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segunda-feira, agosto 17, 2009

o dos outros





(ilustração da Ana Oliveira )

por vezes gostava de ser mais emotiva, passional, fazer uma cena, ficar amuada.

mas não sou assim.

mudo de parágrafo, de página, de livro.

há tantas frases que quero, preciso escrever.

domingo, outubro 05, 2008

lição de fotografia

para não me esquecer:

"Sabes que esta merda da vida é como a profundidade de campo na fotografia. Aberturas grandes, pouca profundidade de campo; aberturas pequenas, maior pdc. Maior profundidade de campo, equivale a uma maior zona de nitidez na imagem. Ou seja: focas algo, e o que está para além também fica nítido. Mas... mas... a nítidez é aparente.

Pois na realidade, numa imagem só há um ponto focado... o resto é nítidez aparente. Maior ou menor.

Enquanto não te entregares, enquanto tiveres medo de abraçar, com força, o teu círculo de confusão, a sua dimensão, fará com que tudo pareça desfocado, longe, inseguro. Um dia vais ter uma abertura pequenina, e vais ver que a luz, a que consegue passar, forma uma imagem muito mais nítida."


(....) "Caso contrário, dispersas... não te focas... vais-te passeando sem querer deixar marca..."


A.


(obrigada por me dizeres sempre o que eu precisava ouvir!)



quarta-feira, outubro 01, 2008



preciso de qualquer coisa


mas não sei bem o quê...

quarta-feira, setembro 24, 2008


merda

ou

o fim de uma espera

e

mais uma rejeição

mas

dizem os sábios

que quando uma porta se fecha

outra se abre

abram-se as portas

todas

e deixem-me entrar.

as minhas estão escancaradas

e eu dentro

continuo à espera

mas pronta para entrar

em acção

e

em qualquer outra porta

que eu abra

ou

que se abra

para mim.

domingo, setembro 21, 2008

espera

Salvador Dali





(Não reajo. Fico à espera. Esse é o problema. Só uma acção suficientemente clara provoca uma reacção. Quando não percebo claramente, tenho tendência a imaginar, e aí, tudo se perde, nada se transforma. Só este momento é real, só isto existe, aqui e agora.)



sexta-feira, setembro 05, 2008

blue

Yves Klein




às vezes uma tristeza
azul
apodera-se de mim.

sábado, agosto 30, 2008

Silêncio:
as cigarras escutam
o canto das rochas



Matsuo Bashô


(de regresso)

segunda-feira, julho 21, 2008

terça-feira, junho 24, 2008

pirilampos

para ver pirilampos

arrisca-te no escuro

quarta-feira, maio 14, 2008

mergulho

Superfície, mergulho, superfície.

o céu excessivamente azul, o sol a ser milhares de brilhos na água.

domingo de manhã no parque ao sol, entre pais divorciados a passear as crianças e quarentonas de fato de treino, vi aqueles dois, ela as mãos na cara, ele a olhar os cartazes “arrenda-se” nos prédios ao longe.

não encontro o momento nem o lugar para me transformar, não pertenço a nada nem a ninguém, se calhar nem a mim, olho o rio e apetece-me dizer ou melhor gritar, o que quiserem, façam o que quiserem, merda, porque os Himalaias são longe, tão longe como eu, tão cheia de imagens e memórias e palavras

sempre entre o mergulho e a superfície, a inventar vidas, a mentir, a levar-me para outro sítio, eu a fazer de conta, a olhar e inventar, não acreditem em nada, só nas mãos que teclam, só nas mãos que tocam, só nas mãos que abrem

Superfície, mergulho, superfície.

domingo, abril 27, 2008

invisível

invisível não me perco pelas ruas mas em mim

está escuro e não sei

o silêncio e a porta que não abri

onde estavas tu e a tua mão aberta

ao desejo invisível do corpo

aqui há arvores e sonhos e nuvens e pessoas

perdida invisível em mim não sei

talvez caída atirada perdida numa vala

o abismo que não vi invisível e perdida

nas ruas não me perco mas em mim

não nos pensamentos mas na vida

perdida que não vai por onde a guio

não vai não vai não vai

invisível onde os sonhos fugitivos e escuros

estou perdida e não me vês amor perdida

no escuro não me perco mas em mim

e nas ruas eu perdi e perderam-me

e eu invisível de mim não sei mais não sei mais

o escuro e o meu corpo e o escuro

nas tuas mãos nem o amor invisível

e eu perdida perdida perdida

não sei por onde ando

mas deve ser por aqui dizem

que encontro as tuas mãos invisíveis

onde não me perco mas em mim

terça-feira, abril 08, 2008

cansa-me

Como dizer isto sem correr o risco de também eu…?

Enfim, só para desabafar:
cansa-me a altivez e superioridade moral com que algumas pessoas falam “só porque” passaram ou não por determinadas experiências. Como se isso lhes desse autoridade para falar “de alto” aos outros que não viveram nem sentiram as mesmas coisas que eles. Às vezes até falam com uma falsa empatia ou condescendência; sempre com “muito conhecimento de causa”: e quase sempre sem sequer se aperceberem do quanto estão a julgar os outros. (contra mim falo)

Lembra-me aquela história que vivi:
quando o centro da cidade estava diariamente invadido por “vendedores/angariadores” de uma determinada instituição de toxicodependentes, e eu todos os dias passava obrigatoriamente por eles, um dia desviei, como milhares de pessoas, o percurso para não ter de ser abordada pela centésima-milionésima vez. Uma das “angariadoras” vendo que eu me afastava deliberadamente do seu “posto”, virou-se para mim e “atirou-me” do alto da sua “superioridade moral de toxicodependente coitadinha de mim que já passei por muito e agora estou a ressacar e se não me dão nada vou ter de roubar”, esta maravilha das maravilhas das pragas: “havias era de apanhar a sida”.
Normalmente teria seguido o meu caminho e lançado manguitos invisíveis para a “angariadora” (esta dos manguitos invisíveis vi uma vez numa reportagem sobre o Vasco Santana. Acho que era o Vasco Santana…). Mas resolvi voltar atrás e da minha “superioridade moral de quem sabe e conhece as misérias do mundo porque trabalho com elas”, encetei (gosto desta palavra, parece sempre que vou abrir uma caixa de bolachas sortido) uma conversa com a moça: disse-lhe que o que me tinha desejado era horrível, e que não devia julgar porque não sabe nada da vida dos outros, que há mais pessoas na vida com problemas além dela, que todos nós transportamos connosco as nossas tragédias e lá porque andamos mais bem vestidos, ou de cara alegre ou não andamos a “angariar” dinheiro para “sair da droga” isso não dá aos outros direito de nos julgar, e blá-blá-blá, blá-blá-blá, etecetera-e-tal. Veio uma “angariadora-chefe” salvar a outra dos meus argumentos, e salvar-me a mim dos meus argumentos…

Pronto, no fundo o que eu queria dizer, assim a jeito de aviso, para quem resolver andar p’raí a atirar-me com “não sabes porque não passaste por isto assim- assim” ou “quando passares por isto é que vais ver”, é que, pá!, não se admirem se eu lhes começar a falar de repente no Vasco Santana, tipo, contar uma cena do “Pai Tirano”ou começar a cantar o “Fado do Vasquinho da anatomia”: é que estou a fazer como ele, a abrir a gaveta dos manguitos invisíveis e a deixá-los sair.
(podem fazer-me o mesmo se for eu a franco-atiradora de juízos morais.)


..........................................


porque, no fundo:


as minhas experiências são apenas as minhas experiências;
aquilo pelo que os outros passam é apenas aquilo pelo que os outros passam;

nem mais.
nem menos.

nem eu terei nunca acesso ao que os outros experimentam, por mais empatia que tenha, ou mesmo que até venha a passar por coisas idênticas;


nem os outros saberão se as experiências pelas quais passaram, terão ou teriam os mesmos efeitos em mim ou nas outras pessoas.

nem as minhas pessoalíssimas experiências, por melhor que eu as comunique, partilhe, ou até as viva em conjunto com outros, deixarão de ser as minhas pessoalíssimas experiências.


quarta-feira, janeiro 16, 2008

deixa cair
verás que não passas do chão
à devida distância
uma queda não passa de percussão

deixa morrer
o gesto que começou mal
ainda vais ter tempo
de reconstruir a tua catedral




Jorge Palma

domingo, janeiro 13, 2008

Arestas

"A vida tem muitas arestas irregulares: arestas que nos atraem como um precipício sobranceiro a um desfiladeiro convidativo; arestas que nos repelem como a tampa dentada de uma lata de metal aberta. Existe uma tensão entreo desejo de querer ver o limite, de senti-lo, de percorre-lo com as nossas mãos, e o desejo de recuar para a segurança, para o conforto. Podemos sentir-nos indecisos, hesitantes. Podemos sentar-nos e ponderar sobre o nosso próximo passo. Podemos desviar o olhar do limite e fingir que ele não se encontra ali. Mas apenas podemos manter-nos assim durante um curto espaço de tempo, na medida em que, mais tarde ou mais cedo, será necessário tomar uma decisão.
(...)
Não são as fronteiras do meu corpo que determinam quem eu sou, o que posso fazer e aonde posso ir. São as arestas de toda a gente e de todas as coisas que esculpem as minhas possibilidades.

Estou a falar como um poeta porque... bem... porque estou a evitar falar da aresta imperfeita da minha vida - no entanto, quero falar-lhe dela. Não me deterei naquilo que lhe vou contar. Não vou demorar interminavelmente na periferia. Não vou estar com rodeios, como os poetas costumam fazer. Vou limitar-me a contar-lhe, de chofre.
(...)

Devo, no entanto, adverti-lo de que isto poderá não ser agradável. Aquilo que estou prestes a contar pode ser difícil de escutar. Poderá pensar que é horrível e grotesco. Se for esse o caso, pode desviar o olhar ou fugir - compreenderei. Por vezes não estamos preparados para nos confrontar com coisas desta natureza.
Bem, estou pronta.
... espero um pouco. Está com ar de quem pensa ir embora. Por favor, não fuja tão depressa. Não é assim tão horrível como possa pensar.
(...)
Talves não seja necessário eu contar-lhe. Posso esconder o problema bastante bem. Vou encobrir as arestas. Já o fiz outras vezes. Podemos fingir que nada está diferente. O que acha? Ainda quer que lhe conte?
Quer? Claro que quer! Queremos sempre espreitar o que se encontra do outro lado - não é verdade?
(...)
Está pronto? Tem a certeza? Vou dizer estas palavras e depois desviar o olhar... porque não quero vê-lo fugir. Não quero vê-lo fugir de mim sem sequer olhar para trás. Espero, sinceramente, que quando deixar de esconder os meus olhos e a minha vergonha, ainda aqui o encontre.
Vou dize-lo agora.

Só tenho duas patas."


"À procura de Firebelly", J.C. Michaels

segunda-feira, janeiro 07, 2008

ramos
















entrançado de ramos
ligações
nós

dentro e fora de mim

(numa árvore seca
crescerão as folhas?)

nem sempre o céu é azul
e brilhante
nem sempre um pássaro
nos ramos

decido
avanço
perco-me
demoro

pouso num ramo da memória

tangerinas
e a srª do mercado (edite, aurora, odete?)

sacos de plástico cheios de fruta
e pão fresco
o cheiro a farinha
papel de embrulho
grosso

o austin vermelho
a estrada de curvas e o nevoeiro

um galão para a professora
ao meio da manhã

a chuva e o vidro da janela rachado.
(um pedra atirada a chamar-nos da preguiça)

os sábados, sempre os sábados.


preciso da primavera.
(e de esperança)

quarta-feira, janeiro 02, 2008

bom ano

do rato!

o meu ano :-)







sábado, dezembro 29, 2007

cigarra

Que silêncio!
Na profundeza da pedra
ressoa o canto da cigarra.





P.S. Obrigada!

segunda-feira, dezembro 24, 2007

sexta-feira, dezembro 21, 2007

yule

passa-se da noite de 21 para 22 de Dezembro.

é o solstício de inverno que acontece às 6h08m de dia 22.

é o dia mais curto, a noite mais longa. chega o inverno. o sol renasce.

celebremos, então, a luz.





















http://en.wikipedia.org/wiki/Yule

http://www.geocities.com/Athens/9301/Yule.html

http://www.circulosagrado.com.br/cs/celebracoes/yule.php



P.S. Em Sintra deve passar-se melhor. ;-)

quarta-feira, novembro 21, 2007

chegar

"Havemos de chegar a um qualquer lado. "

L.


P.S. nem que seja a marrocos!