segunda-feira, setembro 23, 2013
... eis a questão.
começo hoje um "quase diário" da minha finalmente depressão.
depois de anos de melancolia e tristeza e burnout e resiliência, parece que finalmente consegui um diagnóstico a sério.
espectacular. tantas vezes vai o cântaro à fonte....
depressão, luto, seja o que for, desta vez é diferente.
sinto-o na cabeça e no corpo.
ao contrário das outras vezes, em que, apesar da dor, sentia sempre que era um processo construtivo, evolutivo, como uma cobra a mudar de pele, ou, para a imagem ser mais bonita, uma larva a crescer borboleta, desta vez sinto só dor, só apatia, só cansaço, só "um não sei quê" na mente que continuamente me confunde.
tenho prática de resistência e por isso nem sempre pareço estar mal, e, na verdade, consigo encontrar momentos de tranquilidade, quase um regresso a uma lucidez e vontade de avançar para um qualquer lado que não seja este, o tal crescimento e auto-conhecimento que sempre desenvolvi.
mas depois, não vou para esse lado. está tão perto e tão longe. está aqui ao lado, à distância de um milímetro, mas não consigo dar o passo.
não, não é por masoquismo, vontade de me manter no sofrimento para ter ganhos secundários. é mesmo falta de força, dificuldade em dar o pequeno salto que me separa da vida para além da tristeza.
mas claro, a dificuldade em tomar decisões, já crónica, aumenta. e por isso também o passo não se dá.
chorei o verão todo.
há exactamente uma semana receitaram-me anti-depressivos.
deprimi ainda mais porque não queria tomá-los. deprimi ainda mais porque queria não estar assim.
não tomei.
fui a um psicólogo que diagnosticou luto e deu-me trabalhos de casa.
reagi e pareço estar melhor.
choro menos mas continuo cansada e o pensamento parece parado.
e por isso a dúvida instala-se: tomar ou não tomar? eis a questão...
por enquanto não tomar. mas ao mínimo sinal de lágrimas a vontade começa a crescer.
não quero mais estar triste.
estou cansada.
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