sábado, março 10, 2012

Psyché a Eros

tanto tempo casta
tanto tempo apenas
admirada, nunca
amada, agora
presenças transparentes
me atendem
de dia impaciente
conto as horas
que impedem tua chegada

virás como sempre
trajando o manto
do homem invisível
de noite vens velar
o pranto previsível
promessas leves
que a dor é breve
preliminar do amor
que me atravessa

no reverso da lingual
que lambe a mão
e sorve o leite
surde o azeite
que queima o dorso
do corpo ocre
o atirador
rechaça a corda
do arco terso
a flecha
corta.


Margarida Vale de Gato
(poema musicado pela Naifa)

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