Naquela nuvem, naquela,
mando-te o meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.
Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás Amor-Perfeito?
Imensos jardins da insónia,
de um olhar de despedida,
deram flor por toda a vida.
Ai de mim, que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito?
Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se alteia,
entre pálpebras de areia...
Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.
Cecília Meireles
terça-feira, março 21, 2006
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