quinta-feira, dezembro 14, 2006
reminiscências (3)
"O fogo atirava sombras intensas contra a parede; o som do crepitar ao entregar mais um pedaço de lenha às chamas; as paredes de pedra, húmidas, a receber calor. Um gato entrou, vagaroso, miou e aninhou-se junto à lareira depois de ter roçado nas suas pernas. Uma panela com água borbulhava. De súbito, entre o fumo e as chamas, ela viu. Instintivamente levou as mãos aos olhos. Nítida, de novo, a visão de uma criança que grita, chora, chama. Era assim desde sempre, mas piorava quando ele estava por perto. O que a perturbava não era a visão, afinal, ela sempre via coisas que aos outros escapavam; o que a afligia era não saber o que fazer com aquilo."
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