sexta-feira, setembro 21, 2012

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Mark Power





(este é o meu sítio. quando regressarei a casa?)

domingo, setembro 16, 2012

o beijo

eu sei que se calhar me exponho de mais aqui mas, como disse há dias, escrever é a única coisa que sobra.

estou triste, cansada, deprimida, vulnerável. 
mais do que isso, não consigo controlar, como sempre consegui.
e a todo o momento, em qualquer lugar, basta uma frase, um "estás bem?" dito por alguém mais atento, uma pequena contrariedade, um olhar sarcástico, uma atitude estúpida, para que me vá abaixo.


ontem.
um dia longo.
deviam ser 5 e tal da manhã, na discoteca com amigos. 
"estás tão séria."
"estou triste."
e a conversa trouxe inevitáveis lágrimas.
de repente, uma mulher que dançava perto de nós aproximou-se, perguntou se podia interromper a conversa.
disse qualquer coisa assim:
" há momentos em que nos apetece dar um beijo. posso dar-te um beijo?"
e deu-me um beijo terno na face.
agradeci o gesto generoso.
sorriu-me e voltou a dançar.
as lágrimas também voltaram mas eram mais felizes.

a vulnerabilidade tem destas coisas.
ficamos mais expostos e por isso mais abertos, verdadeiros, mais próximos do que somos, sem máscaras.
e muitas vezes é nestes momentos que, ao entregar-mo-nos completamente ao que sentimos, atraímos para nós o que precisamos. 
como um beijo na face dado por uma desconhecida numa discoteca.



domingo, setembro 09, 2012

o contrário


Pierre-Paul Prud'hon
The soul breaking the bonds that attach to the earth






"Resist what resists in you and become yourself."

Mahabarata



a vida vem em ondas como mar, principalmente aos sábados.

encosto-me nas almofadas, fecho os olhos, deixo-me divagar, enquanto vejo pedaços do filme Mahabarata e leio pedaços do Padre António Vieira num livro da Inês Pedrosa.

o pensamento torna-se vago, indefinido, como um sonho, e "acordo" quando me parece ver alguma coisa, algo mais à frente, um futuro enevoado.

há dias, estranhamente optimista, vi um laço, daqueles que os cowboys nos filmes atiram ao ar, a agarrar-se e agarrar-me a um futuro bom.

(resistirei mais uma vez ao pessimismo, ao fatalismo, meu e dos outros? 
conseguirei encontrar-me de novo, nos escombros, nas ruínas, nos esgotos, no lixo emocional e superar-me?)

deitada, de olhos fechados mas sem dormir, entro de novo na sonolência criadora de imagens. não sei descrever o que vejo, mas desta vez não é bom. 

estou cansada de tristeza, de desânimo, de indefinições.
estou cansada de esperar que a vida dê outra vez a volta e me coloque no início de qualquer coisa.

quero acreditar que o optimismo, a energia criadora, a alegria da acção, podem ser tão contagiantes como a tristeza e pessimismo em que estamos todos mergulhados. 
mas como?
tão perdidos que estamos não conseguimos ver que o caminho melhor é sempre no sentido contrário: substituir o egocentrismo pela generosidade, o isolamento pela abertura aos outros, ascender ao sonho quando nos empurram para baixo.

fecho os olhos outra vez, deixo o corpo leve, o coração aberto ao que vier.
e no sono-não-sono sei que preciso esvaziar-me ainda mais, para me abrir ainda mais.

e de respiração em respiração, procuro ser o vaso, que recebe e oferece, que se enche e esvazia, sem se agarrar a nada, sem esperar nada em troca.

procuro o caminho irreversível da liberdade.


sexta-feira, setembro 07, 2012

mar






(em agosto fui à praia. em fevereiro, ouvi o mar.)

sábado, setembro 01, 2012

thunderbird



Mad Girl’s Love Song


 I shut my eyes and all the world drops dead;
 I lift my lids and all is born again.
(I think I made you up inside my head.)

 The stars go waltzing out in blue and red,
And arbitrary blackness gallops in:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I dreamed that you bewitched me into bed
And sung me moon-struck, kissed me quite insane.
(I think I made you up inside my head.)

God topples from the sky, hell’s fires fade:
Exit seraphim and Satan’s men:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I fancied you’d return the way you said,
But I grow old and I forget your name.
(I think I made you up inside my head.)

 I should have loved a thunderbird instead;
At least when spring comes they roar back again.
I shut my eyes and all the world drops dead.
(I think I made you up inside my head.)

Sylvia Plath
(daqui)