sábado, dezembro 29, 2007
segunda-feira, dezembro 24, 2007
sexta-feira, dezembro 21, 2007
yule
é o solstício de inverno que acontece às 6h08m de dia 22.
é o dia mais curto, a noite mais longa. chega o inverno. o sol renasce.
celebremos, então, a luz.
http://en.wikipedia.org/wiki/Yule
http://www.geocities.com/Athens/9301/Yule.html
http://www.circulosagrado.com.br/cs/celebracoes/yule.php
P.S. Em Sintra deve passar-se melhor. ;-)
segunda-feira, dezembro 17, 2007
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Buda e a parábola da casa a arder
Gautama, o Buda, ensinava
A doutrina da roda da cobiça a que estamos amarrados, e recomendava
Que nos libertássemos de todos os apetites e assim
Sem desejos entrássemos no Nada a que ele chamava Nirvana.
Então os seus discípulos perguntaram-lhe um dia:
Como é esse Nada, Mestre? Todos nós gostaríamos
De nos libertar da cobiça, como tu recomendas; mas diz-nos
Se esse Nada em que então entraremos
Acaso é como a unidade com tudo o que é criado,
Como quando se está na água, o corpo leve, ao meio-dia,
Quase sem pensamentos, assim ocioso na água, ou quando caímos no sono,
Mal tendo consciência ainda, caindo rápido, de que ajeitamos
A manta, se esse Nada pois
É assim alegre, um bom Nada, ou se esse
Nada é simplesmente um Nada, vazio, frio, sem sentido.
Muito tempo ficou calado o Buda, depois disse negligente:
Não há resposta à vossa pergunta.
Mas à noitinha, quando eles se tinham ido,
Estava o Buda inda sentado sob a árvore-do-pão, contou aos outros,
Àqueles que não tinham perguntado, a seguinte parábola:
Outro dia vi uma casa. Estava a arder. O telhado
Era já lambido pelas chamas. Aproximei-me e notei
Que ainda havia gente lá dentro. Entrei na porta e gritei-lhes
Que havia fogo no telhado, incitando-os assim
A que saíssem depressa. Mas aquela gente
Não parecia ter pressa. Um perguntou-me,
Já o calor lhe chamuscava as sobrancelhas,
Como é que estava lá fora, se não estava a chover,
Se não correria vento, se havia outra casa,
E ainda mais coisas destas. Sem responder,
Saí outra vez. Estes, pensei eu,
Morrerão queimados, antes de acabarem de fazer perguntas. Na verdade, amigos,
Àquele a quem o chão não está quente o bastante
Pra trocar por qualquer outro em vez de continuar nele,
A esse nada tenho a dizer. Assim Gautama, o Buda.
Mas também nós, já não ocupados com a arte de sofrer,
Antes ocupados com a arte de não sofrer e apresentando
Muitas propostas de natureza terrena e ensinando aos homens
A libertar-se dos seus verdugos humanos, supomos
Que àqueles que, à vista das esquadrilhas de aviões de bombardeamento da capital, ainda perguntem
O que é que nós pensamos, que ideia é que fazemos,
E o que vai ser dos seus mealheiros e das calças domingueiras depois de uma revolução,
Não temos muito a dizer.
B. Brecht
sábado, dezembro 08, 2007
quinta-feira, dezembro 06, 2007
o que ele pensou mas não disse
Tantas palavras são ditas
tantas palavras ficam por dizer.
O soldado voltou. Donde voltou não diz.
O que ele pensou mas não disse
É o que vão ouvir:
A batalha começou de madrugada e ao meio dia
tornou-se feroz, sangrenta.
O primeiro tombou à minha frente,
O segundo atrás de mim e o terceiro
foi trespassado pelo capitão.
Dos meus irmãos um morreu pelo ferro,
o outro pelo fumo.
Espancavam-me as costas até soltarem chispas
As mãos gelavam-se-me nas luvas,
os pés nas meias.
Comi botões de álamo, bebi sopa de roble,
Dormi na água sobre as pedras."
B. Brecht, "O Círculo de giz caucasiano"
quarta-feira, dezembro 05, 2007
se regressares, eu estarei aqui
"Simão Chachava, esperarei por ti
Podes partir, soldado, tranquilo,
Para a batalha sangrenta,
A batalha cruel de onde nem todos voltam.
Se regressares, eu estarei aqui.
Esperarei por ti sob o ulmeiro verde,
Esperarei por ti sob o ulmeiro já despido,
Esperarei por ti até que volte o último,
E ainda depois do último voltar.
Se regressares, soldado, da batalha,
Não hás-de ver à porta um par de botas,
E a almofada ao meu lado continuará vazia,
E a minha boca ninguém terá beijado.
Se voltares, se para mim voltares,
Poderás dizer: tudo está como outrora!"
in "O círculo de giz caucasiano", B. Brecht