segunda-feira, outubro 16, 2006

reminiscências (2)

"Subimos o caminho da montanha em silêncio. Apenas o som dos pés na folhagem, os ramos que cortámos, alguns pássaros. A casa ficava escondida entre árvores e penedos. Eu seguia à frente, abrindo um caminho tantas vezes percorrido por nós, num outro tempo. Abri a porta de madeira velha e um corvo fugiu por uma pequena janela ao sentir luz e movimento. Estava tudo como ela havia deixado. Olhámos, imóveis, sem capacidade para entrar e alterar o cenário com a nossa presença. Foi ele quem finalmente deu o primeiro passo. Ela ainda vivia ali, podíamos sentir o seu cheiro, e vê-la-iamos surgir a qualquer momento, com as suas ervas no avental; lançar-nos-ia o seu olhar astuto e juntando as nossas mãos nas dela, diria, como nos disse tantas vezes, "meus filhos, que pode esta velha fazer por vós?"

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