quarta-feira, maio 12, 2010

dedos

"Examinei as mãos dele, dedo a dedo, como as mães que verificam se os filhos recém-nascidos têm os dedinhos todos, é perfeito, dizem, e respiram de alívio.
Depois beijei-o. Não senti nada. O coração permaneceu tranquilo, nem um ligeiro sobressalto, nada. Beijei-o de novo, insisti na pele, no cheiro, na sensação táctil das mãos entrelaçadas. Nada.
Que pena, pensei antes de nos separarmos, tínhamos o mesmo sentido de humor, o que é tão raro.
Olhei para trás, vi-o afastar-se mas não o chamei.
Afinal talvez seja a mim a quem falta um dedo."

3 comentários:

Anónimo disse...

Todos nós temos a falta de um dedo... o que temos mesmo de fazer é conseguir percepcionar qual o dedo que nos falta... depois resta-nos adapatar-mo-nos ao mundo com essa limitação... conseguiremos assim perceber qual o nosso posicionamento na vida e mais facilmente percebemos qual o dedo que falta aos que nos rodeiam...

Beijo, Alex

natalie disse...

o que escreves fez-me lembrar um excerto do livro "À procura de Firebelly" que coloquei aqui há algum tempo:

"Não são as fronteiras do meu corpo que determinam quem eu sou, o que posso fazer e aonde posso ir. São as arestas de toda a gente e de todas as coisas que esculpem as minhas possibilidades."


gosto destas palavras: fronteiras, corpo, arestas, esculpem, possibilidades.
Fiquei, de repente, com vontade de criar qualquer coisa sobre isto.

beijos

Anónimo disse...

... cria, cria, cria... e partilha!

Boa semana :-)

Alex