terça-feira, setembro 29, 2009
sexta-feira, setembro 25, 2009
quinta-feira, setembro 24, 2009
marias
"Os estragos que um homem pode fazer na vida de uma mulher. Eu conto. A Maria vive com uma irmã mais nova que é deficiente e muda. A pobre passa os dias a comer caramelos e a brincar com bonecas. Volta e meia, porém, amarinham-lhe uns calores pelo corpo e esquece-se das bonecas. Põe-se, muito oferecida, à janela a meter-se com os homens que passam na rua. Como não fala, gesticula e afaga o baixo-ventre. Às vezes, lança uns grunhidos de foca. Há coisa de dois anos, a irmã da Maria apareceu grávida."
ler tudo aqui (Ana de Amesterdam)
ler tudo aqui (Ana de Amesterdam)
terça-feira, setembro 22, 2009
sexta-feira, setembro 18, 2009
quinta-feira, setembro 17, 2009
terça-feira, setembro 15, 2009
Mar Musa
(...)
"É a mais extraordinária das igrejas, no cimo de uma montanha, no deserto.
E quando saímos para o terraço, é o mais extraordinário dos céus, sem lua, sem nuvens, só milhões de estrelas muito brilhantes, como se estivessem mesmo aqui.
Hummus, azeitonas, pão, pepinos, chá, é o jantar. A loiça levanta-se, mas só se lava na manhã seguinte, é a regra. Paolo chega, enfim, com uma das monjas, Huda, e outros acompanhantes.
Há quem durma no terraço mais alto, com todas aquelas estrelas por cima, virando o colchão para onde o sol vai nascer.
Paolo do deserto
Às seis da manhã as montanhas parecem ouro. Quem dormiu cá fora, arruma colchões e lençóis. Vindo do anexo dos homens, o sírio namorado de uma holandesa já está pendurado no parapeito, à espera que ela acorde.
A missa das sete e meia atrasa. Mas quando começa os monges estão todos vestidos de branco, com Paolo a presidir. É uma longa missa, de novo com cânticos, leituras a várias vozes, incenso e velas, e partes conversadas.
- O Ramadão é um bom tempo para rezar pela e com a comunidade islâmica - diz Paolo.
A luz da manhã bate no chão, fazendo brilhar os frescos.
São quase dez quando saímos da igreja.
Paolo vai fritar ovos para o pequeno-almoço, para umas 20 pessoas.
E, quebrado o jejum, passamos o resto da manhã a conversar.
Italiano vindo das lutas de esquerda, filho de cristãos empenhados, tinha 30 anos quando entrou para os jesuítas. Estudou árabe e siríaco e esteve no Líbano durante a invasão israelita, a ajudar os libaneses. No fim dos anos 80 veio aqui. Tinha ouvido falar deste mosteiro.
- Estava tudo partido. Tive de forçar a porta. E depois quando entrei na igreja fiquei atónito. Era já de noite e não havia tecto. Vi aqueles frescos e um incrível tecto de estrelas.
Ficou para dormir. Comeu plantas, fez fogo, ferveu água.
- Sou um homem da montanha, um escuteiro. Fiquei dez dias. Vieram caçadores muçulmanos e ofereceram-me a comida deles. Percebi a relação dos muçulmanos com o mosteiro.
E percebeu que este era o lugar para os três votos: vida espiritual, trabalho manual e hospitalidade.
- A hospitalidade é realmente o nosso programa político. Só através dela pode ser conseguido um humanismo desenvolvido. Sem hospitalidade, a tentação do suicídio torna-se muito forte para mim, a vida torna-se insuportável. Porque estamos aqui? Pela hospitalidade. A prática do diálogo começa na curiosidade. Acreditar que o outro tem algo para oferecer.
E antes do almoço vai juntar lençóis usados, daqueles que vieram dormir por uma noite. "
Alexandra Lucas Coelho
in Público - Mar Musa Um fim-de-semana com os novos padres do deserto
quinta-feira, setembro 10, 2009
terça-feira, setembro 08, 2009
segunda-feira, setembro 07, 2009
sábado, setembro 05, 2009
"let's look at the trailer"
(HD) EMBARGO (trailer) - um filme de António Ferreira, a partir da obra homónima de José Saramago from Zed Filmes on Vimeo.
(ansiosa por ver os meus queridos Cláudia e o Filipe no grande ecrã! pena que a estreia é só em 2010.)
sexta-feira, setembro 04, 2009
quinta-feira, setembro 03, 2009
quase
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...
Momentos de alma que, desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Mário de Sá-Carneiro
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...
Momentos de alma que, desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Mário de Sá-Carneiro
quarta-feira, setembro 02, 2009
fogo
toquei o fogo e soube tirar
a mão antes de me queimar
mas devia ter ardido logo
toda
inteira
para não ter agora
de enfrentar a dor fantasma
de um corpo por incendiar.
a mão antes de me queimar
mas devia ter ardido logo
toda
inteira
para não ter agora
de enfrentar a dor fantasma
de um corpo por incendiar.
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