Mostrar mensagens com a etiqueta corpo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta corpo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, outubro 19, 2011

and now for something completly different


corpo: calcanhares


Os do homem

Ele caminhava à minha frente no pequeno corredor da casa. Trazia umas sandálias de borracha, calças e camisa largas. As pernas magras, o andar leve, como o de um bailarino. Olhei instintivamente para o calcanhar que se mostrava livre, com a tira da sandália a rodeá-lo. Depois para o pescoço, vermelho. Os cabelos já brancos. A pele quase transparente. As mãos longas, lentas e esvoaçantes, a fazerem lembrar as asas de um pássaro. Mas os calcanhares. Pousavam no chão como se não lhe pertencessem. Consegui, só por vê-los, imaginar todo o pé, a curvatura suave, os dedos seguros e leves a tocar no chão, a vontade de voar, a vertigem de cair.

Contou-me, mais tarde, que em criança, se perdia nas estrelas e se imaginava lá longe, onde elas se encontram, como se, ao fechar os olhos, pudesse perder a gravidade e mergulhar naquele útero imenso, voltar à origem.


Os da mulher

A rapariga cozinhava, misturava ingredientes, cortava vegetais, o sal a sair-lhe solto dos dedos, as especiarias na palma da mão, o molho provado na colher de pau, o fumo dos tachos a envolve-la. Tinha uma saia étnica, comprida, t-shirt de alças, uma tatuagem num dos lados do pescoço, o cabelo preto apanhado de forma negligente com uma mola. Uma música oriental ondulava na cozinha. Olhei instintivamente para os pés dela. Estava descalça e num dos tornozelos uma pulseira com guizos. Os pés seguros no chão, os dedos abertos, como garras. Mas os calcanhares. Presentes, fortes, um pouco calejados, levantavam-se milimétricamente do chão a cada movimento, como se quisessem enraizar na terra e fazer de todo o corpo dela uma árvore.

Mais tarde, no campo, ela deitada no chão, o sol a queimar-lhe a cara, ela a misturar-se com a terra, a oferecer-se como semente, amante, a mergulhar naquele útero imenso, para voltar à origem.


terça-feira, agosto 18, 2009

corpos



Sasha Waltz, noBody




Pilobolus, Symbiosis






Jon Fosse, All that jazz

sexta-feira, julho 17, 2009

Edward Hopper

quarta-feira, julho 15, 2009

Marilyn Monroe

domingo, julho 05, 2009

a dança

Paula Rego

quarta-feira, julho 01, 2009

um café com Pina





"Quando saímos, se está a nevar e tudo se pôs branco, ficamos sós, sentimo-nos sós. Se o sol estiver a brilhar, talvez não. Mas nada garante que aquilo que o outro sente seja equivalente ao que nós próprios sentimos. Quanto à mensagem, não sei... Não há mensagem. A melhor coisa é deixar a intuição e a imaginação agirem. É verdade que eu quero dizer com força qualquer coisa difícil de formular, qualquer coisa de escondido; mas são os espectadores que têm de descobrir, senão tudo seria tosco e grosseiro; são vocês que têm de o descobrir, eu não posso proceder demasiado directamente. Frente a certos valores, é preciso, acima de tudo, sensibilidade."

Pina Bausch



"Se quisermos falar daquilo que o trabalho de Pina Bausch nos comunica, deparamos obrigatoriamente, num primeiro tempo, com o conceito de angústia. A angústia, que podemos considerar um dos principais problemas da nossa época, é um dos topoi mais importantes da obra de Pina Bausch. Trata-se da sua angústia pessoal, e da angústia dos seus personagens, de uma angústia que paralisa ou desencadeia a agressividade, da angústia de quem se descobre e continua a estar completamente nu, sem defesa, exposto às reacções de um parceiro no qual é impossível confiarmos uma vez que ele, igualmente dominado pela angústia, poderá ferir-nos. O desejo intenso de sermos amados esbarra nesta angústia: é desta contradição que nascem os conflitos, mas também a inflexão cómica que parece crescer à medida que a coreografa ganha distância em relação às suas própiras frustrações e obsessões, os seus complexos e os seus sonhos,(...)

(...)
Assitimos, então, ao nascimento de um novo tipo de espectáculo; este será, como uma revista, composto de colagens, de imagens que se esbatem como num sonho e de muitas histórias paralelas estruturadas segundo o princípio do conflito estético entre a tensão e o repouso, o forte e o fraco, o claro e o obscuro, o grande e o pequeno, o triste e o alegre.
(...)
(Pina Bausch) Não quer ver-se, seja de que maneira for, identificada com o movimento feminista, com o teatro feminista. Compromete-se com a emancipação dos seres humanos e não, em especial, com a da mulher.
(...)
Em seu entender, só é concebível um progresso na condição de os homens e as mulheres se mostrarem capazes de resolver juntos os problemas que resultam das suas relações sociais de dependência recíproca e decorrentes das imposições ditadas pelas convenções e pela vida. De resto, Pina Bausch considera que a emancipação poderá ser mais difícil para os homens, uma vez que aquilo que deles se espera, em termos de papeis sociais, é muito mais pesado."
(...)


Jochen Schmidt, "Da Modern dance ao Tanztheater"
"Pina Bausch, Falem-me de amor", Ed. Fenda



terça-feira, junho 30, 2009

Pina Bausch




(morreu hoje)

sábado, junho 27, 2009


Gustave Courbet

sexta-feira, junho 26, 2009

terça-feira, junho 09, 2009

Alison Brady

sábado, junho 06, 2009






Sun been down for days
A pretty flower in a vase
A slipper by the fireplace
A cello lying in it's case

Soon she's down the stairs
Her morning elegance she wears
The sound of water makes her dream
Awoken by a cloud of steam
She pours a daydream in a cup
A spoon of sugar sweetens up

And She fights for her life
As she puts on her coat
And she fights for her life on the train
She looks at the rain
As it pours
And she fights for her life
As she goes in a store
With a thought she has caught
By a thread
She pays for the bread
And She goes...
Nobody knows

Sun been down for days
A winter melody she plays
The thunder makes her contemplate
She hears a noise behind the gate
Perhaps a letter with a dove
Perhaps a stranger she could love

And She fights for her life
As she puts on her coat
And she fights for her life on the train
She looks at the rain
As it pours
And she fights for her life
As she goes in a store
With a thought she has caught
By a thread
She pays for the bread
And She goes...
Nobody knows

And She fights for her life
As she puts on her coat
And she fights for her life on the train
She looks at the rain
As it pours
And she fights for her life
Where people are pleasently strange
And counting the change
And She goes...
Nobody knows

terça-feira, maio 26, 2009

broken dreams





I walk along the street of sorrow,
The boulevard of broken dreams.
Where gigolo and gigolette
Can take a kiss without regret
So they forget their broken dreams.


You laugh tonight and cry tomorrow,
When you behold your shattered dreams.
And gigolo and gigolette
Awake to find their eyes are wet
With tears that tell of broken dreams.

Here is where you'll always find me,
Always walking up and down.
But I left my soul behind me
In an old cathedral town.

The joy you find here, you borrow,
You cannot keep it long, it seems.
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams.

Here is where you'll always find me,
Always walking up and down.
But I left my soul behind me
In an old cathedral town.

The joy you find here, you borrow,
You cannot keep it long, it seems.
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams.

segunda-feira, maio 18, 2009


Alison Brady

quarta-feira, maio 13, 2009






Anne Teresa De Keersmaeker

terça-feira, setembro 30, 2008

paul newman




Paul Newman e Elizabeth Taylor em "Gata em telhado de zinco quente"






Paul Newman e Robert Redford em "Butch Cassidy and the Sundance Kid"




o paul newman não era só um bom actor. era um homem bom.
morreu dia 26 de setembro, com 83 anos.

quinta-feira, setembro 11, 2008

corpo



Yves Klein, Anthropometrie



No princípio do corpo, era o corpo
E o corpo ocupava o tempo
No princípio do tempo
O corpo era o corpo
E o tempo soprava dentro
Do corpo

A volúpia do corpo e o nojo do corpo
O corpo antes do corpo
O pó, a matéria, a morte
O cheiro antes do acordar dos olhos
O tacto antes do acender do paladar
O paladar antes do tremer dos sons
Sentidos sem sentido no corpo
Que é vacum ainda antes de o ser
Na sopa das células
No caldo da vida
A centelha que procura a massa
A alma que se faz matéria
O espírito que se faz humano
A vida que se faz morte

A eternidade que abdica de ser
Para viver tudo, por inteiro, ter todas as experiências
Ser, como um actor que se mascara e traveste,
Ter todas as caras, todos os sexos, todo o amor e todo o ódio
Ser o total e infinito no meio do nada,
Profundo, vacum

Por isso o corpo, no princípio, o verbo, a carne
A vida que se materializa porque aceita a sua morte.

Assim como no início, regressemos ao corpo
Façamo-nos verbo, materializemos o sonho
A centelha da vida no corpo
Celebremos o corpo, o cheiro que nos une
O paladar e o tacto que provam o corpo
O olhar que o vê e transforma em desejo,
O som que nos desequilibra na dança do corpo

Como no início
Sejamos corpo no corpo
Tempo no tempo
Vida e morte
Num único e maravilhoso instante.

5-12-05











excertos de "Korper", de Sasha Waltz

quinta-feira, julho 31, 2008

massagens

não se sabe onde podem acabar!


shiatsu:




ayurvedica:




californiana:





a única que já experimentei a sério foi a shiatsu, mas as outras não perdem por esperar!


claro que algumas podem acabar "muito mal":

domingo, julho 27, 2008

festa

Vou prá festa!




(imagem do filme "marie antoinette" de sophia copola)



Venho da festa...




(foto de cindy sherman)

sexta-feira, junho 27, 2008

"sophia"

instalação artística interactiva

amanhã e domingo no pinhal das artes, em s. pedro do moel


http://www.projectovideolab.blogspot.com/