terça-feira, janeiro 31, 2006
estrela do mar
Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia, sózinho, ao relento
E ali longe do tempo, acabei por dormir
Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara sardenta encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar
"Sou a estrela do mar só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..."
Não sei se era maior o desejo ou o espanto
Só sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar
Em silêncio trocámos segredos e abraços
Inscrevemos no espaço um novo alfabeto
Já passaram mil anos sobre o nosso encontro
Mas mil anos são pouco ou nada para estrela do mar
"Estrela do mar
Só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..."
Jorge Palma
domingo, janeiro 29, 2006
Sunset Boulevard
"We didn't need dialogue. We had faces. There just aren't any faces like that anymore. Maybe one. Garbo."
Norma para Joe
"You see, this is my life. It always will be! There's nothing else - just us - and the cameras - and those wonderful people out there in the dark. "
"All right, Mr. De Mille, I'm ready for my close-up."
Norma, cena final
sexta-feira, janeiro 27, 2006
alentejo
encontrei este livrinho de poemas
e não resisti a colocar aqui um
que me transporta para as paisagens do sul
alentejo
Duas ruas
desertas
por um
caminho
de pó.
Um monte
de portas
abertas.
Um sobreiro
só.
Domingos Galamba
("Terna Ausência", ed. Porta do Cavalo)
e não resisti a colocar aqui um
que me transporta para as paisagens do sul
alentejo
Duas ruas
desertas
por um
caminho
de pó.
Um monte
de portas
abertas.
Um sobreiro
só.
Domingos Galamba
("Terna Ausência", ed. Porta do Cavalo)
quinta-feira, janeiro 26, 2006
Closer
Para quem se apaixonou pelo Closer
the blower's daughter
and so it is
just like you said it would be
life goes easy on me
most of the time
and so it is
the shorter story
no love no glory
no hero in her skies
i can't take my eyes off of you
and so it is
just like you said it should be
we'll both forget the breeze
most of the time
and so it is
the colder water
the blower's daughter
the pupil in denial
i can't take my eyes off of you
did I say that I loathe you?
did I say that I want to
leave it all behind?
i can't take my mind off of you
my mind
'til I find somebody new
Damien Rice
the blower's daughter
and so it is
just like you said it would be
life goes easy on me
most of the time
and so it is
the shorter story
no love no glory
no hero in her skies
i can't take my eyes off of you
and so it is
just like you said it should be
we'll both forget the breeze
most of the time
and so it is
the colder water
the blower's daughter
the pupil in denial
i can't take my eyes off of you
did I say that I loathe you?
did I say that I want to
leave it all behind?
i can't take my mind off of you
my mind
'til I find somebody new
Damien Rice
terça-feira, janeiro 24, 2006
Dancemos no mundo
Isto é como tudo
não há-de ser nada
a minha namorada
é tudo que eu queira
mas vive para lá da fronteira
Separam-nos cordas
separam-nos credos
e creio que medos
e creio que leis
nos colam à pele papéis
Tratados, acordos
são pântanos, lodos
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Por ódio passado
que seja maldito
amor favorito
não tem importância
se for é de circunstância
Separam-nos crimes
separam-nos cores
a noite é de horrores
quem disse que é lindo
o sol-posto de um dia findo
Sozinho adormeço
E em teu corpo apareço
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Em passos tão simples
trocar endereços
num mundo de acessos
ar onde sufocas
lugar de supostas trocas
Separam-nos facas
separam-nos fatwas
pai-nossos e datas
e excomunhões
acondicionando paixões
Acenda-se a tua
luz na minha rua
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Sérgio Godinho
não há-de ser nada
a minha namorada
é tudo que eu queira
mas vive para lá da fronteira
Separam-nos cordas
separam-nos credos
e creio que medos
e creio que leis
nos colam à pele papéis
Tratados, acordos
são pântanos, lodos
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Por ódio passado
que seja maldito
amor favorito
não tem importância
se for é de circunstância
Separam-nos crimes
separam-nos cores
a noite é de horrores
quem disse que é lindo
o sol-posto de um dia findo
Sozinho adormeço
E em teu corpo apareço
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Em passos tão simples
trocar endereços
num mundo de acessos
ar onde sufocas
lugar de supostas trocas
Separam-nos facas
separam-nos fatwas
pai-nossos e datas
e excomunhões
acondicionando paixões
Acenda-se a tua
luz na minha rua
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Sérgio Godinho
segunda-feira, janeiro 23, 2006
quinta-feira, janeiro 19, 2006
Legado
O que eu espero, não vem.
Mas ficas tu, leitor, encarregado
De receber o sonho.
Abre-lhe os braços, como se chegasse
O teu pai, do Brasil,
A tua mãe, do céu,
O teu melhor amigo, da cadeia,
Abre-lhe os braços como se quisesses
Abarcar toda a luz que te rodeia.
Não lhe perguntes porque tardou tanto
E não chegou a tempo de me ver.
Uns têm a sina de sonhar a vida,
Outros de a colher.
Miguel Torga
Mas ficas tu, leitor, encarregado
De receber o sonho.
Abre-lhe os braços, como se chegasse
O teu pai, do Brasil,
A tua mãe, do céu,
O teu melhor amigo, da cadeia,
Abre-lhe os braços como se quisesses
Abarcar toda a luz que te rodeia.
Não lhe perguntes porque tardou tanto
E não chegou a tempo de me ver.
Uns têm a sina de sonhar a vida,
Outros de a colher.
Miguel Torga
terça-feira, janeiro 17, 2006
joan of arc
Now the flames they followed Joan of Arc
as she came riding through the dark;
no moon to keep her armour bright,
no man to get her through this very smoky night.
She said, "I'm tired of the war,
I want the kind of work I had before,
a wedding dress or something white
to wear upon my swollen appetite."
Well, I'm glad to hear you talk this way,
you know I've watched you riding every day
and something in me yearns to win
such a cold and lonesome heroine.
"And who are you?" she sternly spoke
to the one beneath the smoke.
"Why, I'm fire," he replied,
"And I love your solitude, I love your pride."
"Then fire, make your body cold,
I'm going to give you mine to hold,"
saying this she climbed inside
to be his one, to be his only bride.
And deep into his fiery heart
he took the dust of Joan of Arc,
and high above the wedding guests
he hung the ashes of her wedding dress.
It was deep into his fiery heart
he took the dust of Joan of Arc,
and then she clearly understood
if he was fire, oh then she must be wood.
I saw her wince, I saw her cry,
I saw the glory in her eye.
Myself I long for love and light,
but must it come so cruel, and oh so bright?
Leonard Cohen
as she came riding through the dark;
no moon to keep her armour bright,
no man to get her through this very smoky night.
She said, "I'm tired of the war,
I want the kind of work I had before,
a wedding dress or something white
to wear upon my swollen appetite."
Well, I'm glad to hear you talk this way,
you know I've watched you riding every day
and something in me yearns to win
such a cold and lonesome heroine.
"And who are you?" she sternly spoke
to the one beneath the smoke.
"Why, I'm fire," he replied,
"And I love your solitude, I love your pride."
"Then fire, make your body cold,
I'm going to give you mine to hold,"
saying this she climbed inside
to be his one, to be his only bride.
And deep into his fiery heart
he took the dust of Joan of Arc,
and high above the wedding guests
he hung the ashes of her wedding dress.
It was deep into his fiery heart
he took the dust of Joan of Arc,
and then she clearly understood
if he was fire, oh then she must be wood.
I saw her wince, I saw her cry,
I saw the glory in her eye.
Myself I long for love and light,
but must it come so cruel, and oh so bright?
Leonard Cohen
domingo, janeiro 15, 2006
sábado, janeiro 14, 2006
message in a bottle - II
Maka Hannya Haramita Shingyo
Sutra do Coração da Grande Sabedoria Completa
Quando kanzeon bodisatva praticava
Em profunda sabedoria completa
Claramente observou
O vazio dos cinco agregados
Assim se libertando
De todas tristezas e sofrimentos.
Oh! Sariputra!
Forma não é mais que vazio.
Vazio não é mais que forma.
Forma é extamente vazio.
Vazio é exatamente forma.
Sensação, conceituação, diferenciação, conhecimento
Assim também o são.
Oh! Sariputra!Todos os fenômenos são vazio-forma,
Não nascidos, não mortos,
Não puros, não impuros,
Não perdidos, não encontrados
Assim é tudo dentro do vazio.
Sem forma, sem sensação,
Conceituação, diferenciação, conhecimento;
Sem olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo, mente,
Sem cor, som, cheiro, sabor, tato, fenômeno.
Sem mundo de visão, sem mundo de consciência,
Sem ignorância, sem fim à ignorância,
Sem velhice e morte e sem fim à velhice e morte.
Sem sofrimento, sem causa, sem extinção e sem caminho.
Sem sabedoria e sem ganho.
Sem nenhum ganho.Bodisatva
Devido à sabedoria completa.
Coração-mente sem obstáculos.
Sem obstáculos, logo sem medo.
Distante de todas delusões,
Isto é nirvana.
Todos Budas dos três mundos
Devido à sabedoria completa
Obtém anokutara san myaku san bodai.
Saiba que sabedoria completa
É expressão de grande divindade,
Expressão de grande claridade,
Expressão insuperável,
Expressão inigualável,
Com capacidade de remover
Todo o sofrimento.
Isto é verdade, não é mentira!
Assim, invoque e expresse a sabedoria completa,
Invoque e repita:
Gya-tei gya-teiHa-ra gya-teiHara so gya-teiBo-ji-sowa-ka
Sutra do coração da grande sabedoria completa
Sutra do Coração da Grande Sabedoria Completa
Quando kanzeon bodisatva praticava
Em profunda sabedoria completa
Claramente observou
O vazio dos cinco agregados
Assim se libertando
De todas tristezas e sofrimentos.
Oh! Sariputra!
Forma não é mais que vazio.
Vazio não é mais que forma.
Forma é extamente vazio.
Vazio é exatamente forma.
Sensação, conceituação, diferenciação, conhecimento
Assim também o são.
Oh! Sariputra!Todos os fenômenos são vazio-forma,
Não nascidos, não mortos,
Não puros, não impuros,
Não perdidos, não encontrados
Assim é tudo dentro do vazio.
Sem forma, sem sensação,
Conceituação, diferenciação, conhecimento;
Sem olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo, mente,
Sem cor, som, cheiro, sabor, tato, fenômeno.
Sem mundo de visão, sem mundo de consciência,
Sem ignorância, sem fim à ignorância,
Sem velhice e morte e sem fim à velhice e morte.
Sem sofrimento, sem causa, sem extinção e sem caminho.
Sem sabedoria e sem ganho.
Sem nenhum ganho.Bodisatva
Devido à sabedoria completa.
Coração-mente sem obstáculos.
Sem obstáculos, logo sem medo.
Distante de todas delusões,
Isto é nirvana.
Todos Budas dos três mundos
Devido à sabedoria completa
Obtém anokutara san myaku san bodai.
Saiba que sabedoria completa
É expressão de grande divindade,
Expressão de grande claridade,
Expressão insuperável,
Expressão inigualável,
Com capacidade de remover
Todo o sofrimento.
Isto é verdade, não é mentira!
Assim, invoque e expresse a sabedoria completa,
Invoque e repita:
Gya-tei gya-teiHa-ra gya-teiHara so gya-teiBo-ji-sowa-ka
Sutra do coração da grande sabedoria completa
message in a bottle
"pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos abrirão. Pois quem pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, se abre."
sábado de manhã
acordei
e fiquei à espera
o homem das persianas não veio
como estava combinado
(há um mês que a luz entra toda pela janela do quarto. já me habituei, mas faz-me falta o escurinho artificial que prolonga as noites pelas manhãs de inverno na cama.)
ao meio dia achei que já era demais
fugi pela baixa de Coimbra
e só parei para ver o rio
foi assim, o meu sábado de manhã
e fiquei à espera
o homem das persianas não veio
como estava combinado
(há um mês que a luz entra toda pela janela do quarto. já me habituei, mas faz-me falta o escurinho artificial que prolonga as noites pelas manhãs de inverno na cama.)
ao meio dia achei que já era demais
fugi pela baixa de Coimbra
e só parei para ver o rio
foi assim, o meu sábado de manhã
sexta-feira, janeiro 13, 2006
quinta-feira, janeiro 12, 2006
haiku
Três haiku
Admirável aquele
Cuja vida é um contínuo
Relâmpago
As mãos no lume
… e na parede
a sombra do meu amigo
Acabou-se o óleo na lamparina
Mas… eis a lua
Que entra pela janela
MATSUO BASHÔ, Japão, sec. XVII
Admirável aquele
Cuja vida é um contínuo
Relâmpago
As mãos no lume
… e na parede
a sombra do meu amigo
Acabou-se o óleo na lamparina
Mas… eis a lua
Que entra pela janela
MATSUO BASHÔ, Japão, sec. XVII
Nature boy
There was a boy
A very small enchanted boy
They say he wandered very far
Very far
Over land and sea
A little shy and sad of eye
But very wise was he
And then one day he came my way
One magic day he came my way
And as we spooke of many things
Fools and kings
This he said to me
The greatest thing you'll ever learn
Is just to love and be loved in return.
(Eben Arbez)
Nascer
Nascer.
Para o mais improvável dos sonhos.
Aquele em que mergulhamos na vida.
Deixar que a vida aconteça, activamente,
Estando presente nela.
Regressar ao primeiro sopro. Respirar. Nascer.
Deixar o improvável ser possível.
Receber o improvável.
Colher imagens e tratar delas, como irmãs.
Deixar. Deixar partir, sair, crescer.
Nascer.
Dedicado a todos os meus amigos que nasceram em Janeiro
Para o mais improvável dos sonhos.
Aquele em que mergulhamos na vida.
Deixar que a vida aconteça, activamente,
Estando presente nela.
Regressar ao primeiro sopro. Respirar. Nascer.
Deixar o improvável ser possível.
Receber o improvável.
Colher imagens e tratar delas, como irmãs.
Deixar. Deixar partir, sair, crescer.
Nascer.
Dedicado a todos os meus amigos que nasceram em Janeiro
bela adormecida
fim de tarde
a cidade mergulhada num mar de tranquilidade
numa espera serena
um silêncio
as nuvens rosa do entardecer
(como dize-las?)
a lua quase, quase cheia
um silêncio
a cidade em tons de rosa
bela adormecida
à espera
do beijo que a acordará
para a vida
a cidade mergulhada num mar de tranquilidade
numa espera serena
um silêncio
as nuvens rosa do entardecer
(como dize-las?)
a lua quase, quase cheia
um silêncio
a cidade em tons de rosa
bela adormecida
à espera
do beijo que a acordará
para a vida
domingo, janeiro 08, 2006
dentro
No alto da montanha,
no fundo do mar
ou dentro de ti
há só o que queres ver
Não procures e acharás.
no fundo do mar
ou dentro de ti
há só o que queres ver
Não procures e acharás.
sexta-feira, janeiro 06, 2006
tempos de verão
A casa treme com o vento, acordamos com o som dos ramos das árvores a bater nas janelas, com o uivo do vento nas telhas, com o estremecer frágil dos vidros. A luz treme, quase se apaga.
Ao longe, um cão ladra.
Ouvem-se vozes e risos sussurrados. Uma porta fecha-se. Alguém toca órgão na sala ao lado.
Os corpos no sofá acordam com o vento quente de Agosto a agitar a casa. Lá fora uma mesa ainda sustenta copos de vinho e restos de pão. Um gato foge nas sombras da noite.
Dormir.
De manhã acordar com tudo em movimento. A luz incendeia os olhos, os cães da vizinhança ladram. É preciso água, é preciso lavar a roupa, apanhar maçãs, apanhar ameixas, apanhar figos quando os houver.
Passar tardes a fazer doce, rapar o tacho com os dedos, encher os frascos, ser o primeiro a provar.
Longe corre um fio de água na fonte comum. No tanque a água é da cor do sabão. As mulheres salpicam-se com a água do tanque colectivo, refrescam-se e brincam. Um carro passou na estrada. Dizemos adeus.
Ao longe, um cão ladra.
Ouvem-se vozes e risos sussurrados. Uma porta fecha-se. Alguém toca órgão na sala ao lado.
Os corpos no sofá acordam com o vento quente de Agosto a agitar a casa. Lá fora uma mesa ainda sustenta copos de vinho e restos de pão. Um gato foge nas sombras da noite.
Dormir.
De manhã acordar com tudo em movimento. A luz incendeia os olhos, os cães da vizinhança ladram. É preciso água, é preciso lavar a roupa, apanhar maçãs, apanhar ameixas, apanhar figos quando os houver.
Passar tardes a fazer doce, rapar o tacho com os dedos, encher os frascos, ser o primeiro a provar.
Longe corre um fio de água na fonte comum. No tanque a água é da cor do sabão. As mulheres salpicam-se com a água do tanque colectivo, refrescam-se e brincam. Um carro passou na estrada. Dizemos adeus.
memórias
Memórias, vários tempos e fragmentos num caldeirão de imagens
...folhas de trepadeira que voam levadas pelo vento... uma gaivota magoada caminha junto ao mar... a estrela cadente numa noite brilhante... a lua cheia numa noite de outono... a espera antes de entrar em cena... boiar... dançar com o canto das sereias... perder a noção do tempo a conversar... nevoeiro na montanha... descobrir um novo sabor...
...folhas de trepadeira que voam levadas pelo vento... uma gaivota magoada caminha junto ao mar... a estrela cadente numa noite brilhante... a lua cheia numa noite de outono... a espera antes de entrar em cena... boiar... dançar com o canto das sereias... perder a noção do tempo a conversar... nevoeiro na montanha... descobrir um novo sabor...
segunda-feira, janeiro 02, 2006
serpente
E então, disse a Serpente:
Falas de quê
Que conheces tu
Que sabedoria pensas que tens?
Nada mais és que o verme que te transformará de novo em pó
Nada mais és que a raiva que sentes
Nada mais és que o pudor, a soberba, a compaixão e a esperança
Nada mais és que o amor que sentes
Nada sabes
Aproxima-te
Voa comigo
Por dentro da terra que és
Pareço-te imóvel
Porque não sabes ainda o voo da serpente
Aproxima-te
Dar-te-ei o voo e a terra
Dar-te-ei a vida e a morte
O espaço e o vacum
A forma e o nada
Não é isso que queres, afinal
Conhecer?
Começa aqui a tua vida
Entra, é por aqui, onde a margem se dobra no tempo
Estarás só
De um lado o voo, do outro a terra
Mas por onde quer que te alimentes,
Faz como Alice,
nunca percas a tua cabeça*
*(in Alice no País das Maravilhas, Lewis Carrol)
primeiro dia
não vale a pena fingir:
o tempo passou
e eu passei com ele
brilha o sol do primeiro dia
e invento um tempo novo.
2-01-06
o tempo passou
e eu passei com ele
brilha o sol do primeiro dia
e invento um tempo novo.
2-01-06
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