quinta-feira, novembro 26, 2015
desvanecer
deve haver um poema sobre a desilusão
não me lembro, mas deve haver
não me lembro, mas alguém terá já dito
desta sensação de peso e tristeza vaga
não o coração partido, não é isso
o coração parte-se porque ainda espera
antes a constatação da mudança
da amizade que desvanece
já nada esperar, é o que dói
perdemos pessoas constantemente
perdemos-nos a nós
porque mudamos
mas há mudanças que custam mais
desiludem mais
já deve haver um poema sobre isto
não me lembro, deve haver
os despojos da amizade
as cinzas que ainda escondem o horizonte
que sejam cinzas e assentem
abrindo espaço para o encontro.
sexta-feira, novembro 20, 2015
domingo, novembro 15, 2015
brilha
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas. Mas brilha.
Não na distância.
Aqui no meio de nós.
Brilha.
Jorge de Sena
sexta-feira, novembro 13, 2015
segunda-feira, novembro 09, 2015
blazer azul
"Gostas de mim?"
Perguntei ao blazer azul.
Sem resposta.
O silêncio saiu ruidosamente dos seus livros.
O silêncio caiu da sua língua
e sentou-se entre nós.
e obstruiu a minha garganta.
E trucidou a minha confiança.
Despedaçou cigarros para fora da minha boca.
Trocámos palavras cegas,
e eu não chorei,
e eu não implorei,
mas a escuridão encheu os meus ouvidos,
a escuridão atacou o meu coração,
e algo que tinha sido bom,
uma espécie de oxigénio bondoso,
Transformou-se em gás de forno.
Perguntei ao blazer azul.
Sem resposta.
O silêncio saiu ruidosamente dos seus livros.
O silêncio caiu da sua língua
e sentou-se entre nós.
e obstruiu a minha garganta.
E trucidou a minha confiança.
Despedaçou cigarros para fora da minha boca.
Trocámos palavras cegas,
e eu não chorei,
e eu não implorei,
mas a escuridão encheu os meus ouvidos,
a escuridão atacou o meu coração,
e algo que tinha sido bom,
uma espécie de oxigénio bondoso,
Transformou-se em gás de forno.
"Gostas de mim?"
Que absurdo!
Que raio de pergunta é essa?
Que raio de silencio é esse?
E porque é que eu ando a rondar,
intrigada com o que é que o silêncio dele disse?
Que absurdo!
Que raio de pergunta é essa?
Que raio de silencio é esse?
E porque é que eu ando a rondar,
intrigada com o que é que o silêncio dele disse?
Anne Sexton
( tradução Maria Sousa)
( tradução Maria Sousa)
domingo, novembro 08, 2015
quinta-feira, novembro 05, 2015
respostas
ainda que todas as respostas viessem
acordar-me deste sono
continuaria sem compreender
o que nos separa
(a lua está lá, se não olharmos para ela?)
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