terça-feira, junho 11, 2013

pandora




http://en.wikipedia.org/wiki/Pandora
http://pandoraandeve.blogspot.pt/



por mais milénios que passem, continuamos agarrados a estas velhas histórias.
e com elas continuamos a associar o "mal" ou o "pecado" à mulher.

quando, em criança, tomei contacto com a mitologia grega e mesmo com as primeiras histórias da bíblia, não associei esta "culpa" original à mulher ou ao homem, mas sim ao ser humano.
foi com a catequese católica que me foi passada a ideia da mulher "culpada" por todos os males, com as dores, o sangue menstrual, o parto e toda a violência e sofrimento como uma espécie de "castigo" eterno.

por essa razão aos 13 anos "zanguei-me" com a igreja católica.
e continuo a "zangar-me" com todas as religiões, crenças e ideologias em que a mulher é demonizada, subalternizada, castrada, reduzida às funções de mãe e cuidadora, anulada sexualmente, usada ora como objecto sexual ora como empregada doméstica, limitada no seu crescimento para uma vivência plena e integral como ser humano.

só mais tarde, e com a ajuda de outras mitologias, percebi que a serpente simbolizava o conhecimento, que trincar a maçã ou abrir a caixa, fruto da curiosidade, são apenas o início
do caminho para o saber (o abandono da ignorância), são parte do "conhece-te a ti mesmo" do oráculo de Delfos.

as histórias, a mitologia, as religiões só me servem na medida em que me ajudam a crescer como ser humano e a conhecer-me a mim mesma - e por essa via conhecer "os deuses e o universo".

sempre que uma crença limita, discrimina e hierarquiza um ser humano em detrimento de outro entramos no campo do "poder", na exploração de um sobre o outro.

o grande poder das histórias da mitologia advém do facto de serem metafóricas e, por isso, admitirem múltiplas leituras à luz do "espírito do tempo".
compete-nos, por isso, saber lê-las e a responsabilidade de as transformar, sem esquecer que "uma metáfora, é uma metáfora, é uma metáfora."




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