quinta-feira, junho 15, 2017

amor, se for sincero


Saudades não as quero


Bateram fui abrir era a saudade 
vinha para falar-me a teu respeito 
entrou com um sorriso de maldade 
depois sentou-se à beira do meu leito 
e quis que eu lhe contasse só a metade 
das dores que trago dentro do meu peito 

Não mandes mais esta saudade 
ouve os meus ais por caridade 
ou eu então deixo esfriar esta paixão 
amor podes mandar se for sincero 
saudades isso não pois não as quero 

Bateram novamente era o ciúme 
e eu mal me apercebi de que batera 
trazia o mesmo ódio do costume 
e todas as intrigas que lhe deram 
e vinha sem um pranto ou um queixume 
saber o que as saudades me fizeram 

Não mandes mais esta saudade, 
ouve os meus ais por caridade, 
ou eu então deixo esfriar esta paixão, 
amor podes mandar se for sincero, 
saudades isso não pois não as quero. 

Afonso Lopes Vieira, in 'Antologia Poética' 

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