Paragem para jantar num restaurante de beira de estrada. Saio do autocarro e sigo os outros passageiros para dentro do edifício. Demoro na casa de banho e quando entro na sala do restaurante, reparo: quase todos os passageiros são casais entre os 60-70 anos. A única mesa vaga é debaixo do plasma que transmite um jogo espanhol, onde um desses casais também se vem sentar. Em poucos minutos todos nós já tirámos os nossos “farnéis” dos sacos e mochilas. Numa mesa em frente um casal de velhos de aspecto aldeão; trouxeram copos de vidro onde despejam vinho de um pequeno garrafão branco, toalha e talheres, como para um verdadeiro pic-nic.
De onde estou consigo ver toda a sala. Olho as faces destes homens e mulheres e, estranhamente, comovo-me. Mastigo a minha sandes de presunto embrulhada em plástico aderente, olho de vez em quando para o ecrã em cima da minha cabeça, para entreter os olhos e evitar as lágrimas que me surpreendem.
Não sei o que me comoveu: se as faces e corpos marcados pelo trabalho; se um olhar ausente, cansado, em quase todos; se o facto de eu estar ali, a partilhar um ritual que eles parecem conhecer bem (a merenda, a viagem); se a imaginação, que me fez viajar à sua juventude, às suas esperanças, medos, vontades, decepções e conquistas.
Olho para os “ares franceses” de algumas senhoras, para a simplicidade de quase todos os homens e penso “estes são os que vão; os que foram e não hesitaram; os que procuraram; os que, de alguma forma, continuam a ir.”
domingo, abril 19, 2009
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2 comentários:
Perfeito!
:)
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