Um dia ouvirei falar na rádio do amor, ao limpar os corredores e gabinetes do grande edifício da Esperança. Soará a voz no carro, entre panos, sabões, baldes, a voz que fala a todos do amor. Enquanto aspiro a alcatifa, esfrego retretes, erguer-se-ão as palavras com seu pequeno túnel de verdades, com aquelas cócegas miudinhas da felicidade. E ao sair vou para a rua como quem um dia sai da maternidade e nos seus braços leva um vazio, embala um vazio.
José Ángel Cilleruelo Antologia (Tradução de Joaquim Manuel Magalhães, Averno, 2004)
O livro é lindíssimo - mesmo fisicamente: daquelas edições de capa em papel pardo da Averno. Comprei-o, na altura, na Centésima Página, quando ainda era ao pé da faculdade de filosofia :)
6 comentários:
há vezes que nem precisamos...
já sabia que ias dizer isso...
TÚNEIS (9)
Um dia ouvirei falar na rádio
do amor, ao limpar os corredores
e gabinetes do grande edifício
da Esperança. Soará a voz
no carro, entre panos, sabões, baldes,
a voz que fala a todos do amor.
Enquanto aspiro a alcatifa, esfrego
retretes, erguer-se-ão as palavras
com seu pequeno túnel de verdades,
com aquelas cócegas miudinhas
da felicidade. E ao sair
vou para a rua como quem um dia
sai da maternidade e nos seus braços
leva um vazio, embala um vazio.
José Ángel Cilleruelo
Antologia
(Tradução de Joaquim Manuel Magalhães, Averno, 2004)
que bonito. obrigada!
O livro é lindíssimo - mesmo fisicamente: daquelas edições de capa em papel pardo da Averno. Comprei-o, na altura, na Centésima Página, quando ainda era ao pé da faculdade de filosofia :)
:-)
não conheço a Centésima Página(raramente vou a Braga), mas depois de dar uma vista de olhos ao site fiquei com vontade de ir até lá um dia!
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