Pierre-Paul Prud'hon
The soul breaking the bonds that attach to the earth
"Resist what resists in you and become yourself."
Mahabarata
a vida vem em ondas como mar, principalmente aos sábados.
encosto-me nas almofadas, fecho os olhos, deixo-me divagar, enquanto vejo pedaços do filme Mahabarata e leio pedaços do Padre António Vieira num livro da Inês Pedrosa.
o pensamento torna-se vago, indefinido, como um sonho, e "acordo" quando me parece ver alguma coisa, algo mais à frente, um futuro enevoado.
há dias, estranhamente optimista, vi um laço, daqueles que os cowboys nos filmes atiram ao ar, a agarrar-se e agarrar-me a um futuro bom.
(resistirei mais uma vez ao pessimismo, ao fatalismo, meu e dos outros?
conseguirei encontrar-me de novo, nos escombros, nas ruínas, nos esgotos, no lixo emocional e superar-me?)
deitada, de olhos fechados mas sem dormir, entro de novo na sonolência criadora de imagens. não sei descrever o que vejo, mas desta vez não é bom.
estou cansada de tristeza, de desânimo, de indefinições.
estou cansada de esperar que a vida dê outra vez a volta e me coloque no início de qualquer coisa.
quero acreditar que o optimismo, a energia criadora, a alegria da acção, podem ser tão contagiantes como a tristeza e pessimismo em que estamos todos mergulhados.
mas como?
tão perdidos que estamos não conseguimos ver que o caminho melhor é sempre no sentido contrário: substituir o egocentrismo pela generosidade, o isolamento pela abertura aos outros, ascender ao sonho quando nos empurram para baixo.
fecho os olhos outra vez, deixo o corpo leve, o coração aberto ao que vier.
e no sono-não-sono sei que preciso esvaziar-me ainda mais, para me abrir ainda mais.
e de respiração em respiração, procuro ser o vaso, que recebe e oferece, que se enche e esvazia, sem se agarrar a nada, sem esperar nada em troca.
procuro o caminho irreversível da liberdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário