terça-feira, março 31, 2009









(tão, tão, tão cansada… a precisar de colo, mimos, um beijo suave, um “dorme bem e descansa meu amor”… mas nada disto existe, só um enorme cansaço… e o dia seguinte.)








(roubado à rita. é tão bonito que dói.)

domingo, março 29, 2009

sexta-feira, março 27, 2009

mensagem do dia mundial do teatro

"All human societies are “spectacular*” in their daily life and produce “spectacles” at special moments. They are “spectacular” as a form of social organization and produce “spectacles” like the one you have come to see.
Even if one is unaware of it, human relationships are structured in a theatrical way. The use of space, body language, choice of words and voice modulation, the confrontation of ideas and passions, everything that we demonstrate on the stage, we live in our lives. We are theatre!
Weddings and funerals are “spectacles”, but so, also, are daily rituals so familiar that we are not conscious of this. Occasions of pomp and circumstance, but also the morning coffee, the exchanged good-mornings, timid love and storms of passion, a senate session or a diplomatic meeting - all is theatre.
One of the main functions of our art is to make people sensitive to the “spectacles” of daily life in which the actors are their own spectators, performances in which the stage and the stalls coincide. We are all artists. By doing theatre, we learn to see what is obvious but what we usually can’t see because we are only used to looking at it. What is familiar to us becomes unseen: doing theatre throws light on the stage of daily life.
Last September, we were surprised by a theatrical revelation: we, who thought that we were living in a safe world, despite wars, genocide, slaughter and torture which certainly exist, but far from us in remote and wild places. We, who were living in security with our money invested in some respectable bank or in some honest trader’s hands in the stock exchange were told that this money did not exist, that it was virtual, a fictitious invention by some economists who were not fictitious at all and neither reliable nor respectable. Everything was just bad theatre, a dark plot in which a few people won a lot and many people lost all. Some politicians from rich countries held secret meetings in which they found some magic solutions. And we, the victims of their decisions, have remained spectators in the last row of the balcony.
Twenty years ago, I staged Racine’s Phèdre in Rio de Janeiro. The stage setting was poor: cow skins on the ground, bamboos around. Before each presentation, I used to say to my actors: “The fiction we created day by day is over. When you cross those bamboos, none of you will have the right to lie. Theatre is the Hidden Truth”.
When we look beyond appearances, we see oppressors and oppressed people, in all societies, ethnic groups, genders, social classes and casts; we see an unfair and cruel world. We have to create another world because we know it is possible. But it is up to us to build this other world with our hands and by acting on the stage and in our own life.
Participate in the “spectacle” which is about to begin and once you are back home, with your friends act your own plays and look at what you were never able to see: that which is obvious. Theatre is not just an event; it is a way of life!
We are all actors: being a citizen is not living in society, it is changing it. "


Augusto Boal

(nota: apesar do texto original ser em português - brasileiro, gostei mais de ler a mensagem em inglês.)

quinta-feira, março 26, 2009

la ci daren la mano



(os marretas)





(plácido domingo e sarah brightman)



http://www.youtube.com/watch?v=4I-VtGKgvr4

(cecilia bartoli e bryn terfel)

quarta-feira, março 25, 2009

Asseio

"Nesta época do ano, quando vivia na casa de lareiras que sempre pertencerá aos meus pais, uma das coisas que mais gostava de fazer era atear o lume. Acender uma pinha com fósforos ou no bico do fogão. Acender um fósforo. A explosão de um fósforo na ponta dos dedos é um assunto simultaneamente intenso e frágil, como o coração de uma ave. Da chama de um fósforo pode nascer um incêndio, o inferno, ou pode nascer um lume como aquele onde me aquecia na casa dos meus pais e que ardia durante todo o dia. E coloca-se a pinha no ponto onde a construção de lenha se cruza. Depois as chamas, depois as brasas, depois a cinza.

É assim que espero que as palavras peguem.(...)"


José Luís Peixoto - 03/02/2009



(obrigada!)

(sempre tive dificuldade em acender lareiras... não construo a lenha como deve ser, acho; e depois a pinha não fica no lugar certo, e depois cai tudo, e tenho de andar a pôr jornais e jornais para ver se o lume acende, e abanar, abanar... e fica tudo cheio de fumo e de cinzas e nada de lume que aqueça. é nessa ocasião que vou chamar alguém... ou ligo o aquecedor...)

terça-feira, março 24, 2009

corações partidos


Heartbreak Hotel - Elvis Presley




Well, since my baby left me,
I found a new place to dwell.
Its down at the end of lonely street
At heartbreak hotel.

You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.

And although its always crowded,
You still can find some room.
Where broken hearted lovers
Do cry away their gloom.

You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.

Well, the bell hops tears keep flowin,
And the desk clerks dressed in black.
Well they been so long on lonely street
They aint ever gonna look back.

You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.

Hey now, if your baby leaves you,
And you got a tale to tell.
Just take a walk down lonely street
To heartbreak hotel.

domingo, março 22, 2009

sexta-feira, março 20, 2009


repara

o caminho não é assim
tão sinuoso

na próxima esquina que dobrares
estarei lá

estende-me a mão,
eu agarro-a

abre os olhos:
a minha alma
ao teu alcance.
Salvador Dali

quinta-feira, março 19, 2009

Rockaby

(...)

so in the end
close of a long day
went down
in the end went down
down the steep stair
let down the blind and down
right down
into the old rocker
mother rocker
where mother rocked
all the years
all in black
best black
sat and rocked
rocked
till her end came
in the end came
off her head they said
gone off her head
but harmless
no harm in her
dead one night
no
night
dead one night
in the rocker
in her best black
head fallen
and the rocker rocking
rocking away
so in the end
close of a long day
went down
in the end went down
down the steep stair
let down the blind and down
right down
into the old rocker
those arms at last
and rocked
rocked
with closed eyes
closing eyes
she so long all eyes
famished eyes
all sides
high and low
to and fro
at her window
to see
be seen
till in the end
close of a long day
to herself
whom else
time she stopped
let down the blind and stopped
time she went down
down the steep stair
time whe went right down
was her own other
own other living soul
so in the end
close of a long day
went down
let down the blind and down
right down
into the old rocker
and rocked
rocked
saying to herself
no
done with that
the rocker
those arms at last
saying to the rocker
rock her off
stop her eyes
fuck life
stop her eyes
rock her off
rock her off



Samuel Beckett

quarta-feira, março 18, 2009

and now, for something completly different (8)





De tanto leva "frechada" do teu olhar
Meu peito até parece sabe o quê?
"Táubua" de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde fura

Teu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais que atropelamento de "automóver"
Mata mais que bala de "revórver"

terça-feira, março 17, 2009

queda para a queda



nota: isto não é uma metáfora. espalhanço a todo o comprimento. mãos esfoladas, joelho esfolado, alma esfolada...

domingo, março 15, 2009

lying






(obrigada!)

sexta-feira, março 13, 2009

monólogo interior


caio porque caio porque caio porque caio porque caio.

atiro-me; levanto-me; vou; apesar da queda.

desculpem.

onde é o meu lugar? com licença, posso? peço desculpa. será aqui? dá-me licença? desculpe.

desculpem.

caio porque caio porque caio porque caio.

vejam como caio. e como me levanto.

cair e levantar, cair e levantar, cair e levantar, cair e levantar.
só isso. uma actriz que cai e se levanta.

o resto é imaginação vossa.

(cenas de espera, 12 de março)

quarta-feira, março 11, 2009

banda sonora


Eva Cassidy / Fields of Gold - Various



("cenas de espera", teatrão, 12 de março, 22h, oficina municipal do teatro, coimbra)

terça-feira, março 10, 2009

amor e poder

vão lá ler tudo, por favor:

"Para mim, o amor é outra coisa: é não precisar, mas gostar de estar com alguém, é aprender e não ensinar, é olhar com carinho e não com desprezo as fraquezas do outro, é festejar com gozo as suas vitórias, é respeitar o seu espaço e o seu tempo, é respeitar a sua diferença, é ajudar a preservar a sua liberdade, é poder partilhar até o que nos envergonha, é criar laços, cumplicidades, hábitos, é confiar nos olhos e na palavra, é respeitar o que nos foi dado, mesmo que para isso tenhamos que deixá-lo. Eu, também, “não acredito no amor romântico”, em contos de fada, em vidas cor-de-rosa, numa vida sem monotonia, na chama da paixão sempre acesa, etc, etc, mas acredito numa amizade/amor para sempre. Não amor para sempre, mas amizade/amor para sempre. Desde que percebi isso, nunca mais fui capaz de amar alguém que não se torne meu amigo, meu cúmplice. Quem me quer enganar, quem se quer sobrepor a mim é rejeitado pelo meu corpo e pela minha cabeça. Eu quero outra coisa."

I am your man - Leonard Cohen



If you want a lover
Ill do anything you ask me to
And if you want another kind of love
Ill wear a mask for you
If you want a partner
Take my hand
Or if you want to strike me down in anger
Here I stand
Im your man

If you want a boxer
I will step into the ring for you
And if you want a doctor
Ill examine every inch of you
If you want a driver
Climb inside
Or if you want to take me for a ride
You know you can
Im your man

Ah, the moons too bright
The chains too tight
The beast wont go to sleep
Ive been running through these promises to you
That I made and I could not keep
Ah but a man never got a woman back
Not by begging on his knees
Or Id crawl to you baby
And Id fall at your feet
And Id howl at your beauty
Like a dog in heat
And Id claw at your heart
And Id tear at your sheet
Id say please, please
Im your man

And if youve got to sleep
A moment on the road
I will steer for you
And if you want to work the street alone
Ill disappear for you
If you want a father for your child
Or only want to walk with me a while
Across the sand
Im your man

If you want a lover
Ill do anything you ask me to
And if you want another kind of love
Ill wear a mask for you

segunda-feira, março 09, 2009

libertos de todos os equivocos

(...) " E talvez os sexos sejam mais parecidos do que se pensa e a grande renovação do mundo venha talvez a consistir no facto de o homem e a mulher, libertos de todos os equivocos e repulsas, não se encararem como contrários mas como irmãos e como vizinhos e se juntarem como seres humanos para, apenas e só, suportarem de forma séria e paciente, juntos, o difícil peso da sexualidade que lhes foi atribuído."




Reiner Maria Rilke, Cartas a um jovem poeta, 1903

sexta-feira, março 06, 2009

terça-feira, março 03, 2009

o melhor poema do mundo

Mostrou-me a carta eu nunca lhe diria
assim o meu amor - um estilo tão
desengraçado metáforas tão
baças - mas ela abriu sobre o papel
o seu mais claro sorriso o sorriso
de ler o melhor poema do mundo.

Sob a minha língua versos e versos
formigavam e o meu amor podia
ser bem dito não estivesse eu certo
de levar em troca elogios - pela
graciosidade do estilo pelas
metáforas bem apanhadas - e

um sorriso desengraçado e baço
parecido com os versos do outro.


António Gregório, American Scientist

segunda-feira, março 02, 2009

domingo, março 01, 2009

soneto 130 de Shakespeare


130 sonnet - Alan Rickman




My mistress' eyes are nothing like the sun;
Coral is far more red than her lips' red;
If snow be white, why then her breasts are dun;
If hairs be wires, black wires grow on her head.
I have seen roses damask'd, red and white,
But no such roses see I in her cheeks;
And in some perfumes is there more delight
Than in the breath that from my mistress reeks.
I love to hear her speak, yet well I know
That music hath a far more pleasing sound;
I grant I never saw a goddess go;
My mistress, when she walks, treads on the ground:
And yet, by heaven, I think my love as rare
As any she belied with false compare.



William Shakespeare

imaginação

Procuro na escuridão o centro da carne
Proponho ao meu corpo um fim feliz
Hum, regressar ao corpo
Hum, donde vim
E as mãos estremecem a pele
Derramando sumos doces
Que seria do amor sem imaginação?
Na, na, na, na...

O homem sorria de uma maneira estúpida
O homem estava estupidamente parado
Fez-me lembrar o louco da montanha
Que tinha a cabeça nas nunvens
E não queria ir a nenhum lado

O homen não tiha nada a comentar
Nem mesmo a ausência de peso nos ombros
E quando ao afastar-me olhei para trás
Pareceu-me ver um sobrevivente
No meio dos escombros

Resistes á invasão, resiste-te a ti
E subitamente és tu em chamas
Hum, a forçar o espaço
Onde eu estou nu

Até que último espasmo
Nos vem arrombar as portas
Sem o amor o que seria da imaginação?
Na, na, na, na...

E as estrelas não passam de desejos
Insatisfeitos


Jorge Palma