TÚNEIS (9)
Um dia ouvirei falar na rádio
do amor, ao limpar os corredores
e gabinetes do grande edifício
da Esperança. Soará a voz
no carro, entre panos, sabões, baldes,
a voz que fala a todos do amor.
Enquanto aspiro a alcatifa, esfrego
retretes, erguer-se-ão as palavras
com seu pequeno túnel de verdades,
com aquelas cócegas miudinhas
da felicidade. E ao sair
vou para a rua como quem um dia
sai da maternidade e nos seus braços
leva um vazio, embala um vazio.
José Ángel Cilleruelo
Antologia
(Tradução de Joaquim Manuel Magalhães, Averno, 2004)
(obrigada!)
sábado, abril 04, 2009
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