Ellen Von Unwerth
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quarta-feira, outubro 10, 2012
sexta-feira, setembro 14, 2012
quarta-feira, julho 11, 2012
sexta-feira, dezembro 02, 2011
quarta-feira, outubro 19, 2011
and now for something completly different
corpo: calcanhares
Os do homem
Ele caminhava à minha frente no pequeno corredor da casa. Trazia umas sandálias de borracha, calças e camisa largas. As pernas magras, o andar leve, como o de um bailarino. Olhei instintivamente para o calcanhar que se mostrava livre, com a tira da sandália a rodeá-lo. Depois para o pescoço, vermelho. Os cabelos já brancos. A pele quase transparente. As mãos longas, lentas e esvoaçantes, a fazerem lembrar as asas de um pássaro. Mas os calcanhares. Pousavam no chão como se não lhe pertencessem. Consegui, só por vê-los, imaginar todo o pé, a curvatura suave, os dedos seguros e leves a tocar no chão, a vontade de voar, a vertigem de cair.
Contou-me, mais tarde, que em criança, se perdia nas estrelas e se imaginava lá longe, onde elas se encontram, como se, ao fechar os olhos, pudesse perder a gravidade e mergulhar naquele útero imenso, voltar à origem.
Os da mulher
A rapariga cozinhava, misturava ingredientes, cortava vegetais, o sal a sair-lhe solto dos dedos, as especiarias na palma da mão, o molho provado na colher de pau, o fumo dos tachos a envolve-la. Tinha uma saia étnica, comprida, t-shirt de alças, uma tatuagem num dos lados do pescoço, o cabelo preto apanhado de forma negligente com uma mola. Uma música oriental ondulava na cozinha. Olhei instintivamente para os pés dela. Estava descalça e num dos tornozelos uma pulseira com guizos. Os pés seguros no chão, os dedos abertos, como garras. Mas os calcanhares. Presentes, fortes, um pouco calejados, levantavam-se milimétricamente do chão a cada movimento, como se quisessem enraizar na terra e fazer de todo o corpo dela uma árvore.
Mais tarde, no campo, ela deitada no chão, o sol a queimar-lhe a cara, ela a misturar-se com a terra, a oferecer-se como semente, amante, a mergulhar naquele útero imenso, para voltar à origem.
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quinta-feira, abril 28, 2011
quinta-feira, fevereiro 25, 2010
quarta-feira, novembro 25, 2009
domingo, outubro 11, 2009
quarta-feira, julho 22, 2009
segunda-feira, abril 06, 2009
and now, for something completly different (9)
Serviço personalizado
Eu: Boa tarde, queria uma saqueta para enviar esta encomenda, por favor.
CTT: (cheira o embrulho) Não é preciso. Fica já aqui! (risos) É para onde?
Eu: Para cá, para Portugal, para Aveiro.
CTT: (entrega a saqueta) É para homem ou mulher?
Eu: Mulh... Está a fazer muitas perguntas! (risos)
CTT: (risos) Mas o que é engraçado é que estou a ter as respostas todas! (mais risos) Como é para mulher já não me interessa, se o perfume fosse para homem...
Eu: Não é um perf... (enquanto escrevo o endereço na saqueta)
CTT: Agora a sério. (Muda de tom. Olhar "profissional". Eu rio-me enquanto escrevo na saqueta) Não, a sério: faço anos no dia 14 de Maio.
Eu: (gargalhada, pego na agenda para ver o resto da morada)
CTT: Também pode apontar a data no telemóvel.
Eu: não estou a apont... nem é preciso, nesse dia toda a gente vai saber, aqui (indico o espaço dos CTT com a cabeça) vai estar tudo "engalanado"! (risos)
CTT: Ah, mas eu não pago nada!
Eu: (risos, entregando a saqueta)
CTT: Um euro e meio.
Eu: (pago) Adeus!
CTT: Adeus!
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quarta-feira, março 18, 2009
and now, for something completly different (8)
De tanto leva "frechada" do teu olhar
Meu peito até parece sabe o quê?
"Táubua" de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde fura
Teu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais que atropelamento de "automóver"
Mata mais que bala de "revórver"
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sexta-feira, fevereiro 27, 2009
and now, for something completly different (7)
Conversa de um casal inglês na hora do chá, em tradução livre (2ª parte)
Ela (pousando a chávena de chá): Concordamos que discordámos.
Ele: Mas será que realmente discordámos?
Ela: O que queres dizer com isso?
Ele (sorvendo mais um gole de chá, com um leve sorriso): Sabes bem que acabas sempre por concordar comigo. Repara, quando dizias que...
Ela: Nonsense!
(Ela levanta-se e dirige-se para a janela. Espreita afastando as cortinas.)
(Silêncio)
Ele (abraçando-a pela cintura): És tão previsível...
(Silêncio)
Ela: Está a chover...
Ele: pois está...
Ela (pousando a chávena de chá): Concordamos que discordámos.
Ele: Mas será que realmente discordámos?
Ela: O que queres dizer com isso?
Ele (sorvendo mais um gole de chá, com um leve sorriso): Sabes bem que acabas sempre por concordar comigo. Repara, quando dizias que...
Ela: Nonsense!
(Ela levanta-se e dirige-se para a janela. Espreita afastando as cortinas.)
(Silêncio)
Ele (abraçando-a pela cintura): És tão previsível...
(Silêncio)
Ela: Está a chover...
Ele: pois está...
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quarta-feira, janeiro 14, 2009
and now, for something completly different (6)
mosca na sopa, raul seixas
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segunda-feira, abril 14, 2008
and now, for something completly different (5)
Conversa de um casal inglês na hora do chá, em tradução livre
Ela - Essa tua mania de dividir as pessoas em duas categorias: pobres e ricos, bons e maus, os de cá e os de lá, os que gostam de futebol e os que gostam de rugby, os que bebem chá e os que bebem café…
Ele - Ah! Esse é o ponto!
Ela - (atordoada) O quê?
Ele - Os que bebem chá e os que bebem café! Repara: se pensarmos bem todas as pessoas se dividem nestes dois grupos, por exemplo…
Ela – Nonsense! Olha para mim, tanto bebo chá como café!
Ele - Tu és uma bebedora de café e eu sou um bebedor de chá. Embora ambos façamos pontuais cedências à outra bebida, há sempre uma que....
Ela - Não posso concordar. Mais uma vez colocas barreiras entre as coisas. “Existe uma infindável gama…
Ele - “… de cinzentos entre o preto e o branco”, eu sei… estás sempre a dize-lo.
Ela - Porque é verdade.
Ele - Não para mim.
(silêncio)
Ele - Mais chá?
Ela -Sim obrigada.
Ela - Essa tua mania de dividir as pessoas em duas categorias: pobres e ricos, bons e maus, os de cá e os de lá, os que gostam de futebol e os que gostam de rugby, os que bebem chá e os que bebem café…
Ele - Ah! Esse é o ponto!
Ela - (atordoada) O quê?
Ele - Os que bebem chá e os que bebem café! Repara: se pensarmos bem todas as pessoas se dividem nestes dois grupos, por exemplo…
Ela – Nonsense! Olha para mim, tanto bebo chá como café!
Ele - Tu és uma bebedora de café e eu sou um bebedor de chá. Embora ambos façamos pontuais cedências à outra bebida, há sempre uma que....
Ela - Não posso concordar. Mais uma vez colocas barreiras entre as coisas. “Existe uma infindável gama…
Ele - “… de cinzentos entre o preto e o branco”, eu sei… estás sempre a dize-lo.
Ela - Porque é verdade.
Ele - Não para mim.
(silêncio)
Ele - Mais chá?
Ela -Sim obrigada.
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segunda-feira, outubro 08, 2007
and now, for something completly different (4)
apetecia-me um grande amor
aquela menina levou o último
então uma bica e um pastel de nata, faxavor.
(abrir o pacote de açucar)
toda a gente sabe que os grandes amores causam indigestão,
(tlim, tlim, a colher na chávena)
da última vez engasguei-me e quase asfixiei
(com a boca cheia de pastel de nata)
com a porcaria do acúcar glacê que põem em cima
(o café a escaldar)
e depois aquele creme todo a escorrer
e o chocolate
e eu com chocolate, creme e açucar glacê na cara toda
e os outros"que grande amor!"
e eu a limpar-me com o guardanapo
com o grande amor a espalhar-se pelo corpo todo,
eu mergulhada no grande amor
no creme, no chocolate e no açucar glacê...
(um euro e vinte na caixa registadora)
amanhã venho mais cedo.
(a sair)
ainda deve haver um grande amor para mim.
aquela menina levou o último
então uma bica e um pastel de nata, faxavor.
(abrir o pacote de açucar)
toda a gente sabe que os grandes amores causam indigestão,
(tlim, tlim, a colher na chávena)
da última vez engasguei-me e quase asfixiei
(com a boca cheia de pastel de nata)
com a porcaria do acúcar glacê que põem em cima
(o café a escaldar)
e depois aquele creme todo a escorrer
e o chocolate
e eu com chocolate, creme e açucar glacê na cara toda
e os outros"que grande amor!"
e eu a limpar-me com o guardanapo
com o grande amor a espalhar-se pelo corpo todo,
eu mergulhada no grande amor
no creme, no chocolate e no açucar glacê...
(um euro e vinte na caixa registadora)
amanhã venho mais cedo.
(a sair)
ainda deve haver um grande amor para mim.
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sábado, abril 14, 2007
and now, for something completly different (3)
Intuição feminina
Mulher- diz-me uma coisa, mas a sério. (pausa)
Andaste com ela?
(Sorriso maroto dele)
Homem - porque é que fazes essa pergunta?
M - é pá…
(riso dela)
responde lá: andaste ou não?
(Sorriso maroto dela)
H - que interessa se andei ou não? (pausa. Um pouco mais sério) Muda alguma coisa?
(ela sorri)
M- não muda nada, mas tenho curiosidade! (Pausa)
Diz lá!
H –só se disseres para que é que queres saber.
M - por nada, já disse. (pausa) Intuição feminina.
H – mas… ela… disse-te alguma coisa?
M- a mim? Nada!
H - então, como…
M- pá, sei lá, intuição!
(Pausa)
Dizes ou não, caralho?
(Pausa)
H- ok, andei. Mas foi só uma vez!
M- eu sabia!
(ele irónico)
H- explica lá isso da intuição feminina: o que é que viste?
(Risos dela)
M -nada!
H- alguma coisa viste, ou ouviste. Alguém…
M – não, ninguém me disse nada.
(pausa)
H – então? Explica lá, como é que funciona isso! Agora é a tua vez de falar.
(Pausa)
M- pá… sei lá. É assim uma cena que se percebe, sabes? Pá, é tipo, uma química, uma faísca, e basta a gente sentir isso com uma “rival” que se percebe logo.
H- uma “rival”? (acentua “rival”)
(risos dele)
M - sim, ou… ex-rival, ou candidata, pá, sei lá! São cenas de gaja! Vocês não alcançam.
H - mas quê… sentiste ciúmes, foi isso? Ela… olhou para mim, ou coisa do género?
M -merda, pá! Não te sei explicar! Não é ciúmes. (enfática) Não tenho ciúmes!!!
(Reforça “ciúmes”)
É mais como… tipo, como se pudesse ler os pensamentos dela, entendes? Como se a minha pele comunicasse com a dela… e como se a dela me estivesse a dizer: “eu também já aí andei”…
(Pausa)
(ela hesita e procura as palavras. Ele olha para ela fixamente, incrédulo)
H - quê? Vocês, gajas, comunicam com a pele?
(Risos de estupefacção e de gozo.)
M – ai a merda... Porque é que não fico calada… já sabia que não ias entender nada. (Reforça “nada”).
(Ela faz intenção de se levantar, mas fica sentada, como se procurasse alguma coisa. Pega nos cigarros dele e começa a fumar um.)
Uma gaja percebe, entendes, quando outra já andou com o teu homem, uma gaja percebe. Estava curiosa para confirmar, só isso, nada de especial. Não penses que tenho ciúmes dela. Não tenho. (pausa)
Que merda, pá. Já fodi a noite.
(Fuma nervosa, evita olhar de frente para ele.) ( Pausa.)
(Ele procura a mão dela, ela tenta afastar. Ele volta a procurar a mão dela.)
H - não fiques assim.
(Beija-lhe a mão. Ela desvia os olhos, húmidos.)
(Ele procura os olhos dela.)
Foi só uma noite, “no big deal”, ok? Uma noite, há anos atrás, nunca mais quis nada com ela. Juro. (Pausa)
Olha pra mim. Olha para mim.
(Ela olha.)
Não estragaste nada a noite, ok? Não há problema nenhum, ok? (Pausa) Desculpa ter-me rido.
(Ela cede, com os olhos baixos na mesa, as mãos entrelaçam-se. Ele beija de novo a mão dela.)
Desculpa…
(Ela interrompe)
M - desculpa eu… não devia ter perguntado nada… afinal é uma cena tua, íntima, não tinhas nada que me contar… desculpa…. Não tenho ciúmes. A sério, não tenho!
(Ele beija-a.)
H- não tenhas mesmo (reforça “mesmo”). És muito melhor que ela.
(Ela afasta-se. Ríspida.)
M -e em que lugar é que estou no ranking?
H - é pá, foda-se! (acentua e prolonga “foda-se”)
(Ele pega num cigarro.)
O que queres que te diga, gaita? Amo-te, carago! AMO-TE! Quero que a gaja se foda, percebes, nem sequer me lembro da cara dela. (pausa) Não há ranking nenhum. (pausa) Só tu. (Pausa)
Merda. (quase a chorar)
(Os dois afastados. Fumam sem se olharem durante algum tempo. Vão começando a olhar um para o outro. Lentamente começam a rir. Ela a rir e a chorar ao mesmo tempo. As mãos entrelaçam-se em cima da mesa. Riem e choram)
M - somos tão estúpidos! Eu sou tão estúpida! Desculpa, desculpa, desculpa. (beija a mão dele)
H -meu amor! (em tom baixo, terno)
(Abraçam-se, beijam-se. )
M - e sabes? Acho que afinal tenho ciúmes, não te quero perto daquela cabra, ouviste?
(ele sorri terno, beija-a)
H- ok.
(Mais beijos e carícias.)
Vamos?
M- hum, hum.
Mulher- diz-me uma coisa, mas a sério. (pausa)
Andaste com ela?
(Sorriso maroto dele)
Homem - porque é que fazes essa pergunta?
M - é pá…
(riso dela)
responde lá: andaste ou não?
(Sorriso maroto dela)
H - que interessa se andei ou não? (pausa. Um pouco mais sério) Muda alguma coisa?
(ela sorri)
M- não muda nada, mas tenho curiosidade! (Pausa)
Diz lá!
H –só se disseres para que é que queres saber.
M - por nada, já disse. (pausa) Intuição feminina.
H – mas… ela… disse-te alguma coisa?
M- a mim? Nada!
H - então, como…
M- pá, sei lá, intuição!
(Pausa)
Dizes ou não, caralho?
(Pausa)
H- ok, andei. Mas foi só uma vez!
M- eu sabia!
(ele irónico)
H- explica lá isso da intuição feminina: o que é que viste?
(Risos dela)
M -nada!
H- alguma coisa viste, ou ouviste. Alguém…
M – não, ninguém me disse nada.
(pausa)
H – então? Explica lá, como é que funciona isso! Agora é a tua vez de falar.
(Pausa)
M- pá… sei lá. É assim uma cena que se percebe, sabes? Pá, é tipo, uma química, uma faísca, e basta a gente sentir isso com uma “rival” que se percebe logo.
H- uma “rival”? (acentua “rival”)
(risos dele)
M - sim, ou… ex-rival, ou candidata, pá, sei lá! São cenas de gaja! Vocês não alcançam.
H - mas quê… sentiste ciúmes, foi isso? Ela… olhou para mim, ou coisa do género?
M -merda, pá! Não te sei explicar! Não é ciúmes. (enfática) Não tenho ciúmes!!!
(Reforça “ciúmes”)
É mais como… tipo, como se pudesse ler os pensamentos dela, entendes? Como se a minha pele comunicasse com a dela… e como se a dela me estivesse a dizer: “eu também já aí andei”…
(Pausa)
(ela hesita e procura as palavras. Ele olha para ela fixamente, incrédulo)
H - quê? Vocês, gajas, comunicam com a pele?
(Risos de estupefacção e de gozo.)
M – ai a merda... Porque é que não fico calada… já sabia que não ias entender nada. (Reforça “nada”).
(Ela faz intenção de se levantar, mas fica sentada, como se procurasse alguma coisa. Pega nos cigarros dele e começa a fumar um.)
Uma gaja percebe, entendes, quando outra já andou com o teu homem, uma gaja percebe. Estava curiosa para confirmar, só isso, nada de especial. Não penses que tenho ciúmes dela. Não tenho. (pausa)
Que merda, pá. Já fodi a noite.
(Fuma nervosa, evita olhar de frente para ele.) ( Pausa.)
(Ele procura a mão dela, ela tenta afastar. Ele volta a procurar a mão dela.)
H - não fiques assim.
(Beija-lhe a mão. Ela desvia os olhos, húmidos.)
(Ele procura os olhos dela.)
Foi só uma noite, “no big deal”, ok? Uma noite, há anos atrás, nunca mais quis nada com ela. Juro. (Pausa)
Olha pra mim. Olha para mim.
(Ela olha.)
Não estragaste nada a noite, ok? Não há problema nenhum, ok? (Pausa) Desculpa ter-me rido.
(Ela cede, com os olhos baixos na mesa, as mãos entrelaçam-se. Ele beija de novo a mão dela.)
Desculpa…
(Ela interrompe)
M - desculpa eu… não devia ter perguntado nada… afinal é uma cena tua, íntima, não tinhas nada que me contar… desculpa…. Não tenho ciúmes. A sério, não tenho!
(Ele beija-a.)
H- não tenhas mesmo (reforça “mesmo”). És muito melhor que ela.
(Ela afasta-se. Ríspida.)
M -e em que lugar é que estou no ranking?
H - é pá, foda-se! (acentua e prolonga “foda-se”)
(Ele pega num cigarro.)
O que queres que te diga, gaita? Amo-te, carago! AMO-TE! Quero que a gaja se foda, percebes, nem sequer me lembro da cara dela. (pausa) Não há ranking nenhum. (pausa) Só tu. (Pausa)
Merda. (quase a chorar)
(Os dois afastados. Fumam sem se olharem durante algum tempo. Vão começando a olhar um para o outro. Lentamente começam a rir. Ela a rir e a chorar ao mesmo tempo. As mãos entrelaçam-se em cima da mesa. Riem e choram)
M - somos tão estúpidos! Eu sou tão estúpida! Desculpa, desculpa, desculpa. (beija a mão dele)
H -meu amor! (em tom baixo, terno)
(Abraçam-se, beijam-se. )
M - e sabes? Acho que afinal tenho ciúmes, não te quero perto daquela cabra, ouviste?
(ele sorri terno, beija-a)
H- ok.
(Mais beijos e carícias.)
Vamos?
M- hum, hum.
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quinta-feira, novembro 09, 2006
and now, for something completly different (2)
Nada pior que cair numa página em branco: um deserto vazio que não sabemos como atravessar. Principalmente quando temos calçados uns enormes chinelos da pantera cor de rosa e vestimos um pijama de ursinhos… Olhei em volta: branco e mais branco. Nem um ponto e vírgula, nem um travessão, nada de reticências. As personagens desapareceram, a página não estava numerada, e nem uma única palavra como pista. Seria o diário íntimo de uma cortesã, com páginas de segredos eróticos ocultos em tinta invisível? Ou seria a página branca um mero erro de tipografia? Encontraria gravuras? Ou pequenos e rigorosos poemas haiku? E se não fosse um livro mas antes uma página solta que a qualquer momento o vento faria voar? O suspense aumentava a cada passo, o coração batia veloz, as pernas tremiam de ansiedade… haveria algo a seguir ao nada?
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terça-feira, março 21, 2006
and now, for something completly different
Hoje acordei no meio de um romance de Jane Austen. Não sei como aconteceu, até porque nunca li nada da escritora, com quem apenas contactei via série televisiva.
Acordei numa página, igual a tantas outras, com os caracteres vincados na folha branca, o número da página em baixo ao centro, uma ligeira transparência do papel, o idioma inglês a desfilar aos meus pés, e as personagens femininas todas a correrem desenfreadas atrás de um qualquer galã em traje de época.
Espantada com inesperada e vertiginosa viagem, entrei na corrida com as outras mulheres (só destoava por estar de pijama), mas quando estava quase a alcançar a linha da frente, a centímetros de conseguir tocar num “Mr. Darcy” apavorado, apanhei uma frase a meio, tive de virar a página e caí com algum estrondo no chão, ao lado dos chinelos de quarto.
Agora digam lá se isto não é ter "sensibilidade e bom senso".
Acordei numa página, igual a tantas outras, com os caracteres vincados na folha branca, o número da página em baixo ao centro, uma ligeira transparência do papel, o idioma inglês a desfilar aos meus pés, e as personagens femininas todas a correrem desenfreadas atrás de um qualquer galã em traje de época.
Espantada com inesperada e vertiginosa viagem, entrei na corrida com as outras mulheres (só destoava por estar de pijama), mas quando estava quase a alcançar a linha da frente, a centímetros de conseguir tocar num “Mr. Darcy” apavorado, apanhei uma frase a meio, tive de virar a página e caí com algum estrondo no chão, ao lado dos chinelos de quarto.
Agora digam lá se isto não é ter "sensibilidade e bom senso".
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