Intuição feminina
Mulher- diz-me uma coisa, mas a sério. (pausa)
Andaste com ela?
(Sorriso maroto dele)
Homem - porque é que fazes essa pergunta?
M - é pá…
(riso dela)
responde lá: andaste ou não?
(Sorriso maroto dela)
H - que interessa se andei ou não? (pausa. Um pouco mais sério) Muda alguma coisa?
(ela sorri)
M- não muda nada, mas tenho curiosidade! (Pausa)
Diz lá!
H –só se disseres para que é que queres saber.
M - por nada, já disse. (pausa) Intuição feminina.
H – mas… ela… disse-te alguma coisa?
M- a mim? Nada!
H - então, como…
M- pá, sei lá, intuição!
(Pausa)
Dizes ou não, caralho?
(Pausa)
H- ok, andei. Mas foi só uma vez!
M- eu sabia!
(ele irónico)
H- explica lá isso da intuição feminina: o que é que viste?
(Risos dela)
M -nada!
H- alguma coisa viste, ou ouviste. Alguém…
M – não, ninguém me disse nada.
(pausa)
H – então? Explica lá, como é que funciona isso! Agora é a tua vez de falar.
(Pausa)
M- pá… sei lá. É assim uma cena que se percebe, sabes? Pá, é tipo, uma química, uma faísca, e basta a gente sentir isso com uma “rival” que se percebe logo.
H- uma “rival”? (acentua “rival”)
(risos dele)
M - sim, ou… ex-rival, ou candidata, pá, sei lá! São cenas de gaja! Vocês não alcançam.
H - mas quê… sentiste ciúmes, foi isso? Ela… olhou para mim, ou coisa do género?
M -merda, pá! Não te sei explicar! Não é ciúmes. (enfática) Não tenho ciúmes!!!
(Reforça “ciúmes”)
É mais como… tipo, como se pudesse ler os pensamentos dela, entendes? Como se a minha pele comunicasse com a dela… e como se a dela me estivesse a dizer: “eu também já aí andei”…
(Pausa)
(ela hesita e procura as palavras. Ele olha para ela fixamente, incrédulo)
H - quê? Vocês, gajas, comunicam com a pele?
(Risos de estupefacção e de gozo.)
M – ai a merda... Porque é que não fico calada… já sabia que não ias entender nada. (Reforça “nada”).
(Ela faz intenção de se levantar, mas fica sentada, como se procurasse alguma coisa. Pega nos cigarros dele e começa a fumar um.)
Uma gaja percebe, entendes, quando outra já andou com o teu homem, uma gaja percebe. Estava curiosa para confirmar, só isso, nada de especial. Não penses que tenho ciúmes dela. Não tenho. (pausa)
Que merda, pá. Já fodi a noite.
(Fuma nervosa, evita olhar de frente para ele.) ( Pausa.)
(Ele procura a mão dela, ela tenta afastar. Ele volta a procurar a mão dela.)
H - não fiques assim.
(Beija-lhe a mão. Ela desvia os olhos, húmidos.)
(Ele procura os olhos dela.)
Foi só uma noite, “no big deal”, ok? Uma noite, há anos atrás, nunca mais quis nada com ela. Juro. (Pausa)
Olha pra mim. Olha para mim.
(Ela olha.)
Não estragaste nada a noite, ok? Não há problema nenhum, ok? (Pausa) Desculpa ter-me rido.
(Ela cede, com os olhos baixos na mesa, as mãos entrelaçam-se. Ele beija de novo a mão dela.)
Desculpa…
(Ela interrompe)
M - desculpa eu… não devia ter perguntado nada… afinal é uma cena tua, íntima, não tinhas nada que me contar… desculpa…. Não tenho ciúmes. A sério, não tenho!
(Ele beija-a.)
H- não tenhas mesmo (reforça “mesmo”). És muito melhor que ela.
(Ela afasta-se. Ríspida.)
M -e em que lugar é que estou no ranking?
H - é pá, foda-se! (acentua e prolonga “foda-se”)
(Ele pega num cigarro.)
O que queres que te diga, gaita? Amo-te, carago! AMO-TE! Quero que a gaja se foda, percebes, nem sequer me lembro da cara dela. (pausa) Não há ranking nenhum. (pausa) Só tu. (Pausa)
Merda. (quase a chorar)
(Os dois afastados. Fumam sem se olharem durante algum tempo. Vão começando a olhar um para o outro. Lentamente começam a rir. Ela a rir e a chorar ao mesmo tempo. As mãos entrelaçam-se em cima da mesa. Riem e choram)
M - somos tão estúpidos! Eu sou tão estúpida! Desculpa, desculpa, desculpa. (beija a mão dele)
H -meu amor! (em tom baixo, terno)
(Abraçam-se, beijam-se. )
M - e sabes? Acho que afinal tenho ciúmes, não te quero perto daquela cabra, ouviste?
(ele sorri terno, beija-a)
H- ok.
(Mais beijos e carícias.)
Vamos?
M- hum, hum.
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