sexta-feira, agosto 04, 2006

reminiscências

"Ele vinha do sul, pois atravessou a ponte. O cavalo hesitou diante das tábuas trémulas da ponte de barcas. Ele olhou a cidade adormecida, benzeu-se, empurrou a capa para trás e fez o cavalo avançar. Ouvi os cascos no empedrado, percebi que era ele quem se apeava e se dirigia para a porta que tinha deixado aberta, à sua espera. Ofereci-lhe uma sopa quente e vinho. Em silêncio recordámos tempos passados e a promessa que fizemos de não voltar a pegar em armas.
Eu matei, disse-me. Não tenho perdão.
Quis dizer-lhe que estava perdoado, que todos, uma vez, já quebrámos as promessas que fizemos. Mas o sangue perseguia-o e nada do que lhe dissesse poderia juntar os pedaços do seu coração ferido. "

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