sexta-feira, julho 07, 2006

"quando nós, os mortos, despertarmos"

RUBEK
(repete como num sonho) Uma noite de Verão nas montanhas. Contigo. Contigo. (os olhos de Rubek e Irene encontram-se:) Oh, Irene - a nossa vida podia ter sido assim! Foi isto o que deitámos fora, tu e eu.

IRENE
Só nos iremos aperceber do irreparavel quando... (Interrompe-se.)

RUBEK
Quando?

IRENE
Quando nós, os mortos, despertarmos.

RUBEK
(balança tristemente a cabeça) E aí veremos o quê?

IRENE
Veremos que nunca vivemos.

(Ela dirige-se até à colina e desce. A Diaconisa dá-lhe passagem e segue-a. Rubek fica sentado, imóvel, perto do rio.

MAJA
(ouve-se o seu canto alegre nas montanhas)

Estou livre, livre, livre,
Livrei-me da prisão!
Sou livre como um pássaro,
Livre, livre, livre!


Excerto do final do II Acto
"Quando nós, os mortos, despertarmos"
Henrik Ibsen

Ed. Cotovia.

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