terça-feira, novembro 26, 2013
vida
a vida sempre procura a vida
esta pequena planta, que devia estar no exterior a receber luz do sol directa, tem sido uma sobrevivente.
inicialmente colocada num outro espaço, a pequena haste foi crescendo em comprimento, procurando a luz do sol.
as folhas nasciam, murchavam, dava umas florzinhas quase sem cor, a haste crescia um pouco mais, e as novas folhas nasciam apenas próximo da ponta, ou seja, onde apanhavam mais energia.
até que, sem razão aparente, deixou de crescer e começaram a surgir novas folhas, mais verdes e saudáveis, na parte que tinha ficado para trás, e a ponta acabou por secar.
mudei-a de lugar para um sítio onde apanhava mais sol, e as folhas continuaram a crescer, formando também novas hastes a partir da primeira.
ficou pesada, com uma frágil e longa haste a carregar as novas e cheia de folhas grandes.
como este sítio era mais difícil de aceder, um dia ao querer regá-la, o vaso caiu e as hastes partiram-se todas.
achei que podia não recuperar, que tinha sido um sinal e que não devia te-la mudado de lugar.
ainda assim, pequei nos ramos partidos e coloquei-os na terra, reguei e adubei e fiquei à espera.
sobreviveu. as hastes mais novas começaram o seu caminho à procura da luz, as folhas reviraram para receber melhor o sol, e apesar de estar um pouco torta de tanto procurar a energia, está verde, saudável, com folhas novamente grandes e flores vermelhas, finalmente.
devia estar no exterior e apanhar sol de todos os lados, sem ter que se esforçar para procurar a luz que vem a horas certas visitar a janela.
mas sobrevive.
como eu.
também eu nestes dois anos (mais ou menos o tempo que tem a planta) me tenho distorcido à procura da luz, do sol, da energia, do que me faça gostar de viver. também eu me parti toda quando fui obrigada a mudar de lugar e o pensamento se tornou demasiado pesado.
também me replantei, no mesmo vaso mas com nova terra, me adubei com o que veio de fora e o que vivia dentro. também eu ainda estou em recuperação, reconstrução, procurando com esforço o sol, deixando morrer as folhas mais atrás para que as da frente sobrevivam. também eu tenho, apesar de tudo, algum espaço em mim para que as flores nasçam vermelhas.
tudo vive, tudo é movimento, mudança, circulo contínuo de renovação.
a vida sempre procura a vida.
domingo, novembro 24, 2013
sábado, novembro 23, 2013
terça-feira, novembro 19, 2013
quiet
mergulhando no nevoeiro
uma falsa calma, opaca
para deixar que o fora
revire o dentro
e me leve à calma autêntica
para que o nevoeiro me revele
e seja nítida a mim
e aos outros
sexta-feira, novembro 15, 2013
opiniões
quando não dava opiniões era mais feliz.
mas não se deve voltar aos lugares onde fomos felizes, não é?
e como também já me disseram, a tolerância com que não discuto (discutia) certas coisas, também pode ser vista como arrogância.
conversar, precisa-se.
e nunca foi tão difícil para mim conversar, ouvir, dar atenção.
(talvez por isso também não a receba, como antes - mas o antes... pois é, o antes não interessa nada...)
talvez só o silêncio seja possível.
(compreender implica alargar, ver de vários prismas, e depois vê-se tanto e de tantos ângulos, que a compreensão fica torta. incoerente e idiossincrática me confesso. entre voltar e reconstruir, perco-me. aceito os estilhaços e despojos com que me refaço, mas onde buscar novos materiais para este edifício?)
terça-feira, novembro 05, 2013
paisagem
sexta-feira, novembro 01, 2013
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