terça-feira, outubro 10, 2006
contos de fadas
de todos os contos de fadas que li em criança
a pequena sereia era o mais doloroso.
creio que só o li uma vez.
e mesmo agora, adulta, quando o revisitei, foi com esforço que cheguei ao fim.
doía-me a alma saber da (inocente) ingratidão do príncipe,
que não pôde reconhecer a sua salvadora e a confundiu com outra,
que ignorava os esforços que a muda sereia fazia para comunicar,
através das suas danças e gestos,
e que desconhecia os tormentos das facas afiadas espetadas nos pés da sereia que quis ser mulher por amor a um homem.
em criança gostaria de ter dado à pequena sereia um outro final feliz.
não me consolava saber que depois de se desfazer em espuma,
impedida de voltar à sua origem marinha,
seria companheira do vento, irmã dos seres mágicos do ar…
mas a sereiazinha vence os instintos de vingança que a bruxa lhe instiga
e deixa o seu príncipe ir ser feliz com a outra princesa.
é esta atitude de desprendimento em relação ao ser amado
que evita o seu fim absoluto na espuma
e lhe dá as asas para voar ao encontro de si mesma.
(um corpo sacrificial que alcança a redenção?)
continuo a gostar de finais felizes.
e reconheço hoje na pequena sereia, o final feliz possível.
afinal, o único que nos interessa?
(final corrigido graças à gaivota)
(imagem: Paula Rego, A Pequena Sereia)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Não!! Não!! Quero o final feliz que é MESMO FELIZ!!! Quero acreditar!!!! Não me matem com os possíveis... cm dizia a outra: "eu sou uma gaivota..."
ok, altero a frase final para uma interrogação! Porque também eu quero muito acreditar nos finais (e principalmente nas continuações!) MESMO FELIZES!!!
e sim, somos gaivotas!
ok, altero a frase final para uma interrogação! porque também eu quero acreditar (acredito!) nos finais ( e nas continuações!) "mesmo felizes".
sim, somos gaivotas!
Enviar um comentário