domingo, agosto 12, 2007

impressões de marrocos

uma praia colorida, cheia de mulheres vestidas, de crianças que correm e jogam à bola, muitos adolescentes, gente diferente e aparentemente tolerante, e de estrangeiros como nós no meio deles.

uma briga de homens à noite na medina de essaouira, o cheiro a cominhos, a luz nas casas brancas, a rebentação das ondas no forte, os lenços, roupas e tapetes à porta das lojas, as pequenas mercearias muito arrumadas, a delicadeza e atenção da equipa do hotel.

o pintor "pregado" à parede da rua onde vende os seus trabalhos, o homem de feições judias (ou espanholas, ou portuguesas, ou...), o pão comprado na rua, o cheiro de sardinhas assadas, os gatos vadios sempre prontos para receber uma festa, os mendigos profissionais e outros que têm fome, os meninos que cheiram cola.

uma noite minguante de música na praia, dançar descalça na areia, (mas livres só quando conseguimos escapar aos comentários e assédio dos homens que nos olham), dançar com duas meninas de 4 anos que falam a lingua universal da brincadeira, tolerância, dádiva.

o pão, mel, outras iguarias e o chá de menta que Ali, o pescador de Iftan, partilhou connosco em sua casa, com um pátio onde as estrelas, todas, são o ornamento da simplicidade. o sorriso de Ali, 27 anos, pai de três filhos, o sorriso de Fatima, irmã de Ali, 18 anos, filha mais nova de uma prole de 14 irmãos e irmãs. o silêncio da mulher de Ali. o silêncio das mulheres.

um camaleão chamado michael jackson na medina de marrakech, o sorriso límpido do pequeno aprendiz de vendedor de especiarias (10 anos e meio, quer dizer, onze!)

flutuar nos sons, luzes, cheiros, num movimento ondulante, à noite na praça Djema el Fna, onde tudo acontece, contadores de histórias, encantadores de serpentes, macacos amestrados, músicos, mulheres que leêm tarot, que leêm a sina, que pintam hena nas mãos e pés, pedintes, ladrões, vendedores, pessoas que comem nas barracas de rua, que passam, que estão ali porque é ali que a vida se concentra.

o sentido de humor e delicadeza da maior parte das pessoas, o tráfego louco onde vale a lei do mais forte, a modernidade das avenidas novas de marrakech, a discoteca de arquitectura cuidada, os contrastes intensos entre vários mundos e vários povos num só local.

4 comentários:

Anónimo disse...

Veia de escritora, sem dúvida!

estive há pouco tempo na Tunísia e identifico-me com o que escreveste, com a aparente solidão de um povo que contrasta com a sua simplicidade e humildade.

natalie disse...

obrigada!

Anónimo disse...

Que bom "ler-te" de regresso...:-) e que inveja dos cheiros que ainda deves guardar...
wa salam aleikum

MicasMariana disse...

Quero saber dessas aventuras...