quinta-feira, abril 30, 2009

terça-feira, abril 28, 2009

segunda-feira, abril 27, 2009

soneto da fidelidade







De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



Vinicius de Moraes

new dawn

Jan Saudek

sábado, abril 25, 2009

adiante











triste apenas por mais uma vez ter chegado atrasada...








mas agora sei: as janelas fecharam-se.








adiante.

liberdade

ontem fui pela primeira vez a uma suposta comemoração do 25 de abril.
foi deprimente.
slogans gastos, apelos a votos naquele partido (cujo nome não vou escrever para não virem aqui parar militantes através das pesquisas do google), leituras de poemas "revolucionários" pelos leitores oficiais de poemas da cidade, uma rapariga histérica a apresentar os grupos de música tradicional portuguesa (aliás a única coisa que valeu a pena e a minha razão para estar ali), cuja prestação (da rapariga) seria trágica se não fosse risível (ou vice versa?).
no fim, depois de um slide-show de imagens de ricos e pobres, manifestantes e cantores de intervenção, a rapariga deu o golpe final com uma "performance fúnebre": trazia pomposamente um cravo na mão, depositou-o no chão como quem põe flores numa campa, e saiu do palco "em marcha atrás", olhando o cravo no chão...



depois de algumas cervejas, a minha proposta para o 25 de Abril nas ruas:

uma “parade” mais louca que a "gay parade" de Amesterdão, o "mardi gras" de New Orleans, mais libertária que woodstock, onde todos pudéssemos fazer O QUE NOS DÁ NA REAL GANA.

haveria "spots" nas ruas onde qualquer pessoa pudesse cantar, dançar, discursar, ler poemas, fazer “show de strip”, O QUE LHES APETECESSE.

espalhar grupos musicais, de teatro, dança, artistas plásticos, escritores, fotografos, cineastas, artistas de qualquer arte! pelas ruas, a fazer O QUE QUISESSEM.

criar sítios de encontro, conversa, leitura, de debate sobre QUALQUER COISA.

o 25 de Abril devia ser uma festa para todos, livre de convenções e do "respeitinho" que os senhores das comemorações impõem à coisa; uma festa fresca, jovem, mesmo se os jovens que nela participassem nunca viessem a saber o que foi o 25 de Abril, pelo menos saberiam que naquele feriado, todos os anos, se comemora A LIBERDADE com todos os seus excessos.

sexta-feira, abril 24, 2009

A propósito dos estelares cristais de gelo

A propósito de estrelas



Não sei se me interessei pelo rapaz
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com as estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas


Adília Lopes


libertango

quarta-feira, abril 22, 2009

domingo, abril 19, 2009

os que vão

Paragem para jantar num restaurante de beira de estrada. Saio do autocarro e sigo os outros passageiros para dentro do edifício. Demoro na casa de banho e quando entro na sala do restaurante, reparo: quase todos os passageiros são casais entre os 60-70 anos. A única mesa vaga é debaixo do plasma que transmite um jogo espanhol, onde um desses casais também se vem sentar. Em poucos minutos todos nós já tirámos os nossos “farnéis” dos sacos e mochilas. Numa mesa em frente um casal de velhos de aspecto aldeão; trouxeram copos de vidro onde despejam vinho de um pequeno garrafão branco, toalha e talheres, como para um verdadeiro pic-nic.
De onde estou consigo ver toda a sala. Olho as faces destes homens e mulheres e, estranhamente, comovo-me. Mastigo a minha sandes de presunto embrulhada em plástico aderente, olho de vez em quando para o ecrã em cima da minha cabeça, para entreter os olhos e evitar as lágrimas que me surpreendem.
Não sei o que me comoveu: se as faces e corpos marcados pelo trabalho; se um olhar ausente, cansado, em quase todos; se o facto de eu estar ali, a partilhar um ritual que eles parecem conhecer bem (a merenda, a viagem); se a imaginação, que me fez viajar à sua juventude, às suas esperanças, medos, vontades, decepções e conquistas.
Olho para os “ares franceses” de algumas senhoras, para a simplicidade de quase todos os homens e penso “estes são os que vão; os que foram e não hesitaram; os que procuraram; os que, de alguma forma, continuam a ir.”

sexta-feira, abril 17, 2009

janelas abertas


Edward Hopper

"Quando temos as janelas mesmo ao lado, não devemos levar tanto tempo para abri-las. Pode ser tarde. "

(gostava de ter sido eu a escrever esta frase, ou tê-la conhecido no momento em que precisei dela.)

quinta-feira, abril 16, 2009

terça-feira, abril 14, 2009

intervalo






MRS. LOVETT: (kisses Todd)
Ooh, Mr. Todd! (kiss)
I'm so happy! (kiss)
I could (kiss)
Eat you up, I really could!
You know what I'd like to do, Mr. Todd? (kiss)
What I dream (kiss)
If the business stays as good?
Where I'd really like to go?
In a year or so?
Don't you want to know?

TODD: (spoken)
Of course.

LOVETT:
Do you really want to know?

TODD: (spoken)
Yes. I do.

LOVETT:
By the sea, Mr. Todd, that's the life I covet,
By the sea, Mr. Todd, ooh, I know you'd love it!
You and me, Mr. T, we could be alone
In a house what we'd almost own,
Down by the sea!

(...)

domingo, abril 12, 2009

La Rochelle



(de volta.)

terça-feira, abril 07, 2009

f.




video de Ethem Özgüven



(volto domingo.)

segunda-feira, abril 06, 2009

and now, for something completly different (9)



Serviço personalizado


Eu: Boa tarde, queria uma saqueta para enviar esta encomenda, por favor.

CTT: (cheira o embrulho) Não é preciso. Fica já aqui! (risos) É para onde?

Eu: Para cá, para Portugal, para Aveiro.

CTT: (entrega a saqueta) É para homem ou mulher?

Eu: Mulh... Está a fazer muitas perguntas! (risos)

CTT: (risos) Mas o que é engraçado é que estou a ter as respostas todas! (mais risos) Como é para mulher já não me interessa, se o perfume fosse para homem...

Eu: Não é um perf... (enquanto escrevo o endereço na saqueta)

CTT: Agora a sério. (Muda de tom. Olhar "profissional". Eu rio-me enquanto escrevo na saqueta) Não, a sério: faço anos no dia 14 de Maio.

Eu: (gargalhada, pego na agenda para ver o resto da morada)

CTT: Também pode apontar a data no telemóvel.

Eu: não estou a apont... nem é preciso, nesse dia toda a gente vai saber, aqui (indico o espaço dos CTT com a cabeça) vai estar tudo "engalanado"! (risos)

CTT: Ah, mas eu não pago nada!

Eu: (risos, entregando a saqueta)

CTT: Um euro e meio.

Eu: (pago) Adeus!

CTT: Adeus!



nós



aprender a desatar.

sábado, abril 04, 2009

TÚNEIS (9)

Um dia ouvirei falar na rádio
do amor, ao limpar os corredores
e gabinetes do grande edifício
da Esperança. Soará a voz
no carro, entre panos, sabões, baldes,
a voz que fala a todos do amor.
Enquanto aspiro a alcatifa, esfrego
retretes, erguer-se-ão as palavras
com seu pequeno túnel de verdades,
com aquelas cócegas miudinhas
da felicidade. E ao sair
vou para a rua como quem um dia
sai da maternidade e nos seus braços
leva um vazio, embala um vazio.



José Ángel Cilleruelo
Antologia
(Tradução de Joaquim Manuel Magalhães, Averno, 2004)




(obrigada!)

sexta-feira, abril 03, 2009

(...)

(há coisas que nunca conseguirei compreender...)