passar, forma uma imagem muito mais nítida."
(....) "Caso contrário, dispersas... não te focas... vais-te passeando sem querer deixar marca..."
A.
(obrigada por me dizeres sempre o que eu precisava ouvir!)
"Sabes que esta merda da vida é como a profundidade de campo na fotografia. Aberturas grandes, pouca profundidade de campo; aberturas pequenas, maior pdc. Maior profundidade de campo, equivale a uma maior zona de nitidez na imagem. Ou seja: focas algo, e o que está para além também fica nítido. Mas... mas... a nítidez é aparente.
Pois na realidade, numa imagem só há um ponto focado... o resto é nítidez aparente. Maior ou menor.
Enquanto não te entregares, enquanto tiveres medo de abraçar, com força, o teu círculo de confusão, a sua dimensão, fará com que tudo pareça desfocado, longe, inseguro. Um dia vais ter uma abertura pequenina, e vais ver que a luz, a que consegue passar, forma uma imagem muito mais nítida."
(....) "Caso contrário, dispersas... não te focas... vais-te passeando sem querer deixar marca..."
A.
(obrigada por me dizeres sempre o que eu precisava ouvir!)
Subscrever:
Mensagens (Atom)